Cinquenta e Sete - O único mundo brilhante

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  Sinto o frio na barriga me consumir quando minha mãe estaciona em frente a nossa casa. Park Hyun está preste a conhecer minha casa e isso me deixa muito nervosa. 

  Assim que alcançamos a porta da frente, Hyun começa a tirar os sapatos.

  — Não precisa — falo, o impedindo. — Não fazemos isso aqui.

  Ele assente e entramos.

  — Diga a ele para ficar à vontade filha — diz minha mãe, parecendo tão nervosa quanto eu.

  Traduzo para Hyun e ele sorri.

  — Kansahamnida! — diz, se curvando para ela.

  Minha mãe contorce as sobrancelhas ainda estranhando o gesto.

  — Ele agradeceu — traduzo.

  — Ah Beatriz, só você mesmo para arranjar um namorado do outro lado do mundo.

  Acabo rindo, inocente.

  — Enfim, vou ajeitar o almoço. — Ela suspira. — Espero que ele não seja enjoado com comida.

  Engulo em seco. Hyun vai almoçar na minha casa, ainda não estou acreditando!

  Minha mãe sai da sala, nos deixando sozinhos. Respiro profundamente e quando me volto para Hyun, noto que ele olha em volta, curioso.

  — O que achou?

  — Hum... é diferente.

  Bem diferente, acrescento mentalmente. Afinal ele vive em um apartamento de luxo e minha casa só tem cinco cômodos com móveis simples.

  — Eu gostei — acrescenta Hyun, sorrindo. — Estou muito feliz por conhecer sua casa e sua mãe.

  Suas palavras fazem eu me sentir mais tranquila.

  — Quer conhecer meu quarto?

  Ele me lança um olhar hesitante, mas assente. Então seguro sua mão e o levo em direção ao corredor.

  — Estou de olho em você mocinha — escuto minha mãe lá da cozinha — Nada de porta fechada.

  — Mãe! — solto, o rosto pegando fogo.

  Meu quarto é pequeno, então só cabe a cama, o roupeiro e a mesinha do computador. Assim que entramos, porém, Hyun fica olhando ao redor todo bobo. O que será que ele está pensando?

  — Aigoo então foi aqui que você cresceu?

  — Sim, mas moramos alguns anos no interior onde minha mãe trabalhava. Faz um ano que nos mudamos de volta, por causa da universidade.

  — Entendi. O que é isso? — pergunta, apontando para a caixa de papelão ao lado do roupeiro.

  — São coisas velhas, para jogar fora.

  Ele se agacha e começa a mexer nas minhas tralhas. De repente tira um papel enrolado de dentro dela e quando o abre, se depara com a sua foto em cartaz.

  — Eu não fazia ideia que isso ainda estava ai! — falo surpresa — Pensei que tivesse jogado fora.

  — Por que você jogaria fora o amor da sua vida?

  Franzo a testa ao ouvir a última frase em português.

  — O que você disse?

  Ele sorri.

  — "Amor da minha vida." Não é assim que você se referiria a mim no YouTube?

  Hyun me observa presunçoso, então aperto os lábios enquanto faço expressão de dúvida.

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora