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Continuo falando as palavras que estão no círculo, ele fica maior e o ar fica quente, como se eu estivesse próxima a um incêndio. As folhas das árvores começam a se mover rapidamente e sinto que o vento agora está girando ao meu redor, minha garganta fica seca, minha boca pesa e sinto como se as palavras estivesse grudadas na minha garganta e se recusando a sair, forço-as sair e preciso aumentar o tom.

O rabo de cavalo que sempre faço é desfeito e meus cabelos começa a se agitar. As palavras pesam mais e aumento ainda mais minha voz, as palavras do círculo estão se multiplicando, eu não sei o que está acontecendo, mas eu não posso parar de falar, sinto que estou quase lá!

- O que está fazendo? – Mickael me pergunta assustado. – O que está acontecendo?

Meu corpo começa a ser comprimido e sinto minha boca ficar úmida, continuo falando, parece que tem algo saindo do meu nariz e o ignoro. As letras da runa estão ficando menores e está ficando difícil ler, me esforço para terminar e quando as palavras acabam, sinto como se meu corpo tivesse libertado uma quantidade de ar exagerada. Acabo ficando tonta e minha visão fica escura, minhas pernas estão sem forças.

- Opa! – Mickael segura meus braços e me ajuda a ficar sentada. – Peguei você.

Meus dedos estão pesados, mas me esforço para abrir. O pequeno pássaro... agora está vivo.

- Pron...to.

Falo e acabo tossindo contra o seu peito, meu nariz começa a escorrer. Já faz algum tempo que eu não engulo meu sangue ou sinto o cheiro dele.

- Pela Mãe! – Exclama preocupado. – Você é alto feérica!

Tusso outra vez.

- Ai Mãe! Espera, calma. – Ele me ajeita no seu corpo, para que eu possa ficar sentada. – Toma isso. – Me mostra um frasco pequeno com um líquido verde. – Você me viu fazer, é uma poção de cura. Não é tão forte porque eu não sou mágico, mas é uma cura. Pode te ajudar!

Sua expressão preocupada me deixa... não sei dizer ou expressar como me deixa. Essa preocupação, eu só a vi nos olhos de Hércules, ele se importa comigo. Mas porquê? Eu sou uma estranha para ele.

- Por favor, beba.

Eu sou uma tola por fazer isso. Ele é um desconhecido para mim, ele é estranho, eu não o conheço, eu não confio nele, mas... ele se preocupa comigo e isso... é bom, não é? Não se ajuda alguém se não se preocupar com ela.

Acabo bebendo o amargo do frasco. Tem um leve gosto de hortelã e ervas, mas o que mais me chama a atenção, é a hortelã. O amargo fica na minha boca e no final da garganta. O peso começa a diminuir, mas se transforma em dor, paro de tossir sangue, consigo me sentar e limpo o sangue do nariz.

- Está melhor? – Me pergunta preocupado.

- Um pouco. – Falo baixo e tusso para coçar a garganta. – Onde você o encontrou?

- Espera! – Fica preocupado. – Espera, você fez uma magia grande e está sangrando, o passarinho pode esperar!

- Eu. – Falo e engulo em seco. Meu corpo está doendo muito. – Tá...

Ele me deixa ficar apoiada na sua perna para recuperar o fôlego, ele pega o passarinho e o deixa enrolado em um ninho improvisado de tecido da sua camisa. Ele está encantado com o passarinho e está sorrindo para mim.

- De nada. – Falo e seus olhos brilham.

- Você... é uma alto feérica. – Fala com entusiasmo e animação. – Você é linda!

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora