Capítulo 17
[Parte 1]
Depois daquela noite reveladora – de minha parte, pelo menos -, decidi que Arthur e eu poderíamos ser amigos, afinal estávamos nos ajudando, era natural que nos entendêssemos melhor. Não que eu o quisesse louco de amores por mim ou algo do tipo, mas que mal faria se de repente nos tornássemos tão íntimos que ele não pudesse mais viver sem mim?
Naquela manhã, Arthur foi chamado para uma reunião com a diretoria. Parecia tenso ao subir até o nono andar. Sarah , a garota do decote, que hoje usava outro modelito nada recatado, aproveitou para se aproximar da minha mesa.
- Estão decidindo quem vai ser o diretor de Comex – comentou ela. – O Arthur tem boas chances de poder ganhar a promoção .
- Ele é muito competente – eu disse desinteressada. Continuei trabalhando numa planilha supercomplicada e esperava não cometer erros dessa vez. O cancelamento do imenso pedido dos argentinos ainda fazia Karol estremecer.
- Será que ser marido da futura herdeira desse império não tem nada a ver com isso? – ela sugeriu.
Levantei os olhos. Um sorriso venenoso brincava em seus lábios cheios.
- Entendi mal ou você está insinuando que o Arthur pode ser promovido por ter se casado comigo e não pela capacidade dele?
- É você quem está dizendo... – ela levantou as mãos, as palmas viradas para frente, exatamente como faz um jogador de futebol depois de uma entrada maldosa que quebra a perna do adversário em dezoito
pedaços.Levantei-me bruscamente. Ela recuou um passo, assustada.
Bom!
- Escuta só – comecei, a voz baixa e contida. – Caso você ainda não tenha notado, eu sou uma simples secretária , com um salário certamente menor que o de qualquer um neste andar. Se o Arthur fosse esperto, teria ficado longe de mim.
- Convenientemente, depois de alguns meses de casada, você vai receber a sua fortuna e assumir os negócios do seu avô, não é? E não fui eu quem inventou essa história, é o que todo mundo anda dizendo – ela deu de ombros – Que o Arthur deu o golpe do baú na princesa mimada e sem cérebro que é herdeira de seu Pedro .
Apoiei as mãos na beirada da mesa e me inclinei ligeiramente em sua direção.
- Você está indo longe demais, Sarah . Estou avisando.
- Eu andei observando vocês. Pra mim não existe nenhum tipo de relacionamento entre vocês dois. Não me convenceram. Na verdade, acho que esse casamento não passa de uma grande piada. Mas não se preocupe, a verdade sempre aparece. Mais cedo ou mais tarde – ela sorriu enquanto voltava para sua
mesa.- E quando a verdade aparecer pode ter certeza que eu estarei do lado dele.Claro que não consegui me concentrar em mais nada depois disso. Refleti por um bom tempo, na tentativa de descobrir quem poderia ter iniciado o boato, e me perguntei se Arthur já o tinha ouvido.
Eu o esperei no corredor, impaciente. Levou séculos para que ele aparecesse. Interceptei-o assim que ele saiu do elevador.
- Precisamos conversar – e o peguei pelo braço arrastando-o até as escadas que ninguém nunca usava.
- Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou.
- Como foi a reunião?
Ele sorriu, animado.
- Os diretores marcaram um jantar para sexta-feira. Eles vão decidir quem vai ocupar a vaga de um jeito mais informal. Do jeito que o seu avô costumava fazer. Estou no páreo.
- Isso é ótimo! – Olhei ao redor para me certificar de que estávamos sozinhos. Puxei Arthur mais alguns passos, parando atrás de um pilar largo. Não havia como sermos vistos ali. – A Sarah me disse uma coisa agora há pouco.
- Que tipo de coisa? – ele perguntou, inseguro. Que estranho...
- Ela insinuou que você casou comigo para ser promovido e que o boato tá rolando na empresa toda – bufei. – Garota mau-caráter! Tive vontade de enfiar meu sapato na cara dela...
Suas sobrancelhas se franziram.
- Por quê? – ele quis saber
- Como assim, por quê? Ela acha que você deu o golpe do baú, quando na verdade sou eu que estou te usando para conseguir minha fortuna de volta.
Ele riu suavemente.
- Fico muito comovido que você queira me defender dessa forma, Carla . Não imaginei que você fosse capaz disso. Mas a Sarah está certa. Eu casei com você para tentar ser promovido. E não me importo muito com o que ela diz.
- Tá, mas você trabalhou duro. E meio que foi obrigado a casar comigo por culpa das ideias absurdas do meu avô. – Vovô deixara muita confusão para trás. Eu lhe diria poucas e boas na próxima vez que ele invadisse meus sonhos. Se é que ele voltaria a aparecer. – E todo mundo parece saber que o nosso casamento é uma farsa. Não faço ideia de quem espalhou isso por aí, mas o fato é que acham que você é um golpista.
Ele refletiu por um momento antes de responder tranquilamente.
- Não me importo com isso também. Desde que não traga complicações para nós dois, claro. Eu trabalho duro aqui na empresa. Acho que fiz por merecer a promoção, certo? Vamos fingir que não sabemos de nada.
- Essa é a coisa mais ridícula que você já me disse – cruzei os braços sobre o peito. – E você já me disse muita coisa ridícula!
Ele riu.
- Se a gente tentar se justificar, o que você acha que vai acontecer?
- Vão saber que eu não levo desaforo pra casa?
- Todo mundo aqui já imagina isso,Carla – ele sorriu. – Além disso, aposto que, se a gente começar a se justificar, todo mundo vai ter certeza que somos mesmo uma fraude. O melhor agora é não dar bola.
Deixar que falem até cansar e mudem o foco para outro boato.- Você acha que o Carlos já ouviu os rumores?
- Tenho certeza que sim. Mas vamos deixar tudo como está. Confia em mim. – E, por mais louco que pudesse parecer, eu confiava. – Você pode jantar comigo na sexta?
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Procura-se um marido-Carthur (Finalizada )
Ficção GeralSinopse: Carla Carolina Moreira Diaz sabia como curtir a vida,ela já havia viajado o mundo todo.Ela é mimada e inconsequente,ama uma balada e é louca pelo seu avô,Um rico empresário de grandes posses e de quebra a única família da garota. Como o seu...