Capítulo 89

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Anne

Estou em um corredor longo, tão longo que era impossível de se enxergar o final. Parecia que não tinha de fato um fim. Como naqueles filmes de terror, em que você corre, e nunca sai do lugar. As luzes estavam piscando, e quanto mais aquilo durava, mais tonta eu ficava, e mais vertigem meu corpo sentia.

—— Anne, está me ouvindo ? – A voz da doutora soava como um Sussurro robótico, que se ecoava por todo aquele extenso corredor. — Me diz o que você está vendo nesse exato momento.

— Eu não tenho certeza, mas parece um setor de hospital. – Respondo ainda caminhando pelo lugar. — Vem cá, o vecna não vai aparecer aqui e me matar não né ? Pq as luzes não param de piscar.

Escuto uma gargalhada abafada ao fundo da voz da doutora, que imediatamente consegui identificar. — Pai...

— Ele está do seu lado, segurando sua mão. E pediu que eu te dissesse que nem o vecna nem nenhum mostro sem nariz vai chegar perto de você.

— Ufa, então isso já anula o Voldemort também. – Dou um sorriso pequeno tentando levar tudo aquilo na esportiva. — Eu não tenho certeza do que fazer, esse corredor não parece ter fim.

— Estamos na sua cabeça Anne, é você quem manda. Só precisa pedir, pense em uma memória que acha ter ficado perdida, e então tente chegar até ela.

— Um... agora sim estou me sentindo a própria Eleven... – Fecho meus olhos suavemente pesando em algo que nem eu mesma sabia o que poderia ser. — Vamos lá Anne...deve ter alguma coisa boa nessa sua cabeça.

Quando abro meu olhos outra vez, o corredor que uma vez foi vazio, agora dava lugar a uma gigantesca quantidade de portas, todas exatamente iguais, tumultuada uma ao lado da outra. — Olha só... – Susurro.

— O que foi ? O que você vê agora ?

— Portas, muitas portas.

— Isso é bom, vamos começar atravessando por uma delas.

— Eu não tenho certeza se essa é uma boa ideia. – Engulo seco olhando para a maçaneta.

— Você não precisa ter nenhum medo. Está segura aqui conosco. E nada do que acontece aí dentro, irá te afetar no mundo real.

— Tudo bem, mas se eu for atacada e virar um tipo de vegetal, eu peço pro meu pai te processar. – Dou alguns pequenos passos em direção a primeira porta, que assim que é aberta, emite uma coloração fosca brilhante.

•••

Quantas vezes eu já não disse a você Pai ? Eu não vou procurar o Stark. Estamos muito bem dessa forma, e com certeza não preciso da ajuda dele.

— Está sendo egoísta Christine, sabe muito bem que esse criança precisa de um pai. E você não tem condições de dar a ela um bom futuro. Ela é minha neta, e como avô, tenho total direito em dizer o quanto está equivocada em se mudar da cidade.

Fico parada em meio ao que parecia ser a sala de uma pequena creche. Havia uma garotinha ao chão, com os cabelos de cor idênticas aos meus. Ela brincava com alguns carrinhos de plástico, trocando as rodinhas de cada um, fazendo algumas combinações diferentes.

NÃO ! Eu não vou contar ao Stark. O Justin será um excelente pai, ele adora a Anne. E nós vamos ser muito felizes fora daqui. Com ou sem o senhor.

— Não faça isso, vai se arrepender se for embora.

— Então, acho que você já tomou sua decisão. vem Anne, vamos embora.

Quando ela segura na pequena mão da garotinha, Finalmente consigo perceber que se tratava de mim mesma. E aquela era apenas uma memória perdida, talvez apenas uma da muitas por trás daquelas portas.

— O que você vê Anne ?

— Foi uma memória curta. Acho que do dia em que nós mudamos de nova York. – Respondo ainda um pouco perdida. — Eu tenho um avô... Eu não fazia ideia disso. — Balanço a cabeça tentando voltar ao foco outra vez.

— Isso é ótimo, você está progredindo. Que tal tentar outra porta agora ?

A segunda porta a ser aberta tinha uma luz um pouco mais forte, me arrisco a dizer que o brilho era tão intenso, que por pouco não parecia amarelo. E diferente da última lembrança, aquilo parecia de fato ser o pátio de uma escola, mas dessa vez com muitas crianças. Todas unidas em um grande círculo.

— Eu vejo crianças, muitas crianças. Acho que estão brincando de detetive.

— Você consegue se ver em meio delas ?

— Acho que sim. – Meus olhos logo se voltam para a garotinha pequena de cabelos castanhos, a qual sacudia os pequenos papéis nas mãos, com bastante precisão.

A não, eu não quero ser vítima de novo.   – Chora. — Eu gosto do detetive. .

— Para de trapacear Anne, você é o detetive em quase todas as partidas, assim fica sem graça. – Outra garotinha de cabelos escuros faz um bico engraçado roubando a atenção para ela.

— Pelo menos assim ninguém pode me matar Kate. Diferente de você, que tá  sempre morrendo.

— Não é verdade, a kamala morre muito mais do que eu.

•••

—  Kate, e kamala...

— Quem são essas ? – Pergunta a doutora.

— Eu Acho que elas eram minhas amigas, antes de eu sair da escola.

— Você está vendo mais alguma coisa importantes nessa memória ?

— Hum...eu acho que... – Quando me viro para trás, em busca de mais alguma coisa relevante, vejo muito brevemente o rosto de Hammer, que passa direto por mim, puxando a pequena eu do passado pelo braço, como se tivesse uma grande pressa para ir embora. O que imediatamente fez com que memória se transformasse em pó, assim como a anterior.

— Anne ? Ainda está comigo ?

— Sim, eu estou aqui. – Suspiro. — Acho que não tinha muito a ver naquela memória.

— Se sente bem pra continuar ? Nós podemos parar por aqui e continuar outro dia se desejar.

— Não, eu tô bem. – Murmuro baixo. — Vou abrir mais uma porta.

— Vai com calma, tente ficar longe das lembranças ruins por enquanto. Isso pode acabar afetando sua concentração e cortar o nosso contato.

— Eu quero me lembrar de mais, quero saber mais sobre minhas amigas, e sobre o meu avô também. – Suspiro ofegante.

— Tudo bem, mas tente manter a calma. – pede passivamente. — Não sabemos o que você irá encontrar lá.

O meu pai é o Tony Stark Onde histórias criam vida. Descubra agora