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- Eu já disse não! - Vociferei com ele. - Eu não vou pagar esse preço e não vou te fazer pagar por mim! - Terminei dizendo na nossa língua.

- Não é sua decisão.

Ele me respondeu em língua comum.

Nyra chegou e sua presença me enfureceu, eu me acostumei com sua presença, com o que ela faz com Hércules, mas isso não significa que ela tem o direito de ouvir nossa conversa. E eu acabei falando as palavras na nossa língua materna.

- Essa conversa é particular! Você não tem o direito de estar aqui, ouvindo como uma invasora curiosa. Desapareça daqui!

- Lótus se acalme. - Hércules me disse.

- Você a está defendendo? Ela não é da família e você a defende como se fosse! - Falei frustrada com sua atitude. - Eu a suportei porque ela te faz bem tio, mas não pense que vou aceitar essa estranha como alguém de confiança!

- Lótus, você está distorcendo a situação. - Me disse na defensiva.

- Distorcendo a situação? Você a está defendendo como se fosse alguém que merece ouvir nossas conversas!

Falei ficando ainda mais frustrada, sentindo meu corpo vibrar com minha irritação, sentindo alguma coisa fervilhar no meu interior.

- Você ficou tão arisco quando Mickael entrou para minha vida que não percebeu que Nyra também é uma estranha! Não sabemos seu passado, suas intenções, o que sabemos dela é o mesmo que sabemos sobre o Micka, ele tem sentimentos por mim e ela também se sente assim quando se trata de você.

- Lótus.

O interrompi.

- Você fica tão desatento com a presença dela, como se ela fosse alguém importante para você! Como se ela importasse mais do que se importa comigo!

- Não crie situações que não existem por ciúmes!

Ele me disse na nossa língua.

Nyra se aproximou e a encarei irritada. Hércules se colocou na minha frente.

- Gente?

A fúria que senti por sua ação é indescritível. Eu sei que senti o vazio pela Mãe, mas também senti uma pequena, quase inexistente brasa de magia e se minha raiva a fez aparecer, eu não me importo de continuar sentindo raiva dela, dele, de qualquer um que acha que eu não sou o suficiente!

- Ciúmes? Ciúmes de que? Do jeito que ela olha para você? Que ela toca você? Que ela respira perto de você? Você não é tolo para dizer que não percebeu! Você está deixando ela se aproximar de você para tentar esquecer a minha mãe!

- NUNCA! - Gritou irritado pelas minhas palavras e voltamos a falar a língua comum. - Nunca ouse dizer isso novamente Lótus! Nunca duvide da minha lealdade pela sua mãe!

- Não é o que parece! Porque você está deixando e eu estou vendo! Quer me dizer que eu não consigo recuperar minha magia, eu aceito, quer me dizer que eu estou indo para uma família que não conheço, tudo bem, eu aceito! Mas se você me disser que não está se ap-

Hércules veio para cima de mim rápido, segurou no meu rosto com força e me fez ficar quieta.

- Lótus, nunca mais ouse dizer que eu esqueci sua mãe! - Ele falou entredentes com uma fúria inigualável. - Ela é e continua sendo tudo para mim! Eu vou amá-la até na sua morte e se você dizer o contrário Lótus... - Ele me soltou. - Eu não sei o que vou fazer com você.

Hércules saiu e assim que olhei para Nyra, ela tentou tocar nele, ele a impediu e se afastou. Essa fúria em mim, essa agitação que tenho quando ela chega perto dele, fez a brasa se acender e se tornar uma chama. Eu sinto que... pela raiva, minha magia voltou.

- HÉRCULES! - Gritei por ele. Meu tio parou e olhou para mim. - Eu disse que acharia outro jeito.

- Você é como seu pai Lótus... sempre me surpreende.

O que? Hércules fala a língua dos altos feéricos?

- Desde quando você fala a língua antiga?

- Com quem você acha que seu pai aprendeu? - Ele respondeu e terminou nossa conversa.

O céu hoje está diferente. Está mais... intenso. Voltei a observar as figuras animadas e brilhantes que estão dançando pela música que sempre existiu em Hallari. E ao mesmo tempo que observo, me lembro das palavras do meu tio: Ela é e continua sendo tudo para mim!

Eu sei que passei dos limites, sei que fui má e rude com ele, mas eu só não consegui lidar com a presença de Nyra em algo tão importante pra mim. Eu fui mesquinha e chata com ele.

Caramba, porque é que eu estou tão chateada com isso?

- Oi. - Mickael apareceu. - Posso me sentar?

Dei espaço para ele.

- Você... quer conversar? - Olhou para mim. - Você tem me evitado esses dias.

- Sinto muito se te fiz sentir chateado. - Falei e acariciei seu rosto. - É que eu não sei bem lidar com... coisas novas.

- Eu notei isso quando te conheci. - Falou. - Eu sei que foi difícil para você passar por tudo o que você passou, mas eu estou aqui se quiser conversar.

Brinquei com os dedos e o brilho apareceu.

- Sua magia... voltou? C-como? - Mickael ficou assustado diante da revelação.

- Um surto de raiva ajudou, eu acho.

- Isso... Você... Você é incrível! - Seus olhos brilharam e meu coração acelerou. - Você é maravilhosa.

Eu o olhei um pouco, Micka é diferente e fofo, então porque eu me sinto afastada dele? Eu não quero isso. Eu quero ficar com ele. Ele é bom, ele é gentil e paciente.

O beijei. O seu beijo é tenro e caloroso, aprofundei o beijo explorando sua boca com a língua e não demorou muito para que ele se separasse e estivesse vermelho e envergonhado.

- Ahn... uau. Nossa.

- Não... foi bom?

- Não!

O encarei.

- Não, não, não foi isso que eu quis dizer, é claro que foi bom, eu não esperava esse beijo, é que bom, você está chateada e aí...

Sua cor foi se avermelhando cada vez mais com seu nervosismo e confesso que sua confusão me diverte.

- Ah, será que você pode, por favor, parar de fazer isso?

- Isso o que?

- Ficar se divertindo com meu nervosismo!

- Você fica uma graça quando está nervoso. - Eu disse.

- Eu também posso te deixar nervosa!

- Não, não pode. - Disse sorrindo.

- O que eu ganho se conseguir?

- Você não vai conseguir.

- Não vou?

Me perguntou se aproximando de mim e roçando seu polegar no meu rosto. Sua aproximação me deixou um pouco nervosa.

- Porque eu acho que consigo sim.

Ele subiu o carinho e acariciou minha orelha levemente, isso fez meu corpo se aquecer, meu nervosismo transpareceu no meu sorriso.

- Sabe que minhas orelhas são sensíveis.

- Não foi por isso que eu fiz.

- Então porque?

- Porque agora eu sei o seu sorriso nervoso. - Ele disse próximo a minha boca. - E eu quero vê-lo mais vezes.

Eu fiquei nervosa. Roçou seus lábios nos meus e me beijou, retribui o beijo.

Micka fica uma graça quando dorme e eu gosto de observá-lo, me deixa calma o suficiente para poder entrar em transe ou até mesmo dormir.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora