Procura-se um marido-Carthur (Finalizada )

Capítulo 26 [Parte 3]

Capítulo 26

[Parte 3]

O silencio absoluto me fez erguer a cabeça para ter certeza de que vovô Pedro não havia sumido. Seus olhos me examinavam atentamente.

- Senta aqui, querida - ele pediu, sentando-se na ponta do sofá em que eu estava menos de dois minutos antes. - Eu conheço você melhor do que qualquer pessoa. Sei quando está mentindo. O que está acontecendo?

- Eu... Gosto dele, vovô. Não quero que o Arthur me odeie,eu não suportaria isso,vovô . E ele vai me odiar se souber que o Carlos escolheu o Jeferson só pra se vingar. Que ele perdera tão sonhada promoção porque tentou me proteger da tirania do Carlos naquela hora . Não estou mentindo. É sério.

- O Arthur nunca odiaria você - ele disse numa voz mais alegre.

- Você não sabe como ele queria essa promoção. - Ou talvez soubesse. Ele estava morto, talvez tivesse acesso a esse tipo de informação. - Até se casou comigo para aumentar as chances de promoção. E olha que ele me detestava! Por culpa minha, ele não teve a chance que merecia. O Carlos estragou tudo.

- Querida, eu sei que dizer a verdade pode ser difícil, mas é preciso, se você realmente espera criar laços mais profundos com seu marido. Talvez ele fique zangado, talvez não. Mas ele tem o direito de saber a verdade. E não lhe dar a chance de saber a verdade... Isso certamente vai fazer com que ele fique furioso. Pensa bem, Carla . Vocês dois têm um longo caminho pela frente. Depende de você como as coisas vão se desenrolar.

- Vovô, o problema é que... Bem... Digamos que eu... Sem querer... Meio que... hã...

- Sim, eu sei. Você ama o Arthur de forma genuína - ele disse simplesmente.

Assenti, com o rosto em chamas. Acontecia toda vez que vovô tentava arrancar de mim algo sobre assuntos do coração. Até eu tinha alguns limites.

- Eu sei que você o ama. Provavelmente sabia até antes de você se dar conta. Estou muito feliz com isso. Você não podia ter escolhido um homem mais digno que o Arthur,minha filha .

- Mas esse é o problema. O Arthur nunca vai me ver como uma possível... Namorada. Temos um acordo e ele vai fazer exatamente o que combinamos. - Nada de intimidades.

- E você não o admira por isso? - suas grossas sobrancelhas se arquearam.

- Bom, seria mais fácil se ele fosse mais maleável. Por isso vou tirar o Arthur da minha cabeça e do meu coração . Eu preciso fazer isso. Ele nunca vai me ver como eu gostaria.

Vô Pedro assentiu e sorriu.

- Não é preciso ter olhos abertos para ver o sol, nem é preciso ter ouvidos afiados para ouvir o trovão. Para ser vitorioso, você precisa ver o que não está visível.

- O quê?

- Sun Tzu - ele sorriu.

Suspirei, sorrindo um pouco.

- Sinto tanta saudade, vovô.

- Eu sei. Eu vejo - ele pousou a mão sobre a minha. Eu não sentia o calor de suas mãos, sempre tão macias. Sentia apenas uma leve dormência nas costas das mãos, onde ele tocava. Era bom. - Eu sei que você está se sentindo sozinha, mas juro que você não esta. Você tem amigos que te amam verdade. E eu estou aqui. Você nunca estará sozinha.

- Carla ! - alguém berrou.

Sacudi a cabeça, piscando. Deparei-me com Ronan me olhando de cima, muito irritado. Viviane estava um pouco atrás, mordendo o lábio inferior. Meu avô não estava em parte alguma.