- Princesa, eu não tenho tempo para brincadeiras. Se você quiser sair viva daqui você precisa me dizer a verdade!
- Eu estou! Porque não acredita em mim? - Perguntei frustrada.
- Porque você sabe. Toda a linhagem real de Hallari sabe. Então por favor princesa, não me faça tirar isso de você.
- Gamas, eu juro pelo nome da Mãe, eu não sei que chave é essa!
- Princesa, por favor! - Ele suspirou frustrado. - Por favor princesa, eu estou implorando, eu não quero ter que fazer isso!
- Gamas, você tem que acreditar em mim! - Eu disse praticamente implorando. - Por favor, eu não sei que chave é essa!
- Acabou o tempo Gamas! - Akxi entrou. - Eu disse que ela não falaria. Agora é a minha vez.
Meu corpo arrepiou e percebi que Akxi vai fazer coisas comigo que eu não vou querer saber o que é nem nos meus piores pesadelos.
- Gamas, Gamas por favor! - Falei e Akxi me levantou, me puxando para fora. - Gamas! Por favor!
- Vamos passar um bom tempo juntos princesa.
- GAMAS!
Me levaram a força para um lugar afastado, Gamas não estava contente e pode-se ver em sua expressão. Implorei para que me ajudasse e eu posso ver o conflito em seu rosto, me puxaram para uma sala subterrânea, prenderam minhas mãos e me deixaram suspensa.
- Gamas, por favor. - Falei olhando para ele.
- Quieta. - Akxi socou meu estômago. - Gamas não pode te ajudar agora. Tragam ele.
Um ser psíquico chegou, seus olhos estão vendados e seus cabelos são escuros e as pontas claras. Ele não é muito velho, mas seu poder é antigo, eu consigo sentir.
- Eu vou tirar o que eu quero de você primeiro, e depois vamos nos divertir.
- Gamas, por favor, acredita em mim! - Eu posso ver que ele acredita em mim e quer fazer alguma coisa. - Por favor, você saberia se eu estivesse mentindo, você me viu crescer, Gamas por favor, acredita em mim!
Senti um martelar na minha cabeça, e isso vibrou pelo meu corpo, dói. Meus gritos perfuraram a mente de Gamas e ele ficou agitado, ao olhar para mim, ele trincou o maxilar.
- Eu não concordei com isso Akxi!
- Ninguém se importa se você concorda ou não, nossa missão é saber a localização da chave, se você não aguenta uma tortura psicológica, a porta é a serventia da casa.
- Gamas... por favor!
Quando a dor veio novamente eu gritei e ele saiu. É como se minha mente estivesse sendo feita em pedaços, como uma adaga afiada atravessando meu cérebro fazendo uma dor insuportável percorrer meu corpo, a pressão que sinto na cabeça é intensa o suficiente para fazer com que pareça que vai explodir.
Essas tentativas são intermináveis, eu posso sentir o mago corroendo minhas defesas mentais, posso sentir suas garras tentando abrir as paredes que criei. No amanhecer suas investidas ficaram mais fortes e mais intensas.
Eu estou tentando me concentrar para manter a parede mental intacta, mas a dor é avassaladora. Tentar manter a parede é um esforço mental esgotante, essa tortura psíquica é implacável e não vai desistir até conseguir o que quer, mas eu não tenho o que eles querem!
A cada segundo que se passa o sentimento de que eu estou sendo invadida e exposta apenas aumenta em cada nível do meu ser e não importa o quanto eu tente manter minha concentração, cada segundo que se passa eu sinto minha vontade diminuir, minha resistência ser testada e dilacerada. Cada segundo de dor é um grito silencioso que ecoa em minha mente e arrebenta cada corrente de proteção mental que tenho.
Eu não posso ceder. Eu não posso deixar que esse mago invada minha mente e descubra meus segredos. Cada pulsar de dor só me dá vontade de resistir e lutar para proteger minha cabeça. Hércules passou anos me ensinando a criar essa parede, eu já o decepcionei em muitas coisas, eu não posso decepcioná-lo nisso também.
Apesar do sofrimento e da vontade de ceder que tenta me dominar, eu me recuso a desistir. Eu me recuso a deixar com que esse mago ganhe essa batalha, eu me recuso a deixar que esse mago de baixo escalão invada minha mente e se ele quiser lutar contra mim, eu não vou ficar parada, eu vou proteger minha cabeça o máximo que eu puder até meu último suspiro se for preciso.
Antes que eu pudesse tomar a decisão de revidar ou de tentar, uma dor física cruciante passou nas minhas costas. Uma. Duas. Três chicotadas nas costas. Minha concentração está cedendo, eu estou cedendo. Eu não sei se vou conseguir aguentar até o segundo amanhecer. Por sorte eu não precisei, a força que o mago está fazendo para tentar me invadir é exaustiva, para nós dois.
Eu estou cansada, fisicamente e mentalmente. Mal consigo manter os olhos abertos, mal consigo respirar sem parecer uma desesperada ou uma afogada, a coleira bloqueia a energia e a dor nas minhas costas me faz querer desistir. Isso é pior do que os uivantes fizeram comigo. Eu não sei se consigo mais diferenciar a realidade e a realidade criada para fugir da dor, eu posso descansar enquanto ele não volta. Fechei os olhos.
Ouvi alguém chegando, eu não tenho forças para resistir, eu não tenho mais nada a fazer. Eu estou cansada demais para tentar lutar. Eu não tenho mais forças nas pernas, eu não tenho forças para nada.
- Olá princesa.
- Akxi. - Eu resmunguei. - Você veio acabar o que começou?
- Talvez. - Ele me rondou e ficou atrás de mim. Ouvi um estalar. - Eu descobri que te chicotear é mais prazeroso do que eu imaginei que poderia.
Um. Dois. Três. Quatro. Cinco.
Eu parei de contar e tentei aguentar a dor, meus pulsos estão doendo e eu não aguento mais me sustentar. Akxi parou de me chicotear e prestou atenção nos barulhos que vem do lado de fora, ouvi gritos e um espirro de sangue me assustou. Alguém está com raiva. Duas sombras apareceram na porta, eu sei que eu estou com dor e praticamente desistindo, mas eu juro por tudo que esses dois homens rosnaram.
Um deles atacou Akxi e com um soco o jogou contra a parede ao ponto de rachar, o desconhecido não fez apenas isso, ele puxou Akxi pelas pernas e começou a socar seu rosto. O outro veio até mim, ele chegou próximo a mim, ele puxou e arrancou as correntes da parede. Eu praticamente caí em seu corpo.
Ele pegou as algemas e as arrebentou do meu pulso. Tentou me ajudar a levantar, mas a dor é insuportável e eu não consegui. Ele viu minha situação e senti seu rosnado vindo do peito e ouvi um barulho de algo sendo esmagado, o outro arrebentou a cabeça de Akxi com murros!
- Eu já disse... eu não sei onde está a chave.
- Que se foda a porra da chave caralho!
Eu me surpreendi, eu nunca ouvi um palavreado com tantas palavras sujas em uma só frase.
- Eu vou estripar cada um deles!
Ele disse essas palavras com tamanha raiva e ódio que me assustei, eu posso sentir sua ira emanando do seu peito.
- Eles machucaram você! Caralho, eu vou torturar cada um deles!
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O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)
FantasyPolly Erlathan, uma herdeira feérica, nunca chegou a ser coroada como princesa. Após ter seu trono usurpado e sua família assassinada, ela viveu décadas em uma fuga fracassada, carregando as marcas do passado. Convencida de que sua vingança e o reto...