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Está na hora de começar de parar de ficar pesando em seus ombros. Eu não posso depender de Hércules para sempre e eu não posso ver mais alguém morrer por minha culpa. Eu tenho que aprender a lutar, a defender aqueles que não podem e não tem a força para isso, eu tenho que ser alguém que os outros possam se apoiar, eu tenho que salvar o máximo de pessoas que eu conseguir, se não, para que Hércules me salvou? Porque ele me salvou? Por uma dívida para com meus pais? Por amor pela minha mãe? Eu não posso continuar sugando sua energia assim, eu não posso ser fraca para sempre. Eu não posso... decepcionar aqueles que... morreram por mim.

Interrompi seu treino, vendo seu suor escorrer pelo seu corpo definido, os músculos trabalhados em sincronia e fortificados, sem deixar nenhum deles para trás. Seus cabelos azuis estão presos em um rabo alto e alguns fios estão colados pelo suor. Hércules se vira e me analisou de cima a baixo procurando algum sinal de dor ou insônia. Eu não sou tola para não saber que ele está colocando soníferos na minha comida para evitar que eu acorde com os pesadelos ou gritando. Apavorada pela ideia de estar naquele lugar outra vez.

Enquanto minhas olheiras desaparecem, as dele aparecem. Isso tem que acabar. Eu preciso parar de esgotá-lo, de roubar sua força, eu tenho que dar um descanso a ele. Mesmo que os feéricos não precisem dormir, já que entramos em transe e descansamos a mente, o corpo físico ainda precisa retomar as forças.

- Como você está?

- Estou bem.

Cresce um silêncio constrangedor da minha parte, então brinco com as mãos pensando no que vou perguntar primeiro, passo a mão pelo cabelo e vejo os fios se soltarem conforme vou passando os dedos. Meu corpo pulsa de acordo com as batidas nervosas e estou começando a suar.

- Eu posso... te pedir uma coisa?

- Você tem a mesma mania da sua mãe, ela ficava assim quando queria me perguntar alguma coisa.

Paro de brincar com as mãos e começo a procurar um jeito para pedir o que preciso a ele.

- O que quer me pedir?

Engulo em seco antes de pedir.

- Me ensine a lutar.

Ele fica surpreso com o meu pedido e pensou um pouco, assim como eu, Hércules também tem uma mania quando ficanervoso, olha para o chão, coça a nuca e em seguida olha para mim. Então me atento aos seus detalhes, olhos azuis que imitam o brilho do martempestuoso e que me encaram por um longo tempo, seus braços musculosos ficamtensos. Para poder lutar com uma arma exótica como correntes, que sempre estãoenroladas em seu braço como uma cobra esperando para dar o bote, a magia asprendem para que Hércules não tenha problema para lutar com elas, magias assim requerum alto custo de força e determinação e Hércules é a... pessoa mais forte queeu conheço.

Meu tio, sem laços sanguíneos, tem a beleza de um alto feérico, mas apesar da sua beleza, ele é um guerreiro, e guerreiros como ele nunca tem tempo para algo como o amor. Mas confesso que nunca vi outro feérico mais amoroso e paciente como ele.

Em casa, Hércules sempre foi alvo de fofocas e murmúriosna alta sociedade, já que sua situação é peculiar e única. Desde o início dostempos, existe uma espécie de lenda que atinge aqueles mais próximos a magia daMãe, os altos feéricos são destinados a um par eterno, um laço de parceria, umsentimento que persiste durante toda sua quase imortal vida. E para Hércules, odestino reservou uma piada de muito mal gosto.

Meu pai e minha mãe tiveram um laço de parceria e Hércules... tinha um laço parcial com a minha mãe. Meus pais sempre souberam e ainda assim, meu pai escolheu confiar em Hércules e essa confiança o tornou seu braço direito. Minha mãe sempre admirava os dois juntos. E agora que ela se foi, me pergunto o quão doloroso está sendo para ele.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora