Capítulo 37.

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Natalie...

Ao fim da tarde Iam chegou para me acompanhar até o meu ateliê, eu estava receosa de olhar o estrago que tinha sido causado em meu estabelecimento, mas eu precisava olhar, precisava ver como tudo realmente estava, deixei que ele me levasse em seu carro, não tinha vontade alguma para dirigir naquele momento. Ele conversava sobre coisas aleatórias e acariciava minha perna coberta pelo jeans ocasionalmente, na tentativa de me distrair da verdade iminente, era até fofo o jeito que fazia isso.

Quando entramos na King's Road senti meu corpo ficar tenso, assim que eu avistei o número 88 um arfar saiu dos meus lábios e meus olhos se encheram de lágrimas, fitas amarelas interditavam o lugar, embora ele já estivesse liberado pela polícia, a vidraça estava destruída, a porta arrancada pendia debilmente presa a apenas uma das dobradiças. Sai do carro já chorando, Iam passou o braço em meus ombros e caminhou ao meu lado me dando o apoio que eu necessitava naquele momento, quase não tive coragem para entrar.

- Meu Deus. – Levei uma mão a boca. – Tudo foi destruído. – Por dentro parecia um cenário de guerra e eu agradeci a Deus por não ter começado a mobiliar ainda, caso contrário o estrago seria ainda pior.

- Calma Nat. – Era a primeira vez que ele me chamava assim fora da cama. – Vai ficar tudo bem, vamos conseguir reconstruir tudo, vai ficar mais bonito que antes. – Beijou meus cabelos.

- Obrigada. – Minha voz saiu chorosa. – Quem poderia fazer uma maldade dessa? – Olhei diretamente em seus olhos que hoje estavam mais castanho amarelados do que verdes.

- Uma pessoa muito ruim. – Falou simplesmente. – O culpado vai pagar por isso.

- Eu espero que sim. – Olhei mais uma vez em volta.

- Se mais algum lugar tivesse sido alvo eu apostaria que tinha relação com os protestos. – Despois da recente decisão do congresso de aceitar refugiados u uma onda de protestos contra a decisão se iniciou, eles afirmam que nosso país não deve ajudar os refugiados.

- Verdade, mas parece algo pontual. – Falei me virando para sair, não aguentava mais olhar para aquilo ali.

- Vamos deixar essa parte com a polícia. – Voltou a me abraçar ao sairmos do lugar parcialmente destruído. – Nossa preocupação agora deve ser reconstruir tudo.

- Você tem razão. – Falei me virando pra ele. – Hoje a tarde eu entrei em contato com o mestre de obras, amanhã bem cedo eles vêm até aqui avaliar a situação.

- Isso é ótimo, amanhã você vê isso com ele. – Abriu a porta do carro para mim. – Agora vou ficar com você pelo resto do dia.

- Noite no caso. – A noite já cai sobre a cidade.

- Que seja. – Fechou a porta depois que eu entrei. – O fato é que eu quero você descansada e distraída. – Completou assim que entrou no carro.

- E você vai me ajudar com isso? – Sorri de lado

- Claro que sim. – Retribuiu o sorriso sem me olhar, estava atento ao trânsito. – Começando pela minha pizza de frigideira.

Em alguma das suas viagens o pai de Iam aprendeu uma massa de pizza que é a melhor do mundo inteiro, ele aprendeu, mas se recusa a passar a receita alegando ser segredo de pai e filho. Fizemos uma parada em um supermercado para comprar os ingredientes da pizza, nós realmente apreciamos um casal andando desse jeito ele empurrando um carrinho e eu pegando as coisas na prateleira.

Na hora de passar no caixa ele insistiu para pagar e eu acabei deixando, o ajudei a levar as sacolas para o carro, o caminho de volta ao apartamento foi rápido e silencioso, mas o silêncio entre nós não era desconfortável, ele sabia respeitar meu momento de reflexão.

Marcados pelo Acaso - Meu Clichê (Livro 4) (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora