Shin Hoseok, o meu ex-namorado. Era ele que estava no comando da lancha lá fora e não havia qualquer dúvida porque eu o reconheceria até entre uma multidão expressiva de pessoas. Foi ele quem coordenou toda a perseguição que sofri nos últimos meses e que, por essa atitude, me causou tanta angústia e medo. Como conseguiu ter a coragem de afirmar que não era o autor das ameaças? Como teve a audácia de me oferecer ajuda? Por quê? Para quê? O nosso término havia sido tranquilo porque assumimos um para o outro que já não mais possuíamos todo aquele sentimento do início e a nossa decisão de romper a relação surgiu justamente do receio de um fim turbulento, tomado por mágoas. Então qual era a motivação daquilo se Shin já não me amava mais? Seria por causa do meu relacionamento com Jeon? Não... Não faz sentido. A primeira ameaça veio muito antes e ela me obrigava a ficar com os rapazes.
O que Wonho queria, afinal?
— Você tem muito o que me dizer, Shin — murmurei ainda tendo o foco nele, que não parava de atirar. Às vezes se escondia atrás de alguma parte interior da lancha, mas logo retornava para disparar contra os rapazes. — Isso não encaixa bem... — Neguei com a cabeça, reflexiva. — Por que me obrigar a ficar no galpão? — Passei as mãos trêmulas pelo rosto e suspirei, aflita. — O que ele quer?
Voltei a observar através da janelinha e o susto de ver que um dos homens que acompanhava Wonho atirava contra a área inferior do iate – a que não ficava debaixo da água – me fez estremecer. A embarcação iria naufragar? Por que me matar? Eu estava aqui dentro e evidentemente valia alguma coisa, já que sou perseguida por eles há meses. Shin teve inúmeras chances de me matar e não o fez, então eu tinha certeza de que o plano não era esse. Mas... Será que desistiu do que queria e agora ordenou que nos abatessem? Não! Não! Eu não posso e não quero morrer! Preciso fazer algo para evitar, tenho que tentar me comunicar e dizer que faço o que for necessário para que ninguém perca a vida hoje. Desesperada, olhei ao redor e busquei qualquer objeto que me ajudasse a quebrar o vidro da janela. Deveria ser pontiagudo para proporcionar um rompimento mais rápido.
— Extintor de incêndio? — Tentei localizá-lo ao lembrar que eu poderia usar a ponta superior para bater no material resistente.
— Não! — Gritaram extremamente alto e a minha atenção se voltou para fora no mesmo instante. Do outro lado, Wonho puxava pelo casaco o homem que atirava contra o iate e o empurrava para dentro da lancha.
— Ele não quer nos matar — concluí, agora suspirando de alívio. — Espero que o iate aguente até estarmos seguros de novo — olhei para trás, ansiosa pela chegada de Jeongguk ou de alguém que me trouxesse alguma informação sobre como resolveríamos aquela situação. — Será que eu devo fazer algo? Tentar gritar, falar com o Shin e dizer que quero conversar com ele? — Angustiada, caminhei de um lado para o outro enquanto os sons dos disparos persistiam. — Isso evitaria a morte de um inocente, não evitaria?
— Querem acertar o senhor JK, então fiquem perto dele pra protegê-lo — atrapalhando os meus pensamentos, uma voz desconhecida falou alto e de forma agitada. Em seguida, muitos passos ecoaram pelo corredor estreito. — Nós temos uma área maior e isso é vantagem na busca por abrigo.
— Acertar o Jeongguk? — Corri até a porta e passei a esmurrá-la na tentativa de chamar a atenção de algum deles. — Eu preciso de notícias! — Continuei batendo firmemente ali. — Por favor! Só me digam se todos estão bem!
— (s/n)? — Ouvir a voz de Jimin naquele momento de temor foi como ter sido resgatada de uma tempestade. — Onde você está?
— Aqui — mantive as batidas, aumentando a força para ser localizada com rapidez. — Última porta.
— Você está bem? — Se aproximou.
— Sim, eu estou — respondi apressada. — Mas... E os outros, Jimin? E o Jeongguk? Alguém foi atingido? E a Somin?
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Criminal | Jeon Jungkook
FanficA expressão "você estava no lugar errado e na hora errada" nunca fez tanto sentido como naquele momento. A entrada repentina dos seis homens empunhando armas poderosas, as ameaças entoadas em gritos, a pressão nos funcionários da joalheria de luxo...