Capítulo 70.

824 127 26
                                    

Natalie...

- Natalie, o que foi aquilo ontem? – Quase me engasgo como o meu chá ao ouvir isso. 

- A que está se referindo mãe? – A olhei do outro lado da mesa de chá da tarde.

- Quando você e o Iam saíram juntos e o amigo de vocês falou que finalmente estavam acertados. – Ela me indagou.

- Vocês estavam brigados? – Penélope emendou.

Puta merda, soou o alarme dentro da minha cabeça, como eu não vi que eles ainda estavam lá ontem a noite? Eu estava tão emocionada que que nem percebi. Olhei para Helga em busca de algum auxílio, mas ela apenas me olhou com os olhos esbugalhados sem conseguir me dar a ajuda que eu preciso nesse momento. Eu podia continuar na mentira, mas isso não ia levar a lugar algum, então decidi falar a verdade.

- Nós nunca estivemos namorando antes de ontem. – Falei os olhando.

- Como é? – Meu pai me olhou confuso.

- É isso mesmo pai, quando viajamos para Ibiza eu apenas levei o Iam comigo e fingi que ele era meu namorado. – Falei.

- Como você pôde? – Minha mãe estava com raiva.

- Talvez se vocês deixassem ela em paz ao invés de encher o saco toda vez que se veem para que ela arrumar um namorado. – Helga falou. – Ou ficasse arrumando pretendentes pra ela, as coisas não tivessem chegado a esse ponto.

- A Helga tem razão. – Jared falou. – É uma merda ser solteiro nessa família.

- Isso é verdade? – Meu pai indagou.

- Claro que é. – Respondi. – Vocês dois e você também. – Olhei para Penélope. – São intrometidos, toda vez a mesma pergunta, a mesma pressão, "aí porque você já está velha. Tem que arrumar alguém" "Quando vai amadurecer e arrumar um namorado?". – Falei imitando a voz da minha mãe. – E o pior de tudo era sempre ter um cara pra apresentar, sempre querer arrumar um encontro as cegas, tentando me forçar a me ajeitar com alguém que eu não conheço, não me interesso e não tenho a mínima intenção de me aproximar, nada que eu conseguisse na vida era bom o suficiente para vocês, porque eu não tinha um homem na minha vida. – Respirei fundo – Eu só queria viver minha vida de solteira em paz, mas vocês não permitiram. – Estava falando tudo que tenho vontade. – Então quando você falou que ia levar alguém pra mim na viagem em família eu inventei a história de improviso, era isso ou não ir porque eu com certeza não ia me prestar ao papel ridículo de deixar que vocês me empurrassem pra cima de um cara nada haver, como se eu estivesse desesperada, como se estivéssemos no século XIX. – Fiz uma pausa, mas ninguém falou nada. – Eu disse o primeiro nome que me veio a mente e o mais plausível de vocês acreditarem, então como uma adolescente eu menti pra vocês, disse que estava namorando o Iam, pedi ajuda e ele aceitou me ajudar.

- E você sabia disso? – Minha mãe olhou para Helga lhe indagando.

- Claro que assim que eu ouvi a história e soube que era furada. – Ela falou tranquilamente. – Eu conheço a minha irmã e se algo assim tivesse acontecido eu teria ficado sabendo. – Deu de ombros.

É uma benção que os cônjuges não estejam presentes hoje com meus sobrinhos para presenciar essa briga em família que estamos protagonizando de maneira nada elegante, mas confesso que poderia ser ainda pior.

- Está dizendo que eu não conheço meus filhos? – Minha mãe levantou a voz.

- Se conhecesse realmente não ia nos pressionar tanto a ponto de nos sentirmos sufocados. – Jared falou.

- Eu só quero o melhor para vocês. – Ela falou.

- É só isso que a gente quer a felicidade de vocês. – Meu pai emendou.

Marcados pelo Acaso - Meu Clichê (Livro 4) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora