Bonûs

106 15 9
                                    

Capítulo 22

[Parte 1]

- Vai, conta tudo. E é melhor caprichar nos detalhes tórridos se quer mesmo que eu perdoe sua mancada – exigiu Vivi como ela gostava que eu a chamasse e não de Viviane assim que Arthur  se afastou do shopping Center, indo à procura de um tênis novo de corrida. Ele havia se oferecido para me levar às compras depois do expediente, já que eu lançara sobre ele o dramalhão eu-ônibus-pesadelo.Arthur achava divertido meu pavor do transporte coletivo. Eu desconfiava que ele não conhecia o maravilhoso sistema de transporte público suíço.

- Não tem muito que contar...- eu disse a ela.

- Ãrrã. O Arthur  me fala que vocês estão juntos no mesmo quarto, depois de um jantar megarromântico, e hoje você aparece aqui, com esse sorriso besta na cara e seu marido super-hot a tiracolo, como se não fosse nada de mais. Conta logo e não me obrigue a usar a força.

- Os pais dele jantaram com a gente, Vivi . Como pode ter sido romântico?

- Você pediu! – ela disse, os olhos se tornando maiores e mais brilhantes, a boca ligeiramente trêmula, os ombros caídos. Suaves gemidos de dor profunda ecoavam em seu peito.

- Tá bom! – revirei os olhos enquanto subíamos pela escala rolante. – Pode parar com o drama! O Arthur preparou o jantar e me apresentou pra família dele como sua Carla , seja lá o que isso quer dizer. Conversamos até tarde. Só isso. Eu e ele almoçamos juntos hoje e depois ele se ofereceu para me trazer ao shopping, pois precisava comprar uma gravata para jantar de manhã com a diretoria e um tênis de corrida. Os pais dele já foram pra casa. Pelo que entendi, eles vivem numa chácara a poucos quilômetros daqui e vieram até a cidade levar o Christopher para fazer alguns exames. Ele sofreu um acidente há pouco tempo. Gostei muito deles, são pessoas superbacanas. Como eu disse, não foi nada romântico.

- Ai,Carla . Assim você estraga todos os meus sonhos! Quero saber da primeira noite. Como foi? Não rolou nada, nadinha? Um roçar de mãos, um olhar diferente, uma mão boba na madrugada, nadica mesmo?

- Não. Quer dizer...- desviei os olhos dela – a gente conversou um pouco no escuro, depois o Arthur dormiu e no meio da noite meio que me abraçou e sussurrou meu nome uma vez. Ainda estava me abraçando hoje de manhã. Fingi que estava dormindo quando ele acordou. Ele não tocou no assunto, nem eu.

Eu acordara estranhamente mais cedo que de costume naquela manhã. Talvez fosse pelo calor que me envolvia. Era delicioso demais para permanecer inconsciente. Arthur  ainda estava com o braço em minha cintura, me segurando possessivamente contra seu corpo. Coloquei minha mão sobre a dele,
aconchegando-me mais. Logo em seguida, ele despertou. Eu soube que ele havia acordado pela tensão que dominou seu corpo e pela...hã...movimentação rígida e pulsante contra meu quadril. Mantive os olhos fechados quando ele gentilmente tentou puxar o braço. Segurei-o mais firme, impedindo que se afastasse, e inspirei profundamente. Ele esperou alguns segundos antes de puxar a mão outra vez, com muito cuidado para não me despertar. Mas, ao descer da cama, bateu em alguma coisa e praguejou baixo.

Abri os olhas, fingindo que acabara de acordar.

- Arthur ?

- Desculpa, Carla . Eu tropecei na minha maleta. Bom dia − disse ele, pegando roupas limpas no guarda-roupa.

- Bom dia – me estiquei toda e bocejei. – Caramba, sua cama é ótima! Nunca dormi tão bem.

- É um ótimo colchão – sua voz não tinha entonação alguma.

- Eu não te chutei nem nada, certo? Tenho o sono um pouco agitado. Pelo menos é o que a Vivi diz – cutuquei, esperando ver algum tipo de reação e me decepcionando instantaneamente.

- Mesmo? Nem notei que você estava na cama. Dormi feito uma pedra.

Ele jamais confessaria que dormimos abraçados quase a noite toda. E não havia por que pressioná-lo. Nosso relacionamento era estritamente profissional.

Vivi suspirou, me tirando do devaneio. Seus olhos brilharam.

- Uh! É disso que eu to falando, garota! – disse, satisfeita com a pequena intimidade que eu havia tido com meu marido. Um sorriso enorme coloria seu rosto.

Revirei os olhos.

- Viviane eu já passei da adolescência faz um certo tempo.

- Eu não me importo. O que mais? Ele usou o que pra dormir? Como foi o abraço?

- Short, regata, conchinha. Só isso.

- Ah, meu Deus! Como assim, conchinha?

- Ele estava inconsciente. Deixa isso pra lá – me queixei, saindo da escada rolante e seguindo em frente.

Ela estreitou os olhos.

- Você está escondendo alguma coisa.

Suspirei. Por que Viviane tinha que me conhecer tão bem?

- Tudo bem. Ele passou o dia me mandando piadinhas pelo chat – comentei, deslizando o dedo por uma das vitrines sem realmente vê-la.

- Que tipo de piada?

- Daquelas bem bobinhas – eu disse, sem encará-la.

- E você gostou! – ela comentou satisfeita.

Soltei os ombros, desanimada, e encontrei seus olhos sorridentes.

- O que está acontecendo comigo?

- Ah, meu Deus! Ah, meu Deus! – ela pulou no lugar.

- Eu sei! Mas eu não estou apaixonada! O Arthur só é muito mais legal do que eu podia imaginar. O que sinto por ele é...só atração – confessei.

- É vamos encarar os fatos, eu seria louca se não me sentisse atraída por um cara como ele. O Arthur é tudo aquilo e...Não me olha com essa cara, Viviane ! Nem começa!

- Eu disse alguma coisa? Você me ouviu dizendo alguma coisa? Eu não disse nada – ela ficou séria, com o olhar inocente – demais -, e deu de ombros.

- Vamos comprar logo essa porcaria de cortina!- resmunguei, totalmente ciente de que ela não acreditava em nada do que eu dissera. Pelo menos em relação ao que eu senti por Arthur .

Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora