Criminal | Jeon Jungkook

81. Sem saída

— O quê? — Perguntei em um sussurro após algum tempo calada. Eu não conseguia acreditar no que havia escutado. — Pode repetir?

— Quero que você trabalhe pra mim — suspirou e eu, em choque, engoli em seco. — Compreendo que é assustador e difícil de entender, mas quero que saiba que estou fazendo essa proposta porque não tenho a quem recorrer pra algo tão urgente — olhou para os lados, tenso. O meu corpo estava paralisado. — Conto com um grupo de quatro mulheres pra cuidar da contabilidade da minha base e cada uma delas é responsável por uma parte — respirou fundo. — Com a prisão, estou sem cobertura no setor de limpeza.

— Lim... Limpeza?

— Eu envio parte do meu dinheiro pra algumas empresas que possuo nas Bahamas e essa quantia volta pra mim em forma de investimento estrangeiro em outros negócios — revelou, porém entendi pouco. — Você compreenderá o processo se aceitar.

— Jay, eu não...

— Não responda agora — me interrompeu, deixando-me ainda mais nervosa. — Pense bem.

— Eu não preciso pe...

— Vi que está interessada em aprender a lutar e tenho certeza de que isso está relacionado com a sua nova fase sem a proteção do JK e com a ameaça que é a presença da Hyorin no país — disparou, sem freios. — Você deve estar com medo de precisar enfrentá-la, quer ganhar confiança, quer ser mais firme, quer ser capaz de se defender... — Ele parecia ler os meus pensamentos. Estava totalmente certo. — E eu posso te ajudar.

— Como pode fazer isso?

— Cederei o meu treinador, te acompanharei em algumas aulas e passarei todos os conhecimentos que você quiser ter.

— Você sabe lutar boxe?

— Sim, mas não me refiro a isso quando digo que passarei o que sei — riu. — Falo de passar os meus conhecimentos como um homem experiente no ramo do crime.

— Não quero ser uma criminosa.

— Eu sei disso — também afirmou com a cabeça. — Mas os meus conhecimentos serão extremamente úteis pra você, que está procurando uma fonte pra obter habilidades que um criminoso possui.

— Se eu fizer o trabalho que me propôs, serei uma criminosa.

— Você estará retribuindo uma gentileza — corrigiu-me rapidamente. — Não lembra do que fiz no hospital? Quando te salvei da tentativa de captura do Shin?

— Está cobrando pela ajuda?

— Eu te disse que não cobraria por aquilo — bufou. — Porém, quero que você pense com carinho na minha proposta levando em consideração esse dia — revirou os olhos quando suspirei alto. Os meus braços e pernas estavam dormentes. — Qual é... — Liberou uma longa lufada de ar, um pouco impaciente. — Você pode fazer o serviço de casa, estará usando um notebook especial... Não há riscos!

— Não sou criminosa.

— É metade criminosa — riu fraco. — Você participou de organização de projetos com o JK, já ajudou o JH com os carros, auxiliou o SJ com o conserto de pontos, afrontou um traficante de armas durante o fechamento de um negócio... — Encolheu os ombros. — Eu soube de tudo isso quando estava por dentro do que acontecia no galpão.

— É um tipo de chantagem, então?

— Não — ficou sério. — Eu não estou te obrigando a nada, não estou te ameaçando e nem quero que você aceite o acordo por medo — o seu olhar firme e fixo ao meu indicava que falava a verdade. — Quero que aceite porque acredite que é capaz de fazer o serviço.