91. O jogo continua

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Mais um mês se foi e levou consigo a Kriti fragilizada e compreensivelmente desolada. A moça ainda continuava de luto – o que era previsível e inevitável –, mas já começava a se esforçar para voltar à rotina e dava sinais positivos. Fiz questão de ir muitas vezes até a base de Jay somente para encontrá-la e dei todo o apoio que julguei ser necessário, sempre respeitando o seu espaço. Nesse tempo, a nossa relação se estreitou mais um pouco e a nossa amizade nos dava indícios concretos de que realmente existia. Somin até ficou com ciúmes! No trabalho, tudo normal. Em casa, tudo dentro da normalidade também. Com Jeongguk, um alerta: nos falamos apenas duas vezes durante esse período. O meu namorado está distante, parece ter muitos problemas para resolver e isso me preocupa. Não receber notícias sobre ele me deixa desnorteada.

— Jackson Wang na área! — Ri ao identificar a voz do meu amigo, que logo estava no meu campo de visão ocupando uma cadeira à minha frente na cafeteria do hospital. — E trouxe algo!

— Quando não traz? — Ele ria também. — Dessa vez é pra quem? Você presenteia todas as suas colegas de trabalho!

— Dessa vez é pra você, bobinha! — Entregou-me uma linda caixinha dourada. Jackson está trabalhando no hospital há três semanas e já está bastante entrosado com os funcionários do seu setor. A empresa que ele trabalhava faliu e o rapaz teve a sorte de ser indicado por um de seus tios para estagiar aqui na unidade como assistente de escritório. — Como você me disse que é apaixonada por chocolate... — Sorridente, encolheu os ombros. — Trouxe um pouco pra animar a sua semana.

— Ah, Jack! — O meu sorriso era gigante agora. — Parece que você adivinhou que eu estava morrendo de vontade de comer um chocolatinho! — Levantei-me para abraçá-lo e ele fez o mesmo, envolvendo-me com carinho logo em seguida. — Muito obrigada.

— Por nada — riu. — Eu gosto de agradar — piscou o olho para mim. — Você é a minha amiga. A nossa relação vai muito além do trabalho, é na vida pessoal também.

— Por que está dizendo isso? — Voltei para o meu lugar e, ansiosa, abri a embalagem bonita.

— Não quero que você pense que tenho outras intenções — nos entreolhamos. — Nós estamos solteiros e eu não quero que fique acanhada por achar que estou sendo aquele babaca do passado.

— Aquilo ficou lá atrás — dei de ombros. — Relaxa.

— Hoje eu te vejo apenas como uma amiga — sorriu mais uma vez. — Uma amiga muito importante, até porque você me ajudou no momento que mais precisei.

— Você vai mesmo ficar lembrando da sua pneumonia? — Nós rimos.

— Serei eternamente grato por sua atenção — manteve o sorriso satisfeito. — Foi tão atenciosa que hoje somos amigos. Não há como ignorar isso.

— Tudo bem... — Fingi suspirar de cansaço e ele gargalhou.

— Sinto que te devo uma, então... — Respirou fundo, estendeu a sua mão para mim e a apoiou na mesa. Atendi o seu chamado e recebi um aperto gentil. — Conte comigo.

— Já disse que é o meu trabalho, Jack — insisti. — Nós nos aproximamos porque eu gostei de você, mas o meu acompanhamento como médica foi algo... — Tentei não ser óbvia, porém era impossível. — Da minha profissão.

— Sim, foi — meneou a cabeça. — Mas eu sinto isso e quero que fique claro. Fim.

— Você é um cabeça-dura de carteirinha carimbada — o rapaz riu e eu o acompanhei. — Quer um chocolate? — Ofereci. — Ainda tenho vinte e cinco minutos de almoço.

— E eu tenho quarenta! — Mostrou a língua como uma criança birrenta e nós voltamos a rir. — Quero chocolate! — Soltou a minha mão para segurar o bombom. — Tem cereja dentro!

Criminal | Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora