capítulo 26

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Anne

( Cidade de Jersey City, 8 anos atrás. )

Viver tão perto de nova York era um sonho para mim, mesmo que nunca pudesse sair de casa além da escola. Ultimamente as aulas tem ficado cada vez mais bobas, é como se eu não me enquadrasse na turma, as vezes sentia que tinha muito mais potencial a ser explorado do que ficar fazendo pequenas equações de primeiro grau.

A escola tomava quase todo o meu tempo, o que de certa forma era um alívio. Já que ficar em casa era tudo o que eu menos queria... Não é que eu não gostasse da minha mãe, eu nunca poderia de fato a odiar. Mas as vezes sentia que ela me tratava tão mal, que até os meus poucos amigos do colégio pareciam melhor companhia.

—— Bom dia mãmae. – Arrumo minhas coisas na bolsa pegando uma maçã da geladeira antes de me aprontar para pegar o ônibus.

— Ei, onde pensa que vai vestida desse jeito? – Rosna Hammer.

— Esse sempre foi meu uniforme da escola. – Respondo revirando os olhos.

Eu o odiava...ainda que não soubesse bem quais eram tantos os motivos...Sua presença me deixava irritada, e com toda certeza a sua voz me revirava o estômago. Minhas amigas de escola diziam que eu era boba por não gostar de alguém sem saber os motivos... Mas era difícil de explicar, sempre que o via chegar perto o meu corpo dava sinais de medo. O coração acelerava, e as vezes eu tinha pensamentos tão ruins...que até chegava a questionar se eu de fato era uma boa pessoa...

— Como esse sempre foi o uniforme ? Veja só o tamanho dessa saia Chistine, como deixa sua filha sair desse jeito ? – Ele segura forte meu pulso.

— Por favor Justin....ela só tem 8 anos – Sopra. — você sabe que ela adora saias e vestidos, além disso essa saia está na altura dos joelhos, e ainda tem essa meia calça gigante e supre fora de moda...acontece que ela misturou produtos errados na hora da lavagem e acabou encolhendo várias das nossas roupas.

— Como se não bastante querer sair desse jeito, ainda estraga as nossas roupas. — Seus olhos se enchem de fúria apertando mais forte meu pulso.

— Você está me machucando. – Choro.

— Aí, já vai começar com a choradeira – Grita Cristhine. — Eu não suporto filha chorona, está ouvindo bem menina ? — Ela cobre os ouvidos ignorando completamente o fato de Hammer estar me machucando.

— Eu já sei o que fazer...

E então...naquele mesmo dia, foi como se tudo o que eu tivesse fosse arrancado de mim !

Após seu vexame sorbe meu uniforme, Hammer foi até o colégio para fechar a minha matrícula. Passei a noite toda aos prantos, sem acreditar que nunca mais poderia ver os meus amigos. Nem ao menos tive a oportunidade de me despedir de forma adequada.

— Não pode fazer isso comigo. Fala pra ele mãmae. – Imploro. — Eu não posso ficar sem estudar.

— Anne Everhart – Berra. — Eu já disse um milhão de vezes que não quero ouvir nenhum tipo de choradeira ou gritaria nessa casa. Vai já pra droga do quarto.

Dou um grande pisão no pé de Hammer antes de correr até o quarto trancando a porta.

— Sua...sua pentelha mal educada – Ele rosna tentando chegar antes que a porta se fechasse, mas eu a bato em meio a seu nariz. Desabando sob a cama, completamente destruída. Sinto raiva, muita raiva... As vezes tinha vontade de quebrar as coisas, gritar o mais alto que podia, só para ter a certeza, certeza que aquele sentimento ruim iria passar.
Mas ele não ia embora...e com o tempo, não foi incomodando mais. De forma que a dor e a tristeza se tornaram tão mais dolorosos, que nem se quer tinha espaço para raiva em meu coração.

•••

— Anne – Escuto três batidas a porta. — É o papai... será que podemos conversar ?

Me Encolho ainda mais por baixo das cobertas quando ouço sua voz. – Vai embora. — Grunho baixo.

Eu sempre gostava de trancar a porta a noite, mesmo que minha mãe já tivesse dito várias vezes para não fazer isso. Mas com o tempo se tornou hábito, um costume difícil de se perder. Embora não adiantasse muita coisa, considerando que todos tinham a cópia da fechadura.

— Minha pequena princesa, eu já não disse a você que sua mãe não gosta que tranque a porta ? – Ele entra se sentando a cama. — até trouxe um presente como pedido de desculpas pela escola.

Retiro uma parte da coberta dos olhos para enxergar do que se tratava. — O que é ? – Minha voz sai rouca por conta do choro.

— É uma boneca linda, igualzinha a você. – suas mãos percorrem por meu rosto devagar passando até meus fios de cabelo. — Ela tem duas tranças bem grandes. – Gesticula. — por que não me deixa fazer iguais em você? Tenho certeza que vai gostar.

— Igual a da boneca ? – pergunto.

— Igualzinha... – Ele sorri.

Eu sentia muito medo dele, não gostava de sua voz, nem conseguia entender o motivo do meu receio... As vezes ficava confusa, pensava se lá no fundo, minhas amigas talvez tivessem razão. Afinal de contas, Hammer sempre me trazia presentes, chocolates deliciosos, e muitos  brinquedos legais.  Já eu, sempre os recusava, sempre dizia um grande NÃO...mesmo que muitas vezes ficasse tentada a aceitar. Mas naquela noite... Naquela noite eu me deixei vencer, queria muito ver a boneca, queria ter meus cabelos como a da princesa...

— Eu sei que está chateada por sair da Escola...mas você sabe que essa decisão não foi só minha. – Explica. — Sua mãe também não quer te ver seguindo o mesmo caminho que o seu pai.  Ser o inteligente nem sempre é uma boa coisa. Agora vem aqui, e me deixa fazer essas tranças bonitas em você.

Ele me puxa para o seu colo penteando cada madeixa de meu longo cabelo, enrolando fio por fio, de modo que ao final de tudo, eles estivessem iguais aos da boneca. — Viu só ? eu disse que ficaria igual. – Diz me entregando um espelho.

Quando vejo meu reflexo, foi como olhar diretamente para a princesa Anna. Ela era minha favorita, tínhamos o nome parecido. E eu a adimirava por diversos motivos... Ser sorridente, levar a vida com leveza, ser muito Feliz, mesmo sem ter poderes legais igual a sua irmã Elza. E de certo modo... Ana foi uma heroína para o seu reino.

— Você gostou ? – Ele pergunta passando a mão sob meu rosto.

— Gostei. – Respondo sorridente.

— Você tem uma voz tão doce pequena Anne... – Sussurra. — Agora falta muito pouco para que vocês duas estejam iguaizinhas.

— O que ? – Minha voz sai falha.

— Uma princesa de verdade não se veste assim como você está agora. nem mesmo para dormir. — Responde baixo. – Por isso, eu comprei um segundo presente pra você. Tenho certeza que você vai amar tanto quanto a boneca...

O meu pai é o Tony Stark Onde histórias criam vida. Descubra agora