Capítulo 31 [Parte 1]

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Capítulo 31

[Parte 1]

Minha cabeça estava a milhão enquanto Arthur  dirigia de volta para casa. Ele me desejava. Tudo bem, não era amor, eu sabia a diferença entre uma coisa e outra. Talvez não fosse nem mesmo paixão, mas já era um indicio de que eu o afetava, assim como ele me deixava fora do ar. E para minha alegria, Arthur  havia deixado bem clara a equação: bebida + eu = beijos lascivos, me dando assim uma pista de como agir. Eu só precisaria encontrar a hora certa. O que não significava que eu ficaria esperando, passiva. Não mesmo! Eu tiraria vantagem do poder recém-descoberto da maneira que pudesse, até que ele estivesse na minha cama de motel vagabundo, desde que estivéssemos os dois sobre ela.

Liguei o rádio. Música sempre me ajudava a pensar, e até aquele instante não havia me ocorrido nenhuma estratégia para seduzi-lo

- Se quiser, tem alguns CDs no porta-luvas – comentou Arthur  quando notou que eu zapeava de uma estação a outra.

- Alguma coisa boa?

Ele deu de ombros, olhando para frente.

- Não conheço muito seu gosto musical, mas posso garantir que você não vai encontrar nenhum rap aí dentro – e sorriu um pouco.

Abri o porta-luvas e encontrei uma dezena de CDs. A maioria de blues, o que de certa forma era perfeito, já que é um estilo denso, excitante e extremamente sensual. Coloquei o disco do The Yardbirds no aparelho e a voz de Eric Clapton preencheu o carro. Deixei o volume baixinho para que Arthur  entrasse no clima sem perceber. Ele relaxou um pouco, os dedos tamborilando ritmadamente no volante vez ou outra.

Eu ri.

- Que foi? – ele perguntou, me fitando.

- Nada. Só acho engraçada a forma como você se mostra ao mundo. Tão forte e intransigente, mas na verdade você é um doce.

- Sou? – suas sobrancelhas se arquearam.

- É. De um jeito bom. Não quis dizer que você é uma florzinha. Fica tranquilo, camarada – ri. Ele
também. – Você cuida da sua família, gosta de boa música, ajuda garotas indefesas a recuperarem a herança... Isso te faz ser um cara doce.

Ele riu outra vez.

- Não sei sobre essa coisa de ser doce, mas tenho a impressão que você acabou de me elogiar – zombou.

- Ainda não foi um elogio – sorri. – Sabe, Arthur , você e eu não somos tão diferentes. Você usa essa fachada fria para manter as pessoas distantes. Eu uso o sarcasmo para afastar as pessoas.

- É mesmo? – ele sorriu brincalhão. – É por isso, então, que você é tão irritante?

- Sou irritante para me proteger quando me sinto ameaçada ou pressionada. Você não notou ainda?

Ele me avaliou por um instante.

- Não. Você sempre é sarcástica comigo. Não imagino como deve ser quando o seu sarcasmo está desligado – brincou.

Eu ri.

- Um pouco menos turbulento, eu acho.

Houve um momento de silêncio , então ele me encarou enquanto esperava o farol abrir.

- Você se sente pressionada ou ameaçada por mim? – indagou, a voz intensa, os olhos nos meus.

- O tempo todo – murmurei.

Sua testa franziu.

- Por quê?

Porque estou apaixonada por você. Porque quero te mostrar quem sou de verdade e sei que você não vai gostar.

Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora