Trinta e Seis - Chuva? Sério?

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  Assim que estaciona o carro, Hyun olha para mim algumas vezes, inquieto, ao mesmo tempo em que bate os dedos no volante nervosamente. Ele está claramente tentando decidir o que fazer, já que acabou me trazendo junto na casa da sua namorada.

  — Não vai entrar? — pergunto, tentando esconder meu descontentamento.

  — Vou, hum... poderia esperar aqui?

  Fico indignada com a pergunta. Foi ele quem quis me trazer, não foi?

  — Você vai me deixar sozinha? E se o criminoso estiver nos seguindo? — falo, expressando um temor exagerado na voz.

  De jeito nenhum vou ficar aqui enquanto você se diverte com sua namoradinha!

  — Tem razão — responde, pensativo — É melhor vir comigo.

  Parece que colou.

  Saímos do carro e seguimos até o portão, o qual Hyun simplesmente abre, como se fosse o dono da casa. Eles são realmente íntimos. Sinto o frio na barriga aumentar à medida que atravessamos o jardim. A casa dela é enorme e muito bonita, o que me deixa mais nervosa ainda. Hyun finalmente bate na porta, que se abre dois minutos depois.

  — Hyun-ah, que bom que chegou! — diz uma senhora, dando espaço para entrarmos.

  Sigo Hyun para dentro e assim como ele, tiro meus saltos e os troco por um par de chinelos que há na entrada.

  — Quem é essa? — a senhora pergunta a Hyun, parecendo espantada pelo fato dele não estar sozinho.

  — É uma amiga, ela se chama Beatriz.

  — Annyonghasseyo — falo, me curvando. Mas ela continua me olhando intrigada.

  — Me desculpe omoni* (mãe, apelido carinhoso a quem é considerada uma mãe), houve um imprevisto e eu tive que trazê-la — explica Hyun, desconcertado.

  — Ah sim... — Ela sorri sem graça, então me cumprimenta.

  A ajumma* (senhora) é um pouco mais baixa que Hyun e exatamente da minha altura. Pela pele bonita e o cabelo longo brilhoso, não aparenta ser muito velha. Após analisá-la por alguns minutos, porém, acabo me lembrando que não é a primeira vez que a vejo.

  — No elevador do hospital! — exclamo sem pensar. Os dois me olham confusos, então continuo: — Eu a encontrei no elevador do hospital de Seul, havia até seguranças a nossa volta, lembra?

  Ela finalmente arregala os olhos, parecendo se lembrar da ocasião.

  — Era você? — pergunta, descrente.

  É ela mesma! Que coincidência! Então começo a organizar meus pensamentos para me lembrar do que houve naquele dia.

  — Sim, me lembro de encontrá-la no elevador junto a uma jovem na cadeira de rodas, mas depois vocês foram embora repentinamente. Aliás, até hoje não entendo o que aconteceu para a senhora sair daquele jeito.

  — Eu não sabia que você era amiga do Hyun, sinto muito.

    — Do que vocês estão falando? — pergunta Hyun, alternando o olhar entre mim e a ajumma sem entender nada.

  — Foi só um mal entendido — continua ela, se voltando para ele. — Eu estava com Sun Hee no elevador do hospital e me encontrei com sua amiga. Trocamos algumas palavras até que ela mencionou você e... bem, acabei a confundindo com uma fã.

  Franzo a testa, chocada. Estava com Sun Hee? Embora já faça algum tempo, faço um esforço para me lembrar da fisionomia da garota que estava na cadeira de rodas com ela. O rosto abatido e cabisbaixo dela me vem à tona, em seguida penso na namorada de Hyun: O sorriso meigo, o olhar delicado... A julgar pelas duas situações eu poderia afirmar que estamos falando de pessoas diferentes, mas quanto mais eu comparo, mais eu me apercebo de que, embora pareça impossível, estamos sim, falando da mesma pessoa!

Cartão Platino - Uma História Que É Um Verdadeiro DoramaOnde histórias criam vida. Descubra agora