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- Porque eu deveria lhe dizer? - Jogou um charme.

- Porque se quiser uma transa longa e bem feita, irá me chamar.

Ela sorriu, ele é bom com as palavras, se eu não tivesse escutando eu provavelmente cairia em seu encanto.

- Me apresentarei no quartel, nos últimos andares são os alojamentos, o meu será um dos últimos.

- Vai se apresentar? Então ninguém a conhece?

- Não. Meu nome é conhecido apenas por Darren, nós trocamos cartas.

- Ele não sabe como é você?

- Não.

- Quem está perdendo é ele. - Beijou seu pescoço, e acariciou seus cabelos. - Ele está esperando por você?

- Está fazendo perguntas demais.

- Desculpe, apenas gosto de estar preparado para qualquer imprevisto.

- Imprevisto? - Ela o encara.

- Sim, posso ser preso, e gostaria de não morrer tentando transar. - Ironizou.

- Claro. - Um leve sorriso. - Nos vemos em Porto Distante.

Ela se virou, me preparei, eu preciso que ela fique embaixo de mim para não fazer muita sujeira.

Acontece que... não foi como planejei.

A terra em seus pés subiu e a prendeu, aquele homem era um elemental. Impedindo-a de se mover, caminhou lentamente até ela, suspirando, entediado.

- Você... O QUE É ISSO? - Gritou. - Você ousa atacar um soldado do rei?

- Você é escandalosa.

Como se fizesse isso milhares de vezes, uma foice se formou na palma da mão, e, quando formada por completa tem sua altura. Esse homem... é um elemental! E ele, sem aviso prévio, sem indício nenhum, ele a decapitou.

- Você fala alto demais. - Ele olhou em minha direção e sorriu enquanto lambia o sangue da lâmina. - Agora, onde você e eu estávamos?

Porra!

Eu corri.

Eu posso sentir sua vontade de me matar, sua satisfação ao me caçar. Eu tenho que correr! Eu tenho que sair daqui. Ouvi o relinchar agitado de Aaron, ele não está muito longe. Em um ato de desespero olhei para trás para ver se ele ainda estava me seguindo, ele está e é rápido. Rápido demais! Vi uma oportunidade no meio de duas árvores e as usei para poder mudar de direção, ele passou direito.

Relaxei.

Meu pior erro.

Hércules me treinou muito bem e se não fosse por ele eu teria perdido minha cabeça. O brilho da lâmina passou por cima dos meus olhos cortando alguns fios rebeldes da minha cabeça, os ossos da minha coluna estalaram pela dobra brusca. Fiquei em posição de batalha e encarei meu assassino, ele é alguém comum exceto pelo olhar vibrante amarelo. É... apavorante.

Me concentrei em sentir as batidas dos cascos de Aaron, ele está perto. Esperei alguns segundos antes de atacar aquele desconhecido e segurar Aaron pela crina e pular para suas costas. Aaron é o cavalo mais rápido que já existiu, mas esse homem está alcançando Aaron. O arrepio percorrendo a coluna me avisa claramente que se eu não sair daqui, eu vou morrer.

Usei o arco que Nyra colocou na bolsa que Aaron carrega, é difícil mirar quando se está em cima de um cavalo em disparada. As duas primeiras flechas foram rebatidas, Aaron relinchou e tenho a impressão de que estamos perto da saída da floresta, talvez e apenas talvez a gente consiga sair vivos dessa. Atirei outras duas flechas e uma delas voltou e acertou meu rosto. Aaron relinchou e me deitei em seu corpo, ele pulou um tronco.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora