O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)

4.7

Durante o resto do caminho Micka ficou triste e eu entendi o motivo. Eu não o forcei a falar sobre, mas eu percebi que existe uma sombra que paira em seus olhos toda vez que me olha. O vigiei de longe, um dia inesperado uma carta chegou para ele e ele a escondeu bem, eu fiquei curiosa, mas não perguntei sobre seu conteúdo.

Hércules e Micka foram para a vila comprar suprimentos enquanto o restante ficou para poder pescar e arrumar o acampamento. Eu estava tentando acender o fogo quando ouvi Nyra, praticamente, implorar para Clara usar seus poderes.

- Por favooor!

- Eu não preciso usar meus poderes para isso.

- Polly! Ela não quer pescar!

- Nyra, não é preciso usar meus poderes para isso!

- Mas vai ser tão legal! Eu nunca vi um elemental em ação! Por favor!

A expressão de Clara mudou, a mesma sombra que vi nos olhos de Micka. Elementais são pessoas com um dom raro, pessoas com a magia mais refinada cuja origem mágica são os elementos. Não há como medir seus poderes, entretanto, seus corpos possuem limites.

Na guerra dos mil anos, os elementais foram fundamentais para a vitória dos humanos, hoje em dia não há tanto quanto havia antes. Então para se preservarem, os rumores que existem sobre eles mantêm os humanos longe de Elementária. Alguns boatos chegam a ser ridículos: Quando elementais nascem, são banhados em sangue, crescem se alimentando de sangue, eles são cruéis, assassinos, a escória da sociedade.

Acontece que Clara não é nada disso.

- Clara? Está tudo bem?

- Ahn? Sim. Claro.

- Sabe, eu não preciso te conhecer para dizer que você não está bem.

- Nyra. - A repreendi.

- Desculpe se toquei em um assunto delicado.

- Não, não é isso... é que você me pediu para usar meus poderes e eu me lembrei de algo e fiquei preocupada.

- Preocupada com o que?

- Meu irmão, ele já deveria ter chegado.

- Ele é seu irmão mais velho ou mais novo? - Perguntei curiosa.

- Mais novo.

- Uau, achei que você era mais nova. - Nyra comentou.

- Eu também. - Completei.

- Ele é meio diferente. - Ela suspirou.

- Diferente como? - Nyra pareceu bastante interessada e devo dizer que eu também.

- Meu irmão, bom, como eu posso dizer... ele tem um costume incomum de irritar as pessoas, tipo muito. - Arregalou os olhos para enfatizar a palavra.

- Muito quanto...? - Perguntei.

- Ao ponto de ser procurado em todo o reino de Celestia e Dessarim.

- Ele é o que? - Perguntei surpresa e Clara sorriu divertido.

- Meu irmão não é uma flor que se cheire. É uma daquelas que você tem que passar longe.

- Ah, que pena. - Nyra comentou. - Você é bonita e genética boa pega até no cão.

- Olha. - Clara riu. - Meu irmão é... - Ela suspirou. - Um completo psicopata sádico.

- Nossa. - Eu falei surpresa. - Eu... estou surpresa com a sua revelação, é que ele é seu irmão.

- Eu sei. - Ela disse e sorriu triste. - Mas tudo o que ele fez, foi minha culpa.

- Você não pode se culpar por algo que ele fez. - Nyra disse. - Ele escolheu ser assim.