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Eu vou para os meus aposentos refletindo sobre o que eu acabei de fazer. Eu... sei que eu explodi lá atrás, mas o que aconteceu? Eu acabei de bater em um draconato e venci. Esse é o poder que a Mãe me deu? Esse é o poder que tenho? Esse é o poder que vou usar para trazer justiça aos meus pais.

Por um momento eu pensei neles, duas figuras feitas com o próprio fogo apareceram, é meu pai e minha mãe. Meu pai me acariciou no rosto e minha mãe, por mais que sua silhueta seja o próprio fogo, eu a vi sorrir gentilmente. Eu apenas pensei neles e isso aconteceu. O quão forte eu sou agora? Mãe... o quão forte você me fez?

Se eu aceitar isso, se eu aceitar esse poder... Hércules vai ficar orgulhoso de mim? Ele vai ficar feliz em saber que eu aceitei ser uma elemental? Um humano elemental tem um limite para usar seu poder, mas eu sou um feérico, um ser quase imortal, meus limites... eu quase não tenho.

Lucas, Ivan e eu fomos para Jaskan, mas não ficamos na cidade, fomos para um lugar distante com um açoites jovens, embaixo da cama de folhas tem um alçapão. Lucas abriu e entramos, é um corredor longo e no final dele há um enorme salão que tem vista completa de Jaskan, a barreira invisível que Lucas colocou no esconderijo não deixa que ninguém veja o que acontece dentro da montanha, ao contrário de nós que conseguimos ver tudo o que está em baixo.

O salão é uma sala de preparativos para missões, em casa tinha uma dessa e Hércules e meu pai não me deixavam entrar, mas Ailin me deixava entrar e ver o que acontecia em Hallari. O meio do salão é ocupado por uma enorme mesa com cartazes de procurados e um mapa móvel feio de magia. Lucas estava fazendo um chá e me ofereceu.

- Senhor, encontramos um seguidor.

- Um seguidor? - Perguntei confusa.

- Alguém que segue um determinado tipo de pessoa, normalmente um seguidor é alguém mandado para coletar informações de certa pessoa ou lugar para agir de maneira cautelosa.

- Um espião?

- Não. Um espião trabalha para alguém, um seguidor é.

- É um perseguidor todo 'trapaido das ideias. - Ivan disse degustando o chá.

- Porque não fala perseguidor então?

- Seguidor é mais bonito. - Ivan disse. - E seres humanos inventam nome pra qualquer coisa.

- Quem é? - Lucas perguntou.

- Acho melhor o senhor dar uma olhada.

Lucas foi para baixo, Ivan me lançou um olhar que reconheci, é o olhar de um curioso perguntando se eu também quer ir.

- Vocês dois são incríveis lutadores, mas quando se trata de furtividade, nenhum dos dois consegue ser sutil! - Lucas disse suspirando.

Fomos até um corredor mais estreito e sem muita luz, quando percebi para onde estávamos indo. O ar começou a faltar e notei um leve tremor nas minhas mãos.

"Porque você ainda tem medo? Você não sabe o quão poderosa você é? O quão poderosa eu sou?"

Espelho. O que está fazendo?

"Parece que não são só os humanos que gostam de dar nomes às coisas."

Suspirei. Eu vou repetir a pergunta, o que está fazendo?

"Você está com medo. Eu estou aqui para te lembrar que não precisa. Veja seu poder, pense na luz e aquilo que pode te proteger daqueles que querem te pegar."

Com suas palavras eu acabei pensando e uma criatura apareceu, uma criatura feita pelo próprio fogo, um animal sem nome, a única coisa que pode se referir a essa coisa é simplesmente: besta.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora