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- Mas, não importa quanto eu queira, nunca haverá nada entre nós. - Ela confessa baixo. - Pelo menos agora eu sei que ele vai ficar bem.

Afrouxo o cabo, aliviada com sua conclusão.

- Bem?

Tento me esforçar para não mostrar meu alivio e satisfação.

- Ah Polly, Você não consegue imaginar, ele está sofrendo tanto. – Ela morde o lábio na tentativa de não chorar mais, continuando a sussurrar. – E como eu estou aqui, você não sabe o alivio dele, você não consegue sentir, a você tem que sentir isso.

- Então você está feliz?

- Não, ainda não estou feliz, estou aliviada.

- Entendi.

Me levanto e vou me deitar perto dele, me aninho em seu peito e ele me abraça, beija meu cabelo e me abraça na cintura para poder dormir. Fito o profundo da floresta e me lembro de Micka. Procuro em minha mente a lembrança de seu cheiro e ao me lembrar de como é, fico aliviada, muito aliviada. Aliviada demais! Me levanto confusa e agitada. O cheiro dele não deveria estar tão presente assim, não deveria mesmo!

- Micka...?

- Lótus, ele já se foi. - Hércules resmunga. - Durma.

- Não é isso... - Olho floresta adentro. - MICKAEL? - Grito por ele.

Ouvi um grito ao noroeste e isso me deixou agitada e gelada, pego minhas adagas e meu arco para correr em direção ao grito, Mickael está em perigo.

Quanto mais me aproximo, mais seus gritos ficam altos, seus gritos estão sendo misturados com um barulho de galhos quebrando. Chego em uma trilha de árvores quebradas, vou até a origem e o que vejo deixa meu corpo gelado, Micka está sendo sufocado por uma víbora que é vinte vezes maior que ele. Pego meu arco, minhas mãos estão tremendo, se eu errar ele vai se machucar e pode até morrer, inspiro, prendo o ar o que me dá estabilidade por alguns segundos, miro no focinho da víbora.

Atiro.

E erro.

A víbora se move e a flecha corta o rosto de Micka e começa a sangrar, a víbora vira para mim e o solta, puxo outra flecha e atiro sem mirar, erro outra vez, mas isso faz víbora parar e sibilar. Pego as minhas adagas e espero que ela se prepare para me dar o bote, correu e me cerca para fazer um cerco pequeno, parece que esse animal não vai me atacar, não até que eu tente escapar.

Hércules e Nyra chegam, Nyra vai até Micka para ajudá-lo, Hércules deixa as correntes a mostra e me olha, ele não vai atacá-la, vai esperar que eu peça por ajuda e eu não vou pedir, meu tio me ensinou como lutar e como sobreviver, se eu não acabar com essa cobra gigante, eu não mereço estar ao seu lado, ou seja, essa cobra vai morrer pelas minhas mãos.

Quando percebe que não vou fugir, ataca. O primeiro bote vem, me jogo para o lado, o rabo dela me agarra e me puxa, antes de cair ela abocanha meu braço e me sobe, o susto e a dor me faz largar as adagas e tentar socar seu focinho, os dentes perfuram minha carne e sinto seu veneno penetrar meu corpo, meu braço começou a adormecer e a pinicar.

A única coisa que está comigo é minha aljava com uma única flecha e isso significa que eu só tenho uma chance, a cobra me lança para uma árvore, a víbora se prepara para me dar o segundo bote e nesse movimento consigo ver uma espada curta, provavelmente é do Micka.

Sorrio orgulhosa, ele lutou pelo menos. A cobra rasteja até mim enquanto corro em sua direção, ao se erguer para dar o bote, uma chance, um segundo, tenho que tentar. Escorrego um pouco abaixo da mandíbula para poder pegar o cabo da escada, esse movimento me deixa vulnerável o bastante para ser pega por ela. Giro a espada dele e a acerto no olho, a criatura se sacode com dor e me lança para uma outra árvore, bato minhas costas outra vez e engulo meu sangue.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora