Capítulo 04 [ Parte I]

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Capítulo 4 [Parte 1]

Eu lembrei que não podia dormir no escritório,então voltei para casa querendo descansar só que Assim que entrei em casa, me lembrei da existência de Carlos . Era difícil não notar o advogado atarracado carregando um amontoado de documentos escada acima.

-Ah, Carla ! Como foi seu primeiro dia na empresa? - ele quis saber, virando-se para me observar e deixando cair alguns papéis.

- Péssimo! Mas tenho certeza que você já sabia. – subi alguns degraus e o ajudei a recolher as folhas caídas. Lancei um olhar rápido para a papelada; eram antigos documentos de vô Narciso. Entreguei tudo a ele e me afastei um pouco.

- Preciso arquivar tudo isso – ele comentou em voz baixa, como quem se desculpa. – Espero que esteja com fome. A Vicky está na cozinha ajudando a Alice com o jantar.

- Ah- exclamei, sem nada melhor pra dizer. Eu já conhecia Vicky dos jantares que ela acompanhava o marido e que o vovô me obrigava a freqüentar. Não era uma mulher desagradável, apenas um pouco sem
noção é um pouco intrometida também . – Vou... vou dizer oi então.

Comecei a descer a escada, mas Carlos me chamou fazendo minha atenção se voltar para ele .

- Hum Carla Fiz algumas mudanças no escritório do seu avô. Espero que você não se importe.

Eu Não respondi. Desci a escadaria apressada, evitando passar pela porta do escritório. Eu não queria ver as mudanças. Não queria que outra pessoa usasse aquela sala. Não queria nada daquilo!

Vicky estava dando ordens a Alice, e, pelo olhar da cozinheira e o modo como cortava a cenoura com um cutelo, entendi que eu não era a única insatisfeita com os novos moradores da nossa casa .

- Carla , amada! Eu estava ansiosa para ver você- disse Vicky , abrindo os braços e me envolvendo num abraço sufocante. – Uma pena que seu avô tenha partido desse jeito. Eu sinto tanto!

- Hãã...obrigada,Vicky

-Mas não se preocupe com nada. Vou cuidar de tudo pra você – ela me soltou, dando um tapinha em minha bochecha. – Vamos viver como uma família! Você, o Carlos e eu seremos muito felizes, pode apostar. Adorei a decoração do seu quarto. Foi você mesmo que escolheu as cortinhas?

- Você entrou no meu quarto quando eu não estava aqui ? – perguntei horrorizada.

Ela acenou com a mão fina e cheia de anéis.

- Só para conhecer melhor a casa. Aquele seu closet é maravilhoso. Falei com Carlos sobre ele. O que temos no nosso quarto não é tão espaçoso.

Pisquei, atordoada. Nosso quarto? Desde quando Vicky e Carlos tinham qualquer coisa que fosse deles na casa do meu avô? Na minha casa?

- Partes dos meus sapatos ainda esta em caixas- ela prosseguiu. – O carlos sugeriu que eu usasse o closet do quarto ao lado, mas prefiro ampliar o nosso quarto e ter todos os meus lindinhos pertos de mim. Você não se importa, não é? Aquele quadro sobre sua cama é um legitimo Renoir?

- Hã...é- resmunguei atordoada.- Vicky sem parecer grossa , se você não se importar, gostaria que não entrasse no meu quarto enquanto eu estiver fora .não quero ninguém entrando em meu quarto .

- Ah, Amada! Eu não quis ser enxerida! –ela tentou me abraçar, mas me esquivei rapidamente. – Só quero que sejamos amigas. Melhores amigas. Pode me chamar de mamãe se quiser.

- A menina já tem mãe,sua intrometida - Alice resmungou, fincando o cutelo na tabua de carne e abrindo a geladeira à procura de alguma coisa. Lancei-lhe um agradecimento mudo.

- Eu Vou tomar banho- eu disse, desejando escapar de Telma o mais rápido possível.

- Ah, maravilha! O jantar esta quase pronto, não é mesmo, Alice?

- Sim, senhora- a cozinheira grunhiu, lançando um olhar perigoso para a mulher. Vicky precisaria tomar cuidado com Alice enquanto ela tivesse com o cutelo assim, a mão. – Mas sugiro que me deixe terminar o jantar. Faço isso há anos, não preciso de supervisão.

Vicky soltou um risinho estridente

- Ah, amada, claro. Fiquei tão empolgada que não percebi que estava atrapalhando. Que lapso! – ela alisou com tapinhas gentis a franja empinada e dura de laquê. – Vou ajudar o Carlos com a mudança no escritório. Me desculpe, Carla , mas o seu avô não tinha o menor bom gosto. Aquela sala precisa de cor!-
ela me deu um beliscão na bochecha antes de sair remexendo os quadris esguios.

Retirei o cutelo da tábua.

- Vamos, Alice. Você segura e eu faço o resto.

- Não, menina! – ela disse, segurando meu braço e rindo um pouco. - Eu gosto do seu plano, mas acho melhor deixar essa mulher viva. Se você for para cadeia outra vez, duvido que o Carlos te ajude. Eu não gosto desse homem. – Ela estreitou os olhos em direção a sala, de onde vinha a voz estridente de Vicky . – Nem da mulher dele.

-Eu também não, Alice. Mas não quero o seu dinheiro. Vou me virar sozinha dessa vez e provar que o meu avô estava errado a meu respeito.

- Espero que não se meta com nada ilegal.

Revirei os olhos

- E quando foi que eu fiz isso? - Assim que ela abriu a boca para responder, dei um beijo rápido em sua bochecha e saí correndo antes que ela pudesse me lembrar da bomba no banheiro do colégio que Viviane e eu acidentalmente detonamos. A oitava serie não foi tão ruim assim afinal...

Tomei um banho demorado, desejando evitar o confronto com minha nova babá e sua adorável mulher. Por fim, desistir. Aquela coisa de acordar cedo- e trabalhar o dia todo- tinha me deixado faminta e eu fui comer mesmo tendo que lidar com a presença de Carlos e de sua mulher insuportável.

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Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora