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- Não, você não está! Você mal consegue controlar suas emoções! - Lucas suspirou e veio até mim. - Olha, eu posso ser ríspido com você e até deselegante, mas tudo o que eu faço é pelo seu bem. - Ele acariciou meu rosto e me afastei. - Você pode não acreditar, mas eu estou te protegendo.

- Me protegendo? - Perguntei irritada. - Me protegendo de que? Legolas é o único que pode me dar as respostas que eu quero.

Eu consigo sentir meu poder fervendo dentro de mim, se espalhando pelo meu sangue. A raiva que estou sentindo por Lucas não me compreender e não entender.

- Ele é meu sangue e sabe porque tudo isso aconteceu! Eu fiquei órfã, perdi meus dois irmãos e um deles eu nem cheguei a conhecer, ela estava sendo gerada quando a tiraram de mim! Não ouse me dizer que está me protegendo, porque eu NÃO preciso de proteção e se você não quiser me ajudar, tudo bem.

A raiva que estou sentindo, eu consigo senti-la se acumulando nas minhas mãos, a fiz se acumular na outra mão e a vi brilhar em vermelho, eu quebrei a coleira do Renan quando eu não sabia usar meu poder, agora eu sei.

- Eu mesma me ajudo.

Puxei a corrente do meu pescoço.

- O que? - Lucas ficou surpreso.

- Eu demorei, mas eu percebi porque você me manteve ao seu lado. - Fui até o Ivan e quebrei a dele também. - Porque eu sou uma feérica escolhida pela própria Mãe para carregar seu poder. - Me incendiei e voltei ao normal. - Você quer esse poder!

- Você vai sair daqui e o que? Você vai lutar pelo que? Pelas pessoas que ama? Eu te dei um propósito!

- Quem eu amo já não está mais aqui! Quem eu poderia ter amado não teve nem a chance de vim! Eu vou lutar pela memória deles!

- Linda?

Mickael apareceu no corredor, recuei meu calor corporal e o deixei se aproximar.

- Linda, o que está acontecendo?

- Eu vou embora. - Eu falei simplesmente e Lucas cerrou os olhos. - E ninguém vai me impedir!

- Se você quiser ir e se matar, vai! - Lucas está frustrado. - Mas se você ficar, você vai aprender a controlar seu poder e vai ficar mais forte do que qualquer criatura que existe na face da terra!

- Você quer esse poder Lucas, não tente negar.

- Não estou negando, nem concordando. Eu quero ajudar você, mas parece que você prefere se matar pela emoção do que escutar a razão!

- Não tem RAZÃO quando se trata da minha família! Eu vou para Porto Distante e se você tentar me parar, elemental do ar. - Meus punhos entraram em combustão. - Eu vou matar você!

- Linda! - Mickael me chamou preocupado. - Por favor, para!

Diminui a temperatura.

- O que ele está dizendo é verdade? Você pode morrer se for para Porto Distante?

- Ela pode e vai morrer se for despreparada e movida pela emoção.

- Linda, você não pode ir.

- Eu não posso? - Perguntei entredentes. - Mickael, eu gosto de você, mas existe um limite que se você ultrapassar o resultado não será agradável!

- Linda, por favor, pare e pense! Você pode ficar e se tornar mais forte e depois pode ir para onde quiser!

Micka está dizendo a verdade. Lucas suspirou e chamou Ivan para nos deixar sozinhos.

- Você não conhece meu destino, humano. Não pense que pode me dizer o que fazer ou deixar de fazer, principalmente quando se trata da minha família. - Eu disse na minha língua materna sabendo que ninguém iria entender. 

- Linda, o que você disse?

- Eu disse que estou te dando uma escolha: Venha comigo ou fique.

- Linda... - Mickael suspirou. - O que você vai perder se for? Nós estamos bem aqui, podemos ficar melhor, mas você tem que ficar para isso. Se acontecer alguma coisa com você, você pode imaginar o que eu vou passar? O quão culpado eu vou me sentir?

- Você não decide por mim Micka e não se culpe por mim. - Me aproximei e limpei a sujeira do seu rosto. - Eu vivi para isso Micka, eu gosto de você e tenho real apreço por você, mas não importa o quanto eu goste.

- Você vai do mesmo jeito. - Ele disse baixo e tocou meu rosto. - O que eu te disse ontem a noite não foi suficiente, nem mesmo para considerar ficar?

- Você não estava dormindo?

- Eu estava acordado o suficiente para dizer para a mulher que eu amo, que eu a amo.

- Mickael...

- É, você não me respondeu, não vou dizer que não fiquei chateado quando você não disse o mesmo, mas é o que eu sinto por você e se eu tiver que ir atrás de você para poder te provar. - Ele ajeitou a bolsa. - Eu vou com você.

Suspirei.

- Meu pai me disse uma vez que quando um homem aceita caminhar para a morte com uma mulher, significa que ele a ama, e quando uma mulher não impede um homem de ir até a morte por ela, ela também o ama. - Fiz um carinho leve em sua bochecha e segurei seu pescoço, eu senti quando Renan fez isso comigo. Meu peito se aperta em pensar em fazer isso com ele. - Mas... eu não posso perder você.

O desmaiei, seu rosto perturbado me deixou chateada.

- Eu sei que eu vou amar você, porque você cuida de mim do seu jeito. - Beijei sua bochecha e deixei a lágrima escorrer. - Mas eu não posso perder você Micka, não posso. Eu sinto muito.

Deixei uma mensagem dizendo que se eu estivesse viva, eu estaria nas terras de areia. Peguei minhas coisas e sai do esconderijo, fui pegar Aaron, ele está dormindo.

- Demorou hein. - Ivan disse aparecendo.

- O que está fazendo aqui? - Acordei Aaron e o preparei.

- Eu vou com você.

- Não vai. - Montei em Aaron.

- Você não pode me impedir de ir assim como eu não posso impedir você de ir.

- Ivan, eu tenho que resolver esse problema sozinha.

- Eu disse que iria interferir? - Me perguntou com seriedade. - Eu vou com você.

- Por que está fazendo isso? Nós nem nos conhecemos e você tem trabalho a fazer aqui.

- Você se engana quando diz que não nos conhecemos, você só não lembra disso, e também. - Ele se alongou e ajeitou suas coisas e se preparou para correr. - Você é minha amiga, faria o mesmo por mim.

Então disparou. Acariciei o pro de Aaron que ficou agitado pelo desafio de Ivan e só estava esperando meu comando para disparar.

- Você está certo, eu faria.

Aaron disparou atrás de Ivan e não demorou para alcançar o meu amigo insistente que nos olhou de canto e sorriu me fazendo sorrir também.

Cavalgar até chegar em Khali demorou mais do que eu esperei e durante o caminho Ivan tentava puxar assunto comigo.

- Então... você desmaiou seu namorado?

- Ele não é meu namorado.

- Ele é sim, você que não gosta de colocar nome nas coisas. - Deu de ombros e cutucou a fogueira. - Mas é sério, porque não deixou ele vir?

Quando eu não respondi, Ivan entendeu a situação.

- Você não planeja voltar. - Ele disse. - Porque?

- Ivan, olha... - Suspirei tentando não chorar só de pensar neles. - Eu perdi minha mãe e meu pai, meu irmão mais novo e minha irmã que nem teve a chance de nascer. - Foi inevitável chorar. - Eu perdi meu reino, eu perdi minha dignidade, minhas escolhas e quando eu achei que eu poderia ter alguma coisa, eu matei.

- Você diz sobre o Hércules? - Perguntou.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora