Capítulo 39

5.8K 596 169
                                    

Anne

Sinto uma luz forte em meus olhos assim que os abro, como se uma lâmpada densa e luminosa estivesse sob meu rosto, a poucos centímetros de distância. Logo que percebo, noto que não estou mais em casa, ou em qualquer lugar que conhecesse... O cheiro familiar e nada agradável deixava óbvio que estava em um hospital. E a medida que isso fica nítido, começo a sentir um estranho desespero, uma sensação de perigo e pânico incontrolável, de modo que o ar voltasse a me faltar nos pulmões.

—— Onde é que eu tô ? me tirem desse lugar. – Grito pulando da cama.

Assim que cruzo pela porta, me esbarro em Tony que estava de pé conversando com um médico alto e de expressão séria. E ainda que estivéssemos brigados, senti um forte alívio assim que o vi.

— Ei, não devia ter se levantado da cama. – Reprime o médico. – Volta pro quarto agora mesmo.

— Dês de quando eu recebo ordens suas ? Nem te conheço. – Faço uma careta para o médico que sorri com minha resposta.

— É, com toda certeza ela é mesmo sua filha...

— Anne obedece o Doutor e volta pra lá, você ainda precisa descansar, está fraca por conta dos remédios. – Tony segura em uma de minhas mãos me conduzindo de volta a cama. – Está se sentindo melhor ? – Pergunta.

— Eu... – Engulo seco ao me recordar de tudo que havia acontecido, e tudo o que havia dito.

— Eu sei o que está pensando... E tá tudo bem. Não estou chateado. E espero que você também não esteja.

— Eu não devia ter dito nada daquilo Pai... Fui uma péssima filha, realmente sinto muito por tudo.

— Eu também sinto ... Mas isso não importa agora.

O médico alto volta ao quarto com algumas papeladas em mãos, acompanhado de uma moça loira que também usava um jaleco hospitalar . — Muito bem menina Strak, vamos ter de fazer só mais alguns exames e também algumas perguntas antes de lhe dar alta.

— Eu estou bem, não acho que seja necessária toda essa cerimônia. – Reviro os olhos entediada. — Só tive um pouco de falta de ar, e com sorte uma queda de pressão simples.

— Na verdade você teve uma crise de pânico. – Responde a mulher.

— Como é que é ? – Sorrio. – Eu não estava em Pânico...

— Crises de pânico não necessariamente podem envolver situações assustadoras. As vezes pode se tratar de um ataque de ansiedade de nível baixo, médio ou alto...No seu caso foi nível alto. Acelerou seus batimentos e reduziu seu oxigênio.

— É por isso que temos que fazer algumas perguntas simples como...O que ocasionou o ataque, e também saber com que frequência você costuma sentir ou passar por essas situações.

— Olha eu...Pai me leva pra casa, eu não quero ter de falar nada, já disse que estou bem. – Gaguejo apertando forte sua mão. — Não quero falar nada pra esses dois estranhos.

— Tá tudo bem filha, você pode confiar nos médicos. Só estão querendo te ajudar, e eu não vou sair do seu lado.

— Se faz alguma diferença nós podemos nos apresentar. – A médica da de ombros sorrindo para o homem alto. – Eu sou a doutora Grey, mas você pode me chamar de Meredith.

— Eu sou o Doutor Shepherd, Mas pode me chamar só de Derek... – Sorri.

— Agora que não somos mais estranhos, talvez você se sinta mais a vontade para contar o que está sentindo, e também o que tem passado. – Meredith pega em suas mãos uma planilha médica onde anotaria tudo o que eu dissesse.

Tony continuou a segurar minha mão tentando dar todo tipo de apóio possível. Embora a sua presença me trouxesse conforto, era difícil me abrir diante do meu pai, ainda que ele já soubesse de todo meu passado, ou pelo menos a pior parte dele.

— Pelo menos não é o Jason de novo — Dou de ombros com um pequeno sorriso. — Eu...eu acho que senti medo por achar que estava Prestes a ficar sozinha outra vez. – Falo baixo. — Tive pânico por imaginar um futuro em que tivesse de voltar a morar com minha mãe, com meu padrasto... Tive medo de que não restasse mais nenhuma pessoa no mundo capaz de me amar...

Tony me lança um olhar neutro sorrindo pacificamente...suas mãos ainda seguravam as minhas fortemente. E embora ele não estivesse falando bastante ou dando qualquer tipo de discurso motivacional, eu pude compreender pelo seu jesto o que ele queria me dizer...

— Quando começaram as crises ? – Pergunta Derek.

— Eu não sei dizer... é como se elas sempre estivessem comigo dês de que eu me lembre. – Suspiro. – Eu tenho uma tática que criei quando era criança, é simples e talvez um pouco boba, mas sempre me ajuda bastante quando essa sensação começa a bater.

— E como seria essa tática ? – Questiona a moça, ainda anotando tudo em sua planilha.

— Eu conto até três e respiro fundo, várias vezes, até que a sensação ruim vá embora. Ou até que ela diminua o bastante para me sentir bem outra vez.

— Isso é bom, Quando se está em meio a um ataque de Ansiedade é sempre importante se lembrar de manter a mais absoluta calma, mesmo que isso possa parecer impossível. Agora que você já está bem, talvez queira ficar um tempo com seu pai, conversem um pouco... nós voltamos já. — A moça me lança um sorriso grande se retirando da sala acompanhada por Derek.

— Foi mal garota... – Suspira Tony. — Eu não queria ter feito você passar por nada disso, me sinto responsável por estar nesse hospital agora.

— Tá tudo bem Pai, eu também disse coisas ruins, e não me orgulho nem um pouco disso... Mas agora já passou. – Sorrio. — E você vai repensar sobre o Peter não vai ? Quer dizer...eu não acho justo que ele fique fora dos vingadores.

— Anne eu não quero brigar outra vez, n quero ter de voltar a esse assunto novamente. — Responde calmamente. — Eu tomei uma decisão e não estou pensando em voltar atrás nela, a não ser que façam por merecer. Não quero que me veja como uma pessoa ruim ou injusta, eu jamais faria algo simplesmente para estragar os seus sonhos ou os do garoto... Mas vocês fizeram por merecer, agiram contra minhas coisas e isso não foi nenhum pouco responsável da parte de vocês. E acredite, eu sei que a ideia maluca partiu da sua cabeça.

— Tá legal, mas você pode me prometer só mais uma coisa ? — Peço sonolenta.

— O que ?

— Que não vai me deixar sozinha, e que nunca vai se cansar de ser o meu pai.

— Anne... – Tony segura em meu rosto com uma de suas mãos dando um sorriso grande. — Eu jamais deixaria você sozinha, e jamais vou me cansar de ser o seu pai. Por que essa foi a melhor coisa que já me aconteceu em toda minha vida.

— De verdade ? — sorrio.

— De verdade tampinha...

O meu pai é o Tony Stark Onde histórias criam vida. Descubra agora