O calor de Hércules desaparece. Me viro, eu nunca deveria ter perguntado a ele sobre minha mãe. Eu causo dor a ele, eu o machuco, porque eu continuo aqui? Porque continuo o fazendo sofrer? Porque eu continuo sugando toda sua vida? Eu só preciso me afastar dele, eu não posso deixar que ele viva a minha vida e tome minhas dores. Hércules está fazendo demais por mim e eu apenas o chateio. O salvar da madeira diminuiu, olho para o fogo baixo, me levanto e vou buscar lenha, olho para fora da cabana e vejo Hércules ajoelhado encarando o céu estrelado.
Coloco a lenha no fogo e fico perto dela, cutuquei as toras em chamas, o calor reconfortante me preencheu. Observo a lareira, refletindo sobre as coisas que Hércules me ensinou. Fecho os punhos e vejo o músculo marcado se contrair, meu corpo está como antes, mas eu não sou, os animais do ensopado são a prova de que eu mudei. Eu fico mais forte graças a Hércules e graças a mim ele ficou deprimido.
Passo as mãos pelo cabelo e arranco alguns fios soltos, os fios longos e ondulados estão caindo. Penteei os fios ondulados e os joguei na lareira. O calor me faz lembrar de casa.
- Mãe? Onde está meu pai?
- Ele já vem.
- Ele vai perder se não vier! – Falei apressada. – Está quase acontecendo!
Como se me ouvisse, meu pai, Hércules e meu tio apareceram. Ailin está com um cachecol perolado nas mãos, meu pai está segurando uma caixa e Hércules está com um esboço de sorriso no lábio. Minha mãe beija meu pai, abraçou Hércules e Ailin, meu pai a puxou pela cintura e falou algo em seu ouvido, ela ficou constrangida e se afastou, mas ele a puxou pela cintura e a beija.
- Ignore o casal. – Ailin me cutucou com o cotovelo e olhou para o céu. – Já sabe onde vai cair?
- Não, ainda não. Mas acho que é aqui, Hércules me disse que seria e ele quase nunca erra coisas assim.
- Eu nunca erro coisas assim Lótus. – Hércules pigarreou.
Um vento frio coçou minha bochecha e me causa arrepios pela espinha, Ailin olhou para o céu e me puxou pelo pulso alguns centímetros para o lado.
- Olhe para cima. – Mandou e o fiz. – Agora feche os olhos.
Fecho os olhos e esperei. – Estou me sentindo uma tola aqui tio.
- Shh. Espere e sinta.
- O que-
Um pinicar gelado caiu no meu nariz e escorreu. Abri os olhos e vi flocos brancos caindo.
- Está-! – Começo a rir alto. – Isso é incrível! Está nevando em Hallari!
Voltei a rir, olho para Ailin que está sorrindo com os dentes, é a primeira vez que vejo meu tio sorrir. Hercules também estava de olhos fechados, sentindo os pinicares gelados. Um tecido fofo circulou meu pescoço, abri os olhos e Ailin estava circulando o cachecol perolado em mim.
- Os antigos acreditavam que quando a primeira neve do ano cai e é recebida por um alto feérico, pode-se fazer um desejo que ele vai se realizar.
- Então....?
- Voce recebeu a primeira neve. Faça um pedido.
Olho ao redor, meu pai abraçado minha mãe e acariciando a barriga levemente inchada, Nick está crescendo bem. Hércules os vigiava atentamente e Ailin está com a postura ereta e olhando para o céu, seus cabelos estão soltos e penteados. Acariciei o tecido quente e sorri.
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O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)
FantasyPolly Erlathan, uma herdeira feérica, nunca chegou a ser coroada como princesa. Após ter seu trono usurpado e sua família assassinada, ela viveu décadas em uma fuga fracassada, carregando as marcas do passado. Convencida de que sua vingança e o reto...