Capítulo 25
[Parte 1]
Eu havia imaginado aquilo? Havia imaginado que meu avô me acariciara, daquele jeito só dele? Claro que sim. Que outra explicação haveria? Precisei de alguns minutos para me recuperar. Ainda confusa, saí do banheiro e encontrei Arthur me esperando do lado de fora, encostado na parede, com o rosto transbordando de preocupação.
- Eu juro que quase invadi o banheiro pra ir atrás de você – ele falou urgente, o rosto ansioso. - O que está acontecendo? O que te fez dizer aquelas coisas aao Hector? Por que você está com essa cara?
- Eu... não sei bem... - Eu tinha que contar a ele sobre a manipulação do resultado por parte de Carlos e a história do testamento. Aquilo dizia respeito à vida dele também, era a coisa certa a fazer, mas ali não era o lugar apropriado. Se é que existia um lugar apropriado para isso, o que eu duvidava. - Me irritou a forma como o Carlos se comportou. Como se ele próprio fosse o vô Pedro . Ele até cruzou as mãos
embaixo daquela papada toda, do mesmo jeito que o meu avô fazia quando ponderava algo importante, você viu aquilo? Que cara de pau!- Vi e também achei inadequado - seu rosto relaxou um pouco. - Se você quiser, podemos ir pra casa. Já pediram as sobremesas e disseram tudo que era necessário. Acredito que não tenha mais nada de relevante.
Engoli em seco ante a pontada de decepção em seus olhos castanhos caleidoscópicos.
- Arthur , eu sinto muito. Mesmo! Muito mais do que você pode imaginar.
- Não se preocupa. Não era pra ser dessa vez - ele deu de ombros.
Mas era! Eu sabia que era. Vovô teria escolhido Arthur .
- Outras oportunidades vão surgir - continuou ele. - E o Jeferson é um excelente profissional. Foi uma boa escolha.
- Você não se importa mesmo de irmos pra casa? - pedi- Nem um pouco - ele respondeu e colocou a mão em minhas costas nuas com gentileza, me fazendo estremecer ligeiramente enquanto me guiava até a mesa para nos despedirmos.
Arthur inventou uma dor de cabeça para Hector e lamentou ter que deixá-los. Despedi-me cordialmente de todos, menos de Carlos . Arthur também não foi muito efusivo ao se despedir dele, mas isso já não era surpresa.
Ele abriu a porta do carro para que eu entrasse e dirigiu com cuidado pelas ruas quase vazias.
- Andei pensando e acho que foi melhor eu não ter sido promovido. Quer dizer, quem ia te ajudar com as planilhas? - comentou num tom brincalhão.
Eu ri um pouco, satisfeita por ele não se deixar abater.
- Isso é verdade. Ninguém ia me ajudar, já que não gostam de mim naquele lugar.
- Claro que gostam. Você assusta as pessoas com esse seu jeito decidido e espontâneo, mas é só isso. O Paulo te acha uma comédia.
- Claro que acha. Ele me viu sair no braço com a copiadora.
Arthur riu.
- Ele me contou, Disse que devia ter filmado pra colocar no YouTube. Mas sabe o que eu acho?
- O quê?
- Que você não deu abertura pra ninguém se aproximar. Quando você baixar a guarda, vai ver que tem muita gente louca por você e você nem desconfia.
Era incrível como Arthur encarava tudo com tranquilidade. Fiquei orgulhosa demais dele. No entanto, ele não conseguir sua tão sonhada promoção implicava muitas outras coisas. Eu não queria perguntar, porque tinha medo do que poderia ouvir. Mas essa era uma pergunta inevitável. Se eu não tocasse no assunto, ele o faria. Mais cedo ou mais tarde.
- Arthur - comecei, minhas mãos tremiam e um nó na garganta tomava difícil falar com clareza. - Acho que deu tudo errado, você não tem mais motivo para continuar com... o nosso acordo.
Ele me olhou surpreso.
- Não deu tudo errado - disse firme e sinceramente. - Digamos que houve um adiamento.
- Você entendeu o que eu quis dizer - sussurrei. – Não precisa mais ser meu marido.
- Mas eu quero! Eu gosto de você,Carla . Eu sei que parece loucura, mas gosto! Você é uma pessoa admirável. Quero te ajudar a refazer sua vida, a recuperar cada centavo que seu avô deixou e o que mais precisar. - A intensidade em sua voz não deixava margem para dúvidas. - Não vou te deixar sozinha. Eu sempre honro meus compromissos. Vou cumprir nosso trato até o fim, não importa o que aconteça – ele
me lançou um olhar que me fez parar de respirar, tamanhas eram a força e a ternura ali contidas.Suspirei, encostando a cabeça no banco de couro, sentindo pela primeira vez que poderia contar com Arthur para qualquer coisa. Que ele estaria ali para me estender a mão e me amparar. Que cuidaria de mim, a seu modo. Que eu não estava sozinha.
A cálida ternura que eu senti por ele ganhou proporções gigantescas naquele momento, até que se tornou insuportável e achei que eu fosse explodir em um milhão de cores. O nó na garganta e o tremor em meu corpo me fizeram juntar as mãos firmemente sobre o colo, para que eu não o abraçasse e enterrasse a cabeça em seu pescoço, como queria desesperadamente fazer. Naquele instante, tudo o que eu queria era ficar naquele carro, conversando com Arthur até o fim dos meus dias, sem me importar se tinha um emprego medíocre. Sem me importar se teria que ir e vir de ônibus todos os dias. Contanto que ele estivesse comigo, tudo bem pra mim.
Eu queria Arthur por perto. Muito perto. E não apenas por mais alguns meses, como nosso acordo previa. Eu queria que ele fosse feliz, por isso me incomodara tanto a atitude de Carlos . Eu queria ver Arthur sorrir e iluminar meu dia com aquela luz quente que emanava de seus olhos. Queria poder lhe dar a segurança que ele me dava. Esperava poder retribuir todas as mínimas coisas que ele fizera por mim desde que tínhamos nos conhecido. Ansiava por fazer com que ele sentisse as coisas maravilhosas que despertava em mim toda vez que me olhava ou sorria. E, ah, eu desejava tocá-lo. Desesperadamente. Desejava correr as mãos por seu peito, sentir seu coração batendo acelerado sob minha palma, ouvir meu nome em seus lábios. Desejava-o de muitas maneiras. De todas as maneiras...
Oh, Deus! Vivi estava certa!
Eu o amava! Desesperadamente! Estava completamente apaixonada por meu marido.
Que merda!
Essa constatação me deixou em pânico. Eu me remexi no banco do carro, roí as unhas, sem conseguir ver nada à minha frente. Eu amava Arthur . Droga! Droga! Droga!
Quando isso tinha acontecido? Como eu havia permitido que acontecesse? Tudo bem, eu já admitira que Arthur era lindo e um bocado atraente, mas sentir atração por alguém é muito diferente de amá-lo. Muito diferente. Absurdamente diferente! Quer dizer, ele não havia tentado me seduzir nem nada disso, não dera nenhum sinal de que tinha interesse por mim. Nosso relacionamento era profissional - bom, quase sempre - e, apesar de Arthur ser um cara completamente diferente do que eu havia imaginado, isso ainda não era razão para amá-lo. Mas, droga, eu o amava! E provavelmente há certo tempo, só não me dera conta disso até aquele momento.
Nossa carlinha está apaixonada e agora o que ela irá fazer
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Procura-se um marido-Carthur (Finalizada )
Fiksi UmumSinopse: Carla Carolina Moreira Diaz sabia como curtir a vida,ela já havia viajado o mundo todo.Ela é mimada e inconsequente,ama uma balada e é louca pelo seu avô,Um rico empresário de grandes posses e de quebra a única família da garota. Como o seu...