Penúltimo capítulo

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Capítulo 54

A partir daí, tudo se tornou um borrão. O resgate estava ali, assim como a polícia e a equipe de segurança. Eu não prestei muita atenção em nada. Arthur  era tudo que eu podia pensar. Os socorristas fizeram os primeiro procedimentos em seu ombro ali mesmo, na enorme sala de estar na mansão, tentando deter o sangramento. E, em todo esse tempo, era Arthur quem me confortava, dizendo:

- Vai ficar tudo bem. Estou bem. Só preciso de um curativo.

Eu queria ser forte, queria poder lhe dar a mesma segurança que ele me dava, mas, caramba, ele sangrava à beça e eu não conseguia parar de chorar.

Rapidamente o levaram para a ambulância. Eu o acompanhei, segurando sua mão o tempo todo, não que ele precisasse disso. Era eu quem precisava. Não sei quanto tempo levamos para chegar ao hospital. Para mim, pareceu uma eternidade. Arthur  tentava sorrir vez ou outra, deitado na maca da ambulância, com a intenção de me acalmar, provavelmente. Eu não era capaz de sorrir.

Fomos todos para o pronto-socorro. Telma havia voltado a si, mas estava histérica, Hector precisava ser examinado, Viviane  decididamente precisava de um calmante, e Arthur  ainda sangrava muito. Não faço ideia de como Ronan  soube e conseguiu chegar ao hospital antes que nosso pequeno grupo, mas, assim que descemos das ambulâncias, lá estava ele preocupado e de braços abertos para receber minha amiga, que não falava coisa com coisa. Carlos  também precisou de atendimento, embora àquela altura eu não me importasse.

Arthur  foi levado imediatamente para ser examinado, mas não me permitiram acompanhá-lo. Fiquei no corredor, com as roupas e os braços sujos de sangue, e fui dominada por uma crise histérica ao imaginar que Arthur  seria arrancado de mim, como todos os que eu amara na vida. Pouco depois uma enfermeira me comunicou que ele estava sendo levado para a sala de cirurgia para que extraíssem a bala e que tudo ficaria bem. Não acreditei nela nem por um minuto.

Para tentar fazer o tempo passar maus depressa, dividi-me entre Viviane  e Hector, que felizmente não havia se machucado gravemente na queda.

- Como está se sentindo? – perguntei a ele assim que sua esposa, Suzana deixou o quarto.

- Com um pouco de dor nas costas, mas nada sério. Já não tenho mais vinte anos, sabe? Ser jogado daquela maneira pode ser bem ruim para um homem da minha idade – ele sorriu, se remexendo na cama.

- Hector, você não sabe como estou envergonhada – abaixei os olhos para o lençol azul que cobria seu corpo. – eu pensei o pior de você. O Carlos me fez acreditar que era tudo culpa sua. O testamento, a chantagem...Eu odiei você. Me perdoa – e estiquei o braço para segurar sua mão morena e macia. Ele não recuou.

- Não há nada a perdoar. Você foi tão vítima quanto o resto de nós. E, na verdade, acho que sou eu quem deve lhe pedir desculpas. Eu não fiz nada para te ajudar, Carla . E me arrependo muito disso. Eu suspeitei do Carlos  logo após a morte do Pedro , quando soube do testamento. Tivemos uma discussão terrível, e a partir disso, da falta de argumentos plausíveis da parte do Carlos , comecei a desconfiar que tinha algo errado. Eu devia ter procurado você e falado a respeito. Mas eu estava tentando reunir provas contra ele para então tentar destituí-lo de curador da herança. Não fui rápido o bastante e permiti que você corresse perigo. – Ele se sentou mais ereto e gemeu baixinho. Parecia mais dolorido do que demonstrava. – Mas agora posso te ajudar. O Carlos  vai ser preso. Assim que eu for liberado, vou à delegacia para formalizar a queixa. Arthur e você  devem fazer o mesmo.

Ele me explicou tudo que ocorrera depois que Arthur  fora atendido na mansão e eu saíra do ar. Em poucos minutos, a polícia estava na sala de estar colhendo depoimentos e colocando Carlos , semiconsciente, numa ambulância. Ele ficaria no hospital a noite toda em observação, com dois policiais do lado de fora guardando a porta, e de lá seguiria direto para uma sala especial na delegacia – já que tinha formação acadêmica e conhecia bem seus direitos -, sob a acusação de tentativa de homicídio. Todos seriam intimados a depor. Eu não poderia estar mais feliz.

Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora