Capítulo 23 [Parte 1]

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Capítulo 23

[Parte 1]

A danceteria não era muito grande, mas era bastante estilosa. Havia muitos detalhes cromados nas paredes pretas, o que dava um efeito bacana às luzes em tons de rosa, azul e amarelo, que pareciam vir de todas as direções, inclusive do chão. Já Arthur  parecia muito deslocado, olhando para os lados, desconfiado, por isso Viviane  e eu nos dedicamos a lhe apresentar alguns copos de tequila antes de nos soltar na pista. Ele se recusou a dançar e permaneceu ao lado do bar.

Viviane sempre fora minha parceira preferida de balada. Tinha a mesma fome de sacudir o corpo que eu, a mesma sede de álcool, com a diferença de ser menos expansiva quando estava bêbada.

- O Arthur está olhando para você  aliás ele não tira o olho de você – ela disse em meu ouvido.

- Está? – voltei os olhos em sua direção.

Através do pisca-pisca incessante das luzes coloridas e dos corpos em movimento, ele me encarava com o rosto sério, os olhos intensos. Levantou o copo e fez um pequeno movimento com a cabeça.

- Vai lá. Cola nele.

- Hã... Não sei não, Viviane . Acho que não é uma boa idéia. – Especialmente dada a quantidade de álcool correndo em meu sangue. Talvez eu dissesse alguma besteira.

Ah, deixa de ser covarde. Ih, preciso ir ao banheiro! – Ela me deixou plantada na pista, indo na direção oposta a dos sanitários.

Achei que seria muito rude de minha parte não ir falar com Arthur , já que tinha ficado ali sozinha, de modo que, meio por acaso, acabei indo parar ao seu lado. Subi no banco alto, apoiando os cotovelos no balcão, de frente para a pista lotada.

- E aí, vai ficar de canto a noite toda? – perguntei.

- Hã... Acho que encontrei um bom lugar. – Seu rosto examinava a casa noturna. – Bacana isso aqui.

Eu ri.

- Não precisa fingir, Arthur . Eu sei que você não gostou e que não é sua praia,e que você está fazendo isso só para me agradar – acusei.

- Não, não. Eu só... Tudo bem, não gostei – ele sorriu um pouco. – É muito caótico pra mim. Gosto de lugares calmos, onde eu possa tomar minha cerveja e ouvir meus próprios pensamentos.

- Acho que é esse o seu problema, Arthur . Você pensa demais. Vem dançar. – Levantei-me e tentei puxá-lo pelo braço. Eu teria mais sucesso se tentasse mover a pilastra cromada ao lado dele.

- Isso é exigir demais, Carla,nem dançar eu danço  – ele disse, mas sorriu. – Vou ficar por aqui. Vá se divertir.

Frustrada, dei de ombros. Peguei mais bebidas e voltei para a pista. Chocada, olhei ao redor. Ninguém parecia notar como o chão balançava, feito o convés de um iate. Muitas doses depois de Viviane  voltar, enquanto eu observava Arthur  a distância e desviava o olhar quando ele me flagrava ,ele sempre me flagrava -, uma garota se aproximou dele, toda sorridente, jogando os cabelos e tocando seu braço numa conversa sussurrada ao pé do ouvido.

De repente, toda a alegria causada pelas doze doses de tequila me abandonou.

- Quero ir pra casa, Viviane  – eu disse, com os olhos ainda presos na cena que se desenrolava entre Arthur  e a loira de peitos enormes com um vestido menor que os peitos dela onde podia até ver o útero dela.

- Tão cedo? Por que ago... – ela seguiu meu olhar. - Ah, meu Deus. São todos um bando de filhos da p...mesmo

Alguém me puxou pelo braço.

- Tô te sacando faz algum tempo, gata – falou o rapaz de estatura média e camiseta com as mangas dobradas, provavelmente na intenção de exibir os músculos inexistentes.

- Cai fora – falei, com a voz meio enrolada.

O magrelo riu, parecendo deliciado com minha rejeição.

- Adoro mulher geniosa – ele disse, enlaçando a minha cintura e aproximando o rosto do meu. O odor de uísque me acertou em cheio.

- Quer me soltar? – exigi, tentando me afastar. Seus olhos estavam muito abertos, as pupilas dilatadas, a pele avermelhada, o nariz fungando. Havia mais do que uísque na corrente sanguinea daquele cara, por
isso sua força era tão maior que a minha.

- Você me quer, gata. Eu posso ver em seus olhos.

Eu tinha esquecido que a cocaína sempre faz o usuário se sentir o ser mais sexy do universo. E,
definitivamente, não era esse o caso daquele cara.

- Me solta. Agora!

- Vamos pra algum canto, gata – ele inclinou a cabeça. Não faço idéia se ele pretendia me beijar, ou apenas se apoiar em mim, ou o que fosse. Mesmo com os reflexos um pouco alterados, consegui levantar o joelho esquerdo e acertá-lo na virilha. Ele me soltou imediatamente. Viviane  me pegou pelo braço e começou a me arrastar para o outro lado da pista, mas havia muita gente em volta. O cara se recuperou rápido e se colocou na nossa frente.

- Espera um pouco. Isso não foi legal – resmungou, um pouco ameaçador demais para o meu gosto.

- Algum problema, Carla por aqui ? –  Arthur  exigiu saber, surgindo do nada, bem atrás do cara.

- Tuuudo sob controle – gritei, com a voz engrolada. – Pode voltar pra sua loira turbinada e me deixa aqui com essa morena gostosa.

Ele me ignorou, encarando o magrelo de cima, parecendo furioso.

-Ah – disse o rapaz. Os olhos alucinados corriam em várias direções. – Não precisava chamar seus amigos.

- Ela não me chamou – disse Arthur  calmamente, colocando-se entre mim e o cara. – Mas você parece não entender que ela não quer que você encoste nela. Estou aqui para te ajudar a entender.

- E você é quem? O pai dela? – o magrelo empurrou Arthur , que não se moveu porém dava para ver que ele estava com raiva .

- O marido dela,está bom para você !. – Sua voz soou tão apavorante, mesmo com a batida eletrônica se sobressaindo, que arrepios subiram e desceram por meu corpo.

Ciúmes de você,ciúmes de você

Eita eu falei que essa balada ia dar o que falar

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Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora