Capítulo 28

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Narrativa

Tony estava se sentindo péssimo em relação a Anne...a ver chorar lhe despertava um sentimento de impotência e irresponsabilidade. Se sentia culpado por não conseguir ajudar a menina, e ainda mais culpado por ter deixado que todas aquelas perguntas fossem feitas a ela.

—— Anne, por favor não chore... Ninguém vai te levar daqui. Eu prometo que não vou deixar.

— E se eles entrarem na justiça...e se contratarem um advogado bom o suficiente pra conseguir com que me levem de volta aquele lugar. – Gagueja. — Eu não quero, não posso voltar pra lá de novo.

— Eles podem contratar quantos advogados eles quiserem, nenhum deles é melhor que o meu. – Da de ombros. — Além disso, não tem como te levarem de volta, não com tudo o que apresentei a justiça. Você é minha filha Anne, e isso não vai mudar nunca...eu só preciso que você seja sincera comigo, que confie em mim, e me deixe ajudar.

— Estou com muito medo Tony, não deixa, não deixa ele me machucar outra vez. Por favor, eu não aguento mais essa dor, não aguento mais ter pesadelos. – A menina explode como nunca havia feito.

— Eu estou aqui com você pequena Strak, vou te dar apoio em qualquer coisa, tenha certeza disso. – Responde segurando ambas as mãos da menina.
— Tá tudo bem, e seja lá o que for, pode contar com calma, não precisa ter pressa. – Tony entrega um copo de água para a menina que o bebê devagar ainda com as mãos trêmulas.

— Desculpa não ter contato o que houve no colégio...eu Não sabia como, nem por onde começar. – Ela Soluça, recebendo um sorriso fraco de Tony.

— Tá tudo bem minha menina, eu devo lhe confessar que já sei o aconteceu naquele dia. E peço que não se zangue por esconder, pensei que seria melhor assim, não queria ter de fazer você reviver uma lembrança ruim. Prometo a você que isso não ficou impune, eles pagaram pelo o que fizeram. Nunca mais vai te acontecer nada do tipo está bem ? eu não vou deixar... Nunca mais. – Tony acolhe Anne em seus braços enxugando algumas de suas lágrimas.

— Eu senti tanto medo Tony...fiquei aterrorizada com a possibilidade de reviver um trauma. – Soluça. — Mas o menino Aranha apareceu, deu um surra neles, e eu simplesmente sai correndo por aí. Não foi certo, eu sei que não foi...mas eu não pude controlar. – Ela respira fundo, suas lágrimas estavam a cair tão descontroladamente, que nem ao menos lhe restaram brechas para sentir raiva de Peter. — Tem...tem mais uma coisa... – Gagueja.

— Pode dizer, eu estou aqui pra te ouvir. – Sussurra.

— Não me tiraram da escola por que tinham medo que ficasse parecida com você. - Revela emotiva.

— Como assim ? Por que foi então?

— O Hammer ... Ele queria que eu passasse mais tempo em casa, queria se aproveitar de mim, e fez isso durante muito tempo. Foram tantas vezes que eu mal posso contar. – Ela se aperta ainda mais em meio ao abraço. — Eu era muito burra, ingênua e fraca. Não sabia como me defender, nem sabia o que fazer pra parar com aquilo, achava que era minha culpa... E eu não sei Tony, não consigo entender o que fiz de errado... não vou suportar, não vou aguentar passar por tudo aquilo de novo.

— Está me dizendo que aquele imbecil violentou você ? – Era possível sentir a enorme raiva que Tony carregava. Seus olhos tremiam em fúria ao escutar o relato da menina. — Eu vou matar ele, vou Matar aquele imbecil. – Ele se levanta furioso.

— Não... por favor não vai. – Anne segura firme em uma das mãos de Tony o puxando de volta para seu lado. — Eu nunca contei isso pra ninguém, nunca coloquei pra fora o que sinto, e não tenho a menor ideia de como fazer isso sem chorar, não consigo ser forte, então por favor não me deixa sozinha...fica do meu lado, me abraça, e diga que vai ficar tudo bem, por que eu já não consigo acreditar se eu mesma disser. – Soluça. — preciso de você Tony.... preciso que fique aqui.

Ele a abraça forte fechando lentamente seus olhos. — Eu estou aqui filha, não vou deixar você tá bem ?

— Eu...eu achava que aquilo era minha culpa, que merecia passar por tudo isso – Ela engole as lágrimas. — Eu era uma criança feliz, gostava de filmes de princesa, de me imaginar neles. Tinha sonhos, muitos amigos... Mas depois daquela noite, eu nunca mais fui a mesma. – Anne puxa um pouco as mangas de seu moletom, mostrando as marcas vermelhas que tinha em seu pulso. — As pessoas viam as marcas, me enchiam de perguntas repetitivas, perguntas que eu não podia responder. Então com o tempo, eu comecei as esconder.

— Ele fez isso com você também ? – Tony a fita atentamente passando as mãos sob as cicatrizes que cobriam os pulsos e braços de Anne.

— Uma noite ele amarrou meus pulsos na cama...pediu que fechasse os olhos. – Soluça. — Eu fui tão estúpida Tony... Sempre tive medo dele, mas não entendia o motivo, eu o mantinha longe, mas naquela noite fui tão burra. Devia ter imaginado o que ia acontecer, devia ter sido mais esperta...ter contado a alguém o que houve, mas minha mãe não acreditava em mim. Eu não tinha mais ninguém pra contar, talvez merecesse tudo aquilo.

— Nunca mais repita isso Anne. – Fala sério. — Nunca mais diga que foi burra, muito menos insinue que isso de algum modo foi culpa sua. Você era só uma criança...e o único culpado nessa história é o desgraçado do Hammer. Mas eu garanto, garanto que quando eu o encontrar, ele vai me implorar pela vida como nunca fez.

•••

Anne

Após tantos anos guardando toda aquela dor sozinha, sem ter ninguém que pudesse de fato confiar, eu me sentia mais leve outra vez, como se um grande peso tivesse sido arancarando de meus ombros. Apesar de ser difícil, falar a respeito me fez bem. E agora eu nunca mais teria que lidar sozinha com aquele trauma.

— Obrigada por ter me escutado, e obrigada por acreditar em mim. – Dou um sorriso fraco.

— Me desculpe filha... Desculpe por não ter estado lá para te proteger. – Os olhos de Tony se enchem de lágrimas assim como os meus. Seu rosto triste partiu meu coração, de modo que suas lágrimas viraram as minhas também. — Eu devia ter estado lá, devia ter feito alguma coisa para impedir, devia ter te protegido.

— Não chora Pai...por favor não chora. Eu não queria te fazer chorar papai, gosto do seu sorriso – Gaguejo o abraçando forte.

— Você... Você me chamou de pai ? – Ele dá um pequeno sorriso deixando com que suas lágrimas de tristeza se misturarem a um sentimento de alegria e emoção.

— Não foi sua culpa pai. Não quero que se sinta mal por mim, eu te amo muito. E tenho certeza que teria feito de tudo para o impedir.

— Eu também te amo pequena Stark...do fundo do coração...

Me aperto em meio a seu abraço, sentindo todo meu coração se aquecer como nunca havia me acontecido. Me sinto segura, acolhida... E pela primeira vez em muitos anos, eu já não estava sozinha.

O meu pai é o Tony Stark Onde histórias criam vida. Descubra agora