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Observei Clara, ela é muito mais do que se mostra e não confia no seu potencial. Alguém como ela, que aparenta ser gentil e delicada, consegue esconder que é uma elemental.

Elementais são guerreiros feitos pela magia bruta dos elementos. Acontece que, eles não sabem o seu real potencial e na época da guerra, era bom. Hallari tinha a maior biblioteca sobre magia branca e, em todos eles, existia uma única variante: os elementais destruíram raças.

O poder de destruir, o poder de criar, o quão poderoso é uma criatura assim? O quão pesado é esse fardo?

"Um fardo que você não vai carregar"

Existem coisas que precisam ser escutadas e coisas que precisam ser ignoradas.

"Você e eu sabemos quem eu sou e o que eu tenho que fazer, e dito isso você não pode me ignorar."

Por mais que eu converse com eles, com Micka, com Nyra e até mesmo com Hércules, minhas palavras não têm sentido.

"Não me prenda. Você precisa de mim. Você sabe."

Apesar da conversa ser agradável, ficar com eles agora é... complicado. Eu não preciso responder perguntas agora, eu só preciso ficar sozinha agora.

"Você sabe que tem algo faltando."

Não tem nada faltando.

"Você engana a si mesma"

Não há o que enganar.

"Me deixe sair."

Um incômodo no peito.

"Você vai me chamar de incômodo agora?"

Um encostar no ombro me tirou dos devaneios. Aaron. Ele é um cavalo forte, seus batimentos são reconfortantes. Os ouvi ecoar enquanto descansava os olhos.

- Aaron! - O chamei encarando o vazio. - Aaron, você está?

Eu me movi, mas para onde? Onde eu estou? Como eu cheguei aqui e onde ele está? Eu caminhei por um longo tempo chamando por ele. Eu devo desistir?

"Tudo o que você faz é desistir."

Essa voz outra vez. Eu outra vez.

O que é que você quer?

"Você sabe o que eu quero."

O que adianta para você? Você está presa a mim e eu a você. Te libertar não significa nada.

"Posso estar dentro de você, mas quem realmente está presa?"

O que você quer dizer com isso? Ei! Não me ignore! E... ela me ignorou.

- Mãe?

- Diga.

- Porque você ama meu pai?

Meu pai, do outro lado da sala, ergueu a cabeça e me fuzilou com os olhos.

- Não envenene a cabeça da sua mãe.

- Eu não estou. – Debochei e passei as páginas do livro, o fechei e me virei e deitei para olhar o teto alto. – É que eu não entendo como você pode amar alguém que te promete uma coisa e você pega ele no flagra.

- Querido, o que você fez? – Minha mãe perguntou com uma falsa incredulidade.

- Eu? Porque eu? – Meu pai se aproximou e se sentou.

- Porque você papai. – Sibilei com incredulidade. – Comeu a última fruta cozida que minutos antes você me prometeu ser minha.

Meu pai revirou os olhos. – Você saiu da cozinha.

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora