Capitulo 32

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Capítulo 32

Assim que cheguei à L&L naquela manhã, notei olhares diferentes. Não havia mais hostilidade neles, e até vi alguns sorrisos tímidos e acenos de cabeça. Estranho, já que ninguém nunca falava, sorria ou acenava para mim sem que fosse estritamente necessário.

- Arthur , tem alguma coisa na minha cara? – perguntei enquanto seguíamos pelo corredor em direção ao
nosso setor.

Ele examinou meu rosto atentamente.

- Não.

- Humm...

Ele não pareceu notar a diferença no ambiente. Na verdade, não notava muita coisa em mim desde a noite anterior. Como eu esperava, ele estava mais distante do que nunca. Pela manhã , agira como todos os dias, prestativo e educado, como se nada tivesse acontecido entre mim, ele o sofá. Nem sombra do homem apaixonado que me beijara com tanto arrebatamento menos de dez horas antes. Eu teria que cavar fundo se quisesse trazê-lo à tona outra vez.

- Oi, Carla . Eu estava pensando se você... quer almoçar comigo – uma oriental baixinha de olhar arredio, que nunca tinha falado comigo antes, convidou, parecendo nervosa. Era uma das secretárias do segundo andar.

- Hã... Eu... Como é mesmo seu nome? – perguntei.

-  Vitória – ela sorriu, sem graça. – Desculpa não ter me apresentado antes.

- Relaxa. Humm... Tá bom. Vamos almoçar, sim.

- Ótimo! – ela sorriu e seguiu em frente.

Olhei para Arthur , que finalmente notou a diferença.

- Estranho, não acha? – indiquei a garota com a cabeça.

- Talvez – ele disse, pensativo. – Parece que você conseguiu furar a geleira.

- Mas como? Eu não fiz nada de diferente nos últimos dias.

- Quem sabe finalmente viram quem você é de verdade – ele deu de ombros.

- Duvido muito.

Diversas pessoas me convidaram para sentar com elas na hora do almoço, para nos conhecermos melhor, para saberem mais sobre mim, para me darem dicas de como passar ilesa pelo RH caso eu me atrasasse outra vez. Era como se, do nada, todos tivessem esquecido a repulsa gratuita que sentiam por mim.

Fiquei desconfiada quando entrei no refeitório para almoçar, mas Amaya estava sorrindo, ansiosa, a uma mesa perto da janela.Arthur  se juntou ao pessoal do Comex e fui me sentar com ela.

- Pensei que você não fosse querer falar comigo, depois da forma como te tratei – começou ela, sem graça.

- Você fez alguma coisa que eu devesse me lembrar? – comi um pedaço de frango frito.

- Bom... não – ela disse constrangida, olhando para a bandeja. – Mas exatamente por isso você devia estar chateada. Ninguém aqui fez o mínimo esforço para te conhecer.

- Nem notei, Vitória– menti, sorrindo. Estava intrigada com a súbita mudança e queria saber o que ela
pretendia.

No entanto, acabei não descobrindo nada.Vitória  deu início a uma sessão interminável de perguntas – o que eu estava achando do emprego, como era minha vida antes de vovô morrer, com o era meu relacionamento com ele, de que tipo de filme eu gostava, o que estava lendo, o que eu preferia, Louboutin ou Jimmy Choo. E ficou bastante surpresa quando eu disse que na verdade gostava mais de sapatos nacionais, de preferencia sem salto.

- Ah, meu Deus! Eu também! – ela exclamou, como se tivesse acabado de descobrir o Santo Graal. – Eu pensei que você fosse metida a besta e só usasse grifes internacionais! Caramba! A Júlia tem que ouvir isso – e gritou por Júlia, uma garota bonita e tímida que se escondia atrás de grandes óculos de grau.

Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora