3.7

42 7 0
                                    

Faz quatro luas que estamos aqui e eu percebi que desde o momento que encostei na madeira deste lugar, eu comecei a tremer, eu fiquei mais receosa e mais assustada, ao ponto de me assustar com meu próprio cabelo tocando em mim. Tomei um banho e antes que eu pudesse chegar no final do corredor, eu notei que eu não vou conseguir segurar um copo.

Meu coração está disparado e eu estou me assustando com minha própria sombra!

Me sentei e os observei comerem e beberem, eu posso jurar que se me tocarem eles vão conseguir sentir meu coração vibrando pelo meu corpo. Hércules me passou um copo de vinho feérico de baixa qualidade, olhei para o líquido e me lembrei das vezes que sangrei em um copo para que outros pudessem se saciar. Fiquei enojada e deixei a bebida de lado. Meus olhos começaram a procurar a saída mais fácil, minhas mãos procuravam minhas adagas, e por mais que tente negar, até mesmo no meu cabelo existem agulhas finas usadas para matar e se eu não prestar atenção é capaz que eu mesma me machuque ao tocá-las.

Micka estava bêbado por um desafio que Nyra fez e notei que Hércules revirou os olhos para isso, talvez eu possa aproveitar isso para ter um pretexto para sair.

- É melhor parar por hoje, garoto, ou amanhã irá pagar pelos pecados que não cometeu.

- Vou levá-lo para cima. - Ofereci rapidamente.

- Ora, o que temos aqui?

Meu corpo congelou perante a frase de um dos homens que passou por trás de mim e sua mão roçou minhas costas antes de abraçar um colega, eu senti minhas forças desaparecerem e meu estômago revirar. Eu sei que ele não me tocou de propósito, mas isso atiçou alguma coisa em mim.

Levei Mickael para cima, eu sinto meu corpo se agitar, eu tenho que sair daqui. Deixei Micka, tranquei a porta e abri a janela. Escrevi um bilhete para Hércules dizendo que ficaria bem, que eu iria passar dois dias fora.

- Volto em breve. - Sussurrei perto de Micka e beijei sua testa.

- Eu estou apaixonado.

Pulei a janela e corri pela floresta. A música não se afastava de mim, não importa o quanto eu corra, a música não se afastava de mim! Os galhos das árvores me arranham e tentam diminuir minha velocidade, mas eu não posso parar. A floresta não tem fim. Os cheiros, os sons, o nervosismo e a ansiedade me embrulham o estômago e comprometem o meu equilíbrio. Eu tenho que parar. Eu acabei vomitando. Eu ainda consigo ouvir a música, posso sentir o cheiro da comida e não hesitei em disparar para qualquer lugar.

Eu corri para o mais longe que pude. Quando pude parar para respirar, eu não pude. Minhas costas se chocaram brutalmente contra a terra firme e meu estômago parece ter sido brutalmente atacado. De onde veio esse ataque?

- Achei você.

Essa voz... Você só pode estar brincando! Akxi, um humano que meu pai mantinha sob rígida vigilância. Esse humano é podre desde as raízes, ele não tem honra ao lutar e não tem honra em matar seu inimigo. Ele é um dos seres humanos que mais me enojo por ter conhecido e principalmente por ter deixado ele ficar em meu reino.

- Princesa, você está viva.

Ele me disse com um tom de desdém. Eu não o culpo, afinal, eu fiz da sua vida um inferno. Eu não gosto dele e meu pai gostava de me mimar, foi fácil pedir para o meu pai puni-lo. Ele segurou meu rosto e apertou.

- Felizmente... agora eu posso finalmente. - Ele se aproximou. - Ter minha vingança, sua mimada!

- Eu deveria ter aproveitado mais! - Rebati irritada.

- Ah não princesa, eu que vou aproveitar. - Ele se afastou e me olhou com malicia. - Parece que o tempo fora da corte lhe fez bem.

- Encoste um dedo em mim e você vai desejar a morte pelo que eu vou fazer com você!

O conto da Princesa Perdida (REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora