Vinte e Cinco - Dr. Park

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  — Dr. Park é sua vez.

  — Finalmente.

  Pego o estetoscópio em cima da mesa e o penduro no pescoço. Ajeito o jaleco branco sob ele, mas passo os dedos pelo cabelo, os bagunçando um pouco para dar a imagem de alguém que está trabalhando duro. Agora sim. Olho brevemente no espelho que há atrás da porta e sorrio.

  — Fecha a porta quando sair... — pede meu colega, agora esparramado sobre a cama.

  — Pode deixar.

  Assim que saio da sala de descanso vou direto para a emergência, onde o Dr. Ho, meu chefe, me espera.

  — Seo Jin faz pouco tempo que você começou, tem certeza de que pode fazer isso? — pergunta ele, pela décima vez.

  — Tenho! Estudei muito para isso, por favor confie em mim!

  Ele pensa um pouco enquanto observa o movimento, ou a falta dele, então assente.

  — Bom, você tem feito um bom trabalho, acho que não terá problema.

  Sinto meu peito esquentar de emoção.

  — O senhor não vai se arrepender! — falo, me curvando em agradecimento.

  Meu primeiro plantão na emergência, finalmente começa agora.

  * * *

  Duas horas depois estou na sala do Dr. Ho, a indignação estampada por todo o rosto.

  — O que é isso? O senhor não disse que ia confiar em mim?

  Ele se recosta na cadeira, exibindo um sorrisinho.

  — Disse e foi o que eu fiz.

  Dou alguns passos e me sento em frente á sua mesa

  — Não, não fez — resmungo — Já faz duas horas que estou na emergência e só me permitiram consultar pacientes com gripe. Que tipo de confiança é essa?

  — É mesmo? — Ele ri. — Me desculpe, eu pedi as enfermeiras para te darem casos leves, mas acho que elas exageraram.

  Suspiro, não achando graça nenhuma.

  — O senhor disse outro dia que sou o melhor dentre os novos... — murmuro, um pouco emburrado.

  — E é verdade. — Ele descansa os braços sobre a mesa e cruza as mãos, num ar profissional. — Mas ser o melhor não significa que está preparado para tudo, é um processo lento.

  Assinto, porque sei que ele tem razão. Mesmo assim me levanto, incapaz de controlar minha ansiedade.

  — Entendi, mas posso cuidar de algumas faturas pelo menos? Sabe, eu vi um homem que foi atropelado e está seriamente ferido... — Lanço meu melhor sorriso, mas Dr. Ho não se abala.

  Depois, porém, ele resolve ser mais flexível.

  — Ok, vou te passar um caso de atropelamento que acabei de receber.

  Então ele estende o prontuário que está em suas mãos para mim, me deixando animado.

  — Wua sério? Muito obrigado! Do que se trata? Faturas? Queimaduras de terceiro grau?

  — Confira você mesmo, ela está em uma maca da emergência, o diagnóstico ainda precisa ser feito.

  — Vou cuidar disso — garanto, ficando sério. Deve ser grave.

  Meu chefe faz um gesto afirmativo então eu saio em disparada, finalmente me sentindo um médico de verdade.

  Quando chego na emergência vou logo perguntando para a enfermeira sobre o caso de atropelamento, então a sigo até a paciente.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora