50. Mulher de coragem

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— Você vai me deixar em paz depois dessa conversa? — Perguntei ainda receosa.

— Como quiser — respondeu breve. — Venha, vai valer a pena — desliguei a ligação e respirei fundo antes de entregar o celular para o homem.

— Vai me acompanhar? — Ele perguntou ainda com as mãos para cima, completamente parado. Disposta a mudar de ideia se visse alguém, olhei para todos os lugares ao nosso redor e suspirei ao ver que nenhum dos rapazes da base havia acordado. — Sim ou não?

— Vamos logo — murmurei após empurrá-lo para frente, para longe de mim. — Mas eu vou levá-la — me referi ao objeto em minha mão.

— Tudo bem.

Enquanto nos direcionávamos até a saída, olhei para cima uma última vez e tudo continuava silencioso e vazio. Eu teria que ir e enfrentar as consequências da minha decisão. Chega de fugir. Nervosa, respirei fundo mais uma vez na tentativa de me conter e coloquei a arma na parte de trás da calça, como Jeongguk e os outros fazem. Segui o rapaz em passos rápidos até o carro que nos esperava em uma área pouco movimentada da propriedade e ocupei um espaço nos bancos de trás sem demora, decidida a ir logo. A porta do galpão havia ficado aberta e essa foi uma tática escolhida por mim para que todos soubessem que algo aconteceu caso eu não retornasse nas próximas horas.

— Uh! Você é mesmo surpreendente! — Jay sorriu de lado, levantando-se da cadeira do seu escritório gigantesco. — Agora entendi o porquê de o Jeongguk estar caído aos seus pés — riu. — Mas devo acrescentar que você está se perdendo com ele — caminhou vagarosamente na minha direção. — Essa sua coragem poderia ser muito bem aproveitada aqui na minha base.

— O que você tem pra me dizer? — Permaneci de pé ainda fora da sua sala.

— Vá embora — olhou para o rapaz responsável por me trazer, este que não demorou a sair praticamente correndo dali. — Venha, eu não vou te agarrar — recuou alguns passos, encostando-se na borda da sua mesa. — A não ser que você queira — completou em meio ao riso cafajeste.

— Não seja nojento — sentei-me no local que ele indicava com o dedo. Ficamos um de frente para o outro. — Ainda mais nojento — me corrigi.

— Me acha nojento? — Fez um bico ridículo e gargalhou logo após. — Eu adoro mulheres que se irritam fácil demais.

— Por que você me ameaçou? — Fui direto ao ponto, pois não havia vindo até aqui para perder tempo. — Por que me obrigou a ficar no galpão? Por que fez aquele evento pra comprar a minha segurança? Qual é o seu plano?

— Uma pergunta de cada v...

— Vamos, Jay! Diga! — Interrompi-o falando mais alto e sua sobrancelha arqueada juntamente com o pequeno sorriso mostravam-me o quanto ele se divertia com aquilo.

Será que eu fiz besteira de novo vindo até aqui? Será que eu voltaria para o galpão? Ou melhor, será que eu voltaria para a minha casa? E para piorar, lembrei-me de que o meu celular estava descarregado e ficou no meu quarto lá no galpão e que eu só tinha aquela pistola preta para me defender. Ou seja, não tinha direito a nenhuma ligação em busca de socorro. Nada. É... Eu estava muito encurralada. Ao me dar conta disso, notei que as minhas mãos suavam e que eu tinha as pernas levemente trêmulas. Uma péssima hora para ser a cagona de sempre.

— Vamos com calma, garota! — JP ergueu os braços em rendição. — Primeiro, eu gostaria de te parabenizar pela atitude porque ficar se escondendo atrás dos caras não é algo que combina com você, pelo menos é o que me parece — riu fraco. — Mas também devo te dizer que essa situação é perigosa pra você porque vir até aqui apenas com uma arma nas costas... — fez careta enquanto negava com a cabeça, sentando-se de vez na mesa logo em seguida. Eu apenas preferi ficar calada para não piorar a minha situação. — Ou você é muito burra ou é muito ingênua ou confia muito na sua capacidade de autodefesa — sorriu abertamente. — Sabe atirar?

Criminal | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora