Capítulo 52

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Capítulo 52

Pensa! Pensa! Pensa! Comandei a mim mesma. Quem quer que fosse atrás daquela porta, certamente não ficaria muito satisfeito em encontrar duas intrusas na mansão. E eu tinha a irritante sensação de saber exatamente quem estava ali. Pensei na possibilidade de uma fuga pela janela, mas era impossível. Todas as janelas na mansão – com exceção daquela da despensa – eram em estilo francês, cheias de ferragens decorativas que impediam a passagem, como grades de proteção. A única saída era pela porta da frente. Droga!

- Eu já disse que não é necessário, Carlos . – Ouvia a voz de Hector, alta e ressonante, me fez pular. – Podemos resolver isso amanhã.

- Vou pedir para a cozinheira preparar um cafezinho. Volto num minuto, amados. – Vicky  falou.

- Preciso lhe mostrar o relatório que recebi de Abu Dhabi – respondeu a voz entediada de Carlos . – Você não pode enviar o Arthur  para o outro lado do mundo sem que ele veja os relatórios. Na verdade, acho essa viagem é  um desperdício de tempo e dinheiro. Está no meu escritório. Só vai levar um minuto.

Quase voei porta afora para estrangulá-lo quando o ouvi se referir ao escritório de vô Pedro  como seu. Quase. Eu tinha problemas maiores naquele momento. Carlos  estava prestes a entrar no escritório e nos
flagrar, e eu tinha certeza de que ele saberia exatamente o que estávamos fazendo ali.

Hector começou a argumentar, tentando convencer Carlos  a tratar aquele assunto em outro momento, me dando um pouco mais de tempo. Num rompante desesperado alcancei meu celular e comecei a fotografar os documentos, tentando captar o melhor ângulo com pouca luminosidade que a lanterna fornecia, enquanto ainda ouvia os dois discutindo o assunto.

Onde diabos estava Arthur que não estava com eles ? Me perguntei apavorada.

Tirei várias fotografias e agradeci por Carlos  ter mantido o mesmo servidor e a rede wi-fi que vovô usava. Digitei o e-mail da diretoria da L&L e apertei enviar. A mensagem ficou pesada, e a lentidão da conexão wi-fi começou a me deixar nervosa. Mais nervosa, devo dizer. Levou séculos para que o aparelho cumprisse sua função e enviasse todas as fotos, mas por fim acabou concluindo a operação com sucesso. Dobrei os documentos com pressa e enfiei no bolso fundo do meu jeans, enquanto Viviane  se mantinha imóvel como um cadáver. Agarrei a mão dela e nos posicionamos ao lado da porta. Meu coração estava na boca. Carlos  ficaria louco se nos visse ali. Quanto exatamente, eu não fazia ideia. Louco o bastante para, digamos chamar a policia? Eu não estava muito a fim de descobrir.

Assim que a maçaneta girou, parei de respirar, cerrei o punho e esperei que Vicky  não tivesse mudado de ideia e seguido o marido. Quando a pequena fresta de luz invadiu a biblioteca, só pude ver a mão branca e rechonchuda procurando o interruptor. Aproveitei minha chance. Esperei Carlos  enfiar a cabeça pela porta, afastei o braço e acertei a cara dele com tanta força que quase perdi o equilíbrio. Ele caiu gemendo, as luzes ainda estavam apagadas. Peguei a mão de Viviane , que assistia a tudo de olhos arregalados, pulei Carlos e, na pressa de fugir, por pouco não atropelei Hector. Ele ficou tenso. O alarme começou a tocar, alto e insistente.

- Droga! – resmunguei. Eu havia me esquecido do botão na biblioteca, que alertava a companhia de segurança, que por acaso também pertencia ao Conglomerado Moreira Diaz , em caso de problemas.

- Corre! – ouvi a voz grave e familiar do outro lado da sala

Meu coração disparado quase entrou em colapso ao vê-lo ali, no meio daquela confusão.

- Arthur ! Por que você...

- Vai, vai, vai! – ele gritou, visivelmente preocupado, me empurrando em direção a saída.

Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora