Capítulo 14 [Parte 2]

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Capítulo 14

[Parte 2]

Entrei um pouco acanhada. O apartamento era pequeno, mas acolhedor e organizado. As paredes claras combinavam com os móveis de linhas retas e modernas. Uma pilha de CDs desalinhados contrastava com o restante da sala, meticulosamente arrumada.

- Bacana,bem bacana mesmo....

- Vou te mostrar o seu quarto – ele disse, se enfiando no curto corredor, então abriu a porta do cômodo minúsculo e praticamente vazio. – Eu não tive tempo de arrumar nada. Imaginei que você mesma ia querer fazer isso. Meus pais dormem aqui quando vêm me visitar por isso só tem a cama, a mesa de cabeceira e a cômoda. Mas pode usar o meu guarda-roupa para pendurar vestidos ou qualquer coisa que
quiser.

- Obrigada – eu disse meio sem jeito.

Ele também parecia não saber o que fazer.

- Aqui em frente é o meu quarto, e o banheiro é ali – ele apontou para a porta no fim do corredor.

- Beleza.

Ele assentiu, deixando minha mala sobre a cama. Entrei no quarto, um pouco apreensiva. Era tudo muito simples e sem cor. Meio triste até. Arthur havia colocado um pequeno vaso de narcisos amarelos sobre a cômoda, na tentativa de trazer um toque de vida ao espaço, o que achei fofo. Sentei-me no colchão – mole demais – e avaliei os poucos metros mal decorados ao meu redor. Um contraste enorme com meu antigo quanto na mansão, cheia de espaço, enfeites e cortinas diáfanas. Eu teria que dar um jeito naquele lugar se quisesse me sentir em casa pelos próximos meses. Não era ruim, só não se parecia com um lar ainda.

- Vou... vou te deixar sozinha para se acomodar melhor – disse ele, encostado no batente, os braços cruzados sobre o peito. – Estou na sala se precisar de alguma coisa – e saiu, fechando a porta trás de si.

Com um suspiro, abri a mala e comecei a arrumar minhas coisas na pequena cômoda da melhor forma possível. Peguei o porta-retratos com a foto de minha família e o coloquei sobre o móvel, ao lado de meus produtos de higiene, mantendo os narcisos. Em seguida, me atrevi a ir conhecer o banheiro. Era pequeno, e tudo ali gritava testosterona, mas Arthur  tivera a delicadeza de colocar um pequeno pote com sabonetes decorativos sobre a pia de mármore negro. Ele realmente estava se esforçando.

Lembrei da carta do meu avô Pedro , que Carlos havia me dado, e corri para o quarto para abrir o envelope. Havia duas cartas ali dentro, uma destinada a mim, outra ao meu marido. Abri a primeira.

Minha neta querida,

Você nãos sabe quanto eu gostaria de estar presente neste dia tão especial. Imagino como você deve estar feliz agora que encontrou o amor. Eu daria tudo para partilhar de sua felicidade neste
momento.

Engoli em seco.

Casamento é uma das etapas mais importantes da vida, a construção de uma nova família. Que Deus abençoe você e seu marido, e os filhos que terão. Espero que seu marido saiba que acaba de ganhar na loteria, já que ganhou seu coração.

Sempre ouça o que ele tem a dizer, querida, respeite-o e exija o mesmo. Um casamento nada mais é que uma parceria, em que ambos decidem ser felizes, tendo um ao outro como instrumento. Por favor, não o trate com mentiras. E não tente força-lo a fazer todas as suas vontades, como você tende a exigir.

Eu não faço isso, não!

Você sabe que faz isso. Não discuta comigo. Ninguém conhece você melhor que eu.

Eu não podia argumentar contra isso.

Agora vá ficar com seu marido. Aproveite a lua de mel, mas não exagere na bebida.

Com amor, vovô.

P.S.: Tomei a liberdade de endereçar uma carta o seu marido. Entregue a ele, por favor. Não se preocupe, quero apenas lhe dar as boas-vindas à família.

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Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora