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- Parece que ela ainda não aprendeu, chefe. - Um dos soldados puxa a corrente em meu pescoço.

- É claro que não, os de sua raça nunca aprenderam a serem educados. Enfim, se divirtam, parece que o mago quer testar novos feitiços e não esqueçam. - Sorri com maldade. - Mantenham esse rostinho virado para mim. 

Os guardas me cercam, dois tomam meus braços e os puxam, tento resistir, meus joelhos são chutados e acabo caindo em frente ao trono. Um deles tranca uma coleira em meu pescoço para me dominar e me fazer encarar o sorriso cínico do homem que se intitula rei dos castelos em ruínas.Tento puxar meus braços, mas eles me prendem com algemas presas nas paredes, minhas cicatrizes foram expostas.

Todos os dias meus braços e coxas são cortados para que eu sangre em seus copos e baldes para que se deleitem com ele. Existe uma lenda, que é verdadeira, que o sangue dos altos feéricos são puros e podem curar e fortalecer quem os ingere. Mas isso, para nós, é blasfêmia. Matar o próximo para que sobrevivamos é um insulto contra a Mãe. Ela nos criou para sermos ajudantes dos vivos e não para sermos drenados pelos vivos. Para os humanos, o sangue de um feérico é como uma droga viciante.

Um dos guardas pega o punhal e abre um corte longo no meu braço,coloca taças de ferro embaixo e quando cheias, distribui para os outros,pega uma taça de cristal e corta o outro braço, enche a taça e entrega para o mercenário.

Vê-los se embebedar com meu sangue é nauseante e viciante, é repulsivo e não importa quanto tempo passe, não sei como eles conseguem gostar e se divertir com isso. Começo a ficar cansada, mal consigo manter os olhos abertos e meu corpo começa a pesar. Então, deixei que minha consciência me levasse para algum lugar que não fosse esse pesadelo.

Cada segundo que passa, meu olhar vaga pelas paredes e cada vez mais, tenho certeza de que estão se aproximando de mim, me trancando, me fechando, me matando. O ar, já não consegue ser puxado por mim, meu peito pesa a cada respiração. As correntes que me prendem são unidas e caso eu tente, minhas pernas pagam o preço. A dor já se tornou minha companheira e seu colo já é carinhoso, a dor é reconfortante e familiar, aos poucos comecei a perder a sensibilidade, não sinto mais as pernas, o quadril e os braços.

Meu estômago já deixou de roncar, implorando por comida ou qualquer alimento que pudesse me dar forças para escapar, a dor das correntes que marcam meus pulsos e tornozelos, o sangue que espalha pelas pedras, tudo isso dói, mas nada se compara a dor que percorre meu corpo quando meu estômago ronca pedindo por comida ou água.

Por mais que eu chore, por mais que eu implore,ninguém virá ao meu encontro; as lágrimas salgadas que molhavam meus lábios, há muito conseguiam enganar o estômago, mas agora é apenas uma lembrança dolorosa das águas cristalinas das fontes de Hallari. Porque eu ainda insisto em achar um motivo para continuar lutando? Porque eu apenas não desisto? Eu não aguento mais.

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Estou tentando respirar, tentando me manter viva, tentando me manter sã, meu corpo já está suspenso por tempo demais, mal consigo respirar, meus pés estão longe demais do chão, o teto está longe demais das minhas mãos. Minha tortura para quando sou pega pelo guarda que desamarra as cordas e caio, eu sei que posso resistir mesmo estando zonza, tento correr para a luz, meu cabelo é puxado para trás e caio com brutalidade, sou amarrada e vendada, o punho se chocou contra meu rosto e me cambaleia, sou levada pelos cabelos até um salão festivo, gritos de mulheres e risadas de homens me enojam. É uma festa.

- Chefe, a prisioneira.

- Olá princesa.

Siddik, o alvo da minha ira e maldição, me cumprimenta bêbado e com as calças arriadas, e guia meu olhar até onde as mulheres estão sendo violentadas brutalmente, humilhadas por homens sem honra e sem escrúpulos. Estava centrada nas mulheres, nas suas dores para usá-la como força para tentar me libertar e vingá-las. Essa concentração não me deixa sentir quando minhas roupas são rasgadas, expondo meus seios e virilha, estão me expondo como um animal capturado.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora