capítulo 2

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Anne

   Acordo de mais um pesadelo sentindo meu coração palpitar de susto.

1, 2, 3... respiro... 1, 2, 3... respiro...

   Repito o mesmo método até que a sensação ruim vá embora, finalmente permitindo com que eu me levante ainda sonolenta.

—— Bom dia Jimmy – bato duas vezes na gaiola do meu hamster jogando um pouco de brócolis para ele que o abocanha de imediato.

Eca... não sei como você acha isso gostoso – penso.

   As últimas semanas não haviam sido nada fáceis, não é todo dia que você faz quinze anos. E mais ainda, não é todo dia que se passa o aniversário completamente trancada em seu quarto. Não que eu tivesse sido presa... eu só não me sentia muito bem em receber abraços. E passar o tempo no trabalho e fazendo meus deveres sempre me parecia bem mais atrativo.

— Anne, trate de se vestir logo, Hammer já vai chegar e não quero que ele encontre suas roupas amarrotadas como da semana passada.

   Minha mãe era extremamente cruel com tudo o que eu fazia. Dificilmente me elogiava em algo, e obviamente não me felicitou pelo meu aniversário. Ela me odiava, dizia que nasci para puxar o genho ruim do meu Pai. E apesar de não o conhecer, não fazia a menor questão.

   Meu padrasto Hammer conseguia ser ainda pior que minha mãe, fazia de mim sua empregada, responsável por limpar e passar tudo que ele vestia. Era cansativo e com certeza no era justo. Mas infelizmente, era o que me assegurava um teto em minha cabeça.

   Mesmo com o trabalho na confecção, o salário não era grande coisa, só o suficiente para manter meus estudos as escondidas pela internet.

— Por Deus, mais uma vez vestida como uma mendiga – Christine fez uma feição enojada mim lançando o seu olhar diário de desgosto. – E olhe só esses cabelos, a quanto tempo não vêem um shampoo ? Tem razão de ninguém querer fazer amizade com você.

— Não faço amizades por escolha minha mãe – Respondo. – E se for pra ter amigos pela minha aparência eu prefiro ficar sozinha mesmo.

— Não me responda Anne Everhart. – Gritou alto. – Trate de passar de imediato aqueles paletós, pra ontem entendeu ?

— PrA OnTeM EnTenDeu – Repeti sua fala gesticulando de forma debochada.

— Está me remendando ?

— Nem que você fosse um pneu – Respondo dando de ombros.

— Ora sua... - Levo as mãos em meu rosto esperando o tapa. Mas por sorte sou salva pela campainha.

— Quem poderá ser uma hora dessas – bufa. – A meu bem...dês de quando você toca a campainha agora ?

   Hammer levanta um buquê de flores na altura de seus ombros exibindo as belas orquídeas azuis do ramo. – Eu esperava que a Anne fosse atender a porta, comprei as flores especialmente para o aniversário dela.

— Meu aniversário foi ontem – Respondo não fazendo questão do presente.

— Da um desconto, ontem eu não pude passar aqui, muita correria no trabalho. O nosso novo comprador está chegando, e ele vai querer muitas armas.

— Eu com isso – Dou de ombros.

— Eu acho que você deveria aprender a me respeitar mais – Grita atirando as flores contra meu rosto. – Sou eu quem sustento você. Me esforço para conseguir arrancar um sorriso do seu rosto, e tudo o que recebo são patadas e deboches constantes.

— Eu não pedi a porcaria dessas flores, não pedi nem pra nascer. Muito menos pra ter que levar essa vida horrível que eu tenho. Então pode pegar seu buquê e enfiar bem no meio do.... – ANNE ! – minha mãe me corta. – Onde é que estão os seus modos ?

— No mesmo lugar que você deixou o amor por sua filha – Respondo Grossa pegando meus materiais de pintura batendo forte a porta.

— Onde é que você pensa que vai ? Ainda tem roupas pra passar – Berrou Hammer.

— Pro meu trabalho, no único lugar que fico livre de vocês. – soluço alterada caminhando pelas ruas da forma rápida e ágil.

•••

   Eu odiava andar pelas ruas, me sentia mal e quase sempre parecia que todos olhavam para mim. Pior do que isso só o fato de um carro preto bizarro estar me seguindo de uma forma muito estranha.

Fala sério...

   Apresso meus passos de forma rápida tentando alcançar a esquina depressa.

— Ei menina – murmura uma voz de dentro do carro.

   Quando termino de escutar a estranha voz, trato de correr como nunca havia corrido antes atravessando a esquina direto para a confecção sendo recebida por Donna, a moça que cuidava da exposição das artes.

— Por Deus Anne, qual o motivo dessa correria ? – Pergunta colocando a mão sob meu ombro.

— Eu acho que tinha alguém me seguindo – Suspiro sem ar. – Acho não, eu tenho certeza.

— Espera aí, eu vou buscar um copo d'água. – Donna saiu da sala de exposição indo até a cozinha.

— Quadros bonitos. – Diz alguém.

— É eu mesma que... Perco minhas palavras ao notar de quem se tratava.

— Tony Stark... o que...o que faz na minha exposição ? Quer dizer... Em que posso ajudar ? - Pergunto complemente confusa.

Será que estou alucinando? – penso.

— Minha esposa disse que passou aqui em frente outro dia e gostou de algumas destas telas, pensei que poderia levar alguma de presente. – Diz ele sem tirar os olhos das pinturas. – Qual você me indica ?

— Bom... Eu não sei o gosto da sua esposa, mas se é um presente de amor eu sugiro que leve alguma da sessão 5.

— Você está bem ? Parece que acabou de correr uma maratona.

Dou três passos para trás quando o vejo se aproximar. – Já sabe qual vai pedir ? Pergunto evitando uma aproximação.

— Quero aquela Ali – Aponta.

— Pois não, eu vou embalar. – Retiro a pintura de forma cautelosa antes de a colocar no embrulho. – Prontinho – Digo entendendo a mão.

— E quanto é ? – pergunta.

— São 25 dólares.

— Está bem, Obrigado. – sinto uma pontada na ponta do meu dedo ao receber o dinheiro de suas mãos me arrancado um grito um pouco baixo.

— Aí... - Gesticulo ao olhar uma quase imperceptível gota de sangue se formar sob minha pele.

— Aqui está sua água meu amor – Diz Donna me entregando o copo. – Quem é que tava aí ?

— Foi estranho...o Tony Stark acabou de vir aqui e comprar uma das minhas telas.

— Aí coitadinha, acho que levou um susto tão grande que está até delirando. Venha é melhor você se sentar de novo. – Fala calma ao me puxar para a cadeira.

O meu pai é o Tony Stark Onde histórias criam vida. Descubra agora