Oito - Em casa

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  Alguns dias se passam e finalmente consigo me adaptar a rotina. Park Hyun sai cedo todos os dias e volta tarde, mesmo assim, faço o máximo para não me encontrar com ele. Seo Jin também vai cedo para o hospital e só retorna ao anoitecer. Alguém precisa lembrar à Coreia de que era da escravidão acabou. Depois de muito esforço, consegui convencer Linda a me dar tarefas mais relevantes, então não me sinto mais um poodle. Agora tenho um trabalho de verdade.

  Para a alegria de Amanda, estou estudando muito para o exame de admissão da faculdade dela, que se aproxima. Recentemente, eles abriram as inscrições para o programa de inclusão de estrangeiros residentes na Coreia, algo extremamente raro de acontecer. Não posso deixar essa oportunidade escapar.

  Mas, como sempre, querer é bem mais fácil do que conseguir.

  — Aish! — exclamo pela décima vez, jogando o livro na cama, frustrada com mais uma questão que não faz sentido. Quem diria que estudar em coreano fosse tão complicado?

  Suspiro, pego o livro novamente, leio várias vezes e nada. Então o jogo de lado e começo a caminhar pelo quarto, inquieta. Ottoke?* (O que eu faço?) De repente, o celular toca e vejo o número da minha mãe na tela.

  — Oi mãe! — falo, tentando soar animada.

  — Oi meu amor, como você está? Estou com tantas saudades!

  — Mãe, nós nos falamos ontem.

  Ela ri.

  — Eu sei que estou ligando muitas vezes Bia, mas esse é seu castigo por ter ficado quase uma semana sem me contatar!

  — Eu sei, eu sei... Você ficou preocupada, com todo o direito.

  — Que bom que reconhece.

  Enquanto conversamos, começo a sentir sede, então me levanto e saio do quarto para ir até a cozinha.

  — É tão bom poder ouvir sua voz mãe, estou com saudades — falo, descendo as escadas.

  — Eu também filhota, volte logo para mamãe, ok? E coma direito.

  Entro na cozinha e vou até a geladeira pegar uma garrafa de água.

  — Sim, pode deixar. Abraços.

  Encerro a ligação e tomo minha água. Quando estou voltando, porém, me assusto ao encontrar Park Hyun na sala, perto da entrada. Ele acabou de chegar? Enquanto ando, olho de relance para o relógio na parede e reparo que já são duas horas da manhã. Uau.

  — Espera — ele diz de repente, a voz evidentemente sonolenta.

  Paro e, apesar do receio, me viro.

  — Sim?

  — Esse moletom não é meu?

  Arregalo os olhos.

  — Na-não é de Park Seo Jin?

  — Nem pensar. As roupas dele são bem maiores.

  Sinto minhas bochechas queimarem de vergonha ao perceber que faz sentido.

  — Vou devolvê-lo assim que possível! — respondo e me apresso em subir logo as escadas para me livrar do constrangimento.

  Então ouço passos atrás de mim e olho para trás, confusa. Park Hyun normalmente esperaria eu terminar de subir para não ter que chegar perto, mas dessa vez seus olhos estão praticamente fechados enquanto se arrasta escada acima. Ele deve estar muito cansado, penso, e acelero o passo sem fazer barulho.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora