Capítulo 28 [Parte 2]

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Capítulo 28

[Parte 2]

O filme foi bom – pelo menos depois que parei de levar cotoveladas por causa dos amassos de Vivi e Ronan consegui prestar atenção. Comemos pizza – patrocinada por ele, o que achei ótimo – antes de me deixarem em casa.

Eu não queria ver o Arthur , não queria falar com ele, por isso optei por subir as escadas bem devagar, protelando. No entanto, por mais lenta que eu fosse, inevitavelmente me deparei com a porta do apartamento 71, no sétimo andar. Entrei em casa tentando não fazer barulho, mas Arthur estava na sala
com um livro nas mãos, de modo que foi impossível ir para o meu quarto sem ser notada. Contudo, ele não me olhou nem falou comigo. Apenas continuou lendo seu livro, sem nem ao menos se incomodar em me dizer um oi. Não que eu fosse responder.

Tranquei-me no quarto, exausta pela noite não dormida, e apaguei antes de tirar os sapatos. Pela manhã, o despertador no quarto dele me acordou. Era tão alto e estridente que eu podia ouvir mesmo com os obstáculos de paredes e portas fechadas. Esperei ainda na cama que ele terminasse seu banho. Assim que ouvi a porta de seu quarto se fechando, corri. Tomei uma ducha rápida e engoli uma barrinha de cereal. Arthur continuava em silêncio, porém o flagrei me observando algumas vezes enquanto descíamos no elevador.

No caminho para a empresa – seria necessário muito mais que Arthur ter uma amante para que eu recusasse a carona -, liguei o rádio para quebrar aquele silêncio irritante. Ajustei o volume quando encontrei um rap que eu adorava e que tinha acabado de começar.

- Detesto esse tipo de música – disse Arthur na mesma hora .

- Ah, eu sei – aumentei o volume.

Ele suspirou e disse alguma coisa que não pude ouvir, devido ao som alto das batidas.

- O quê? – gritei.

Ele diminuiu o volume, com o rosto contorcido. Até com aquela carranca reprovadora, Arthur conseguia ser sexy. Era completamente revoltante.

- Por que você se esforça tanto para ser irritante? – resmungou.

- Por que você insiste em me dar carona, já que detesta?

- Vamos conversar como adultos agora – ele desligou o som.

- Não tenho nada para conversar com você – olhei pela janela.

Arthur resmungou o que me pareceu ser um punhado de palavrões, depois suspirou pesadamente.

- Você acha que pode ceder alguns segundos do seu tempo precioso e ouvir o que tenho a dizer? – exigiu.

- Não!

- Pois eu vou falar mesmo assim – ele esclareceu, com a expressão determinada. – É um absurdo a forma como você tem se comportado. Está parecendo uma... uma...

- Uma o quê? – perguntei, empinando o queixo para encará-lo em desafio.

- Uma esposa ciumenta!

Havia muitas coisas que eu queria dizer a ele naquele momento. A maior parte de mim eram insultos em diversas línguas, mas não fui capaz. Parte de mim sabia que ele estava certo.

- Não pareço uma esposa coisa nenhuma. Você está se valorizando demais, Arthur . Você pode ter quantos casos quiser. Aquela loira, uma dúzia de morenas, tanto faz. Estou irritada porque você escolheu justamente a Sarah a Barbie falsificada . Estou furiosa porque você está de caso com alguém que pode colocar tudo a perder e nem ao menos se importa com isso!

- Esquece aquela loira, pelo amor de Deus! Eu não estou de caso com ela nem com a Sarah,ela não me interessa para nada . Não estou de caso com ninguém. Você pode me escutar?

Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora