Capítulo 11 [ Parte I ]

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Capítulo 11

[Parte 1]

Dentro do café,Arthur  observava, entediado, o movimento de clientes que entravam e saíam do café. Sua expressão de poucos amigos sugeria impaciência.

- Não pode ser ele! Não o Arthur  - comecei a voltar para o carro – Vamos embora, Viviane . Agora!

Ela correu para me alcançar.

- Que Arthur ? O da L&L? Que você não gosta? Aquele que você diz que te detesta, mas pagou sua gasolina?

- Bingo!

- Mas...ele é lindo! - ela parecia confusa. - Como você pode não gostar dele?

- Você não tem idéia de como esse cara é grosseiro - eu disse, destravando as portas do carro com o botão na chave.

- Você não vai falar com ele? - ela se postou na frente da porta do motorista, me impedindo de abri-la.

- Obvio que não! O Arthur  ia contar para o Claudio o que estou tentando fazer antes mesmo que eu saísse do café, e aí já era qualquer possibilidade de retornar as rédeas da minha vida.

- Mas ele não pode contar, afinal também está aqui - ela apontou – Ele também está fazendo algo errado.

Sacudi a cabeça, impaciente.

- Pode ser uma armação para me pegar no flagra. Vamos para casa antes que ele me veja.

- Como esse Arthur  poderia saber que o anúncio era seu? - retrucou ela. – Você não colocou o seu nome. E, pela cara de impaciência, ele parece nervoso. Você não está nem um pouquinho curiosa para saber por que ele respondeu a um anúncio desse tip.. Hã...- ela parou abruptamente e olhou fixo para meu ombro esquerdo, levantando as mãos espalmadas. - Não se mexe, fica calma. Vai ficar tudo bem.

- Por que você está dizendo iss...Aaaaaah! - virei a cabeça e então vi. Pequena, azul e mortalmente assustadora, a borboleta pousara em meu ombro esquerdo.

Gritei e me debati violentamente - Tira isso de mim!

- Pára! - pediu Viviane , tentando me imobilizar e ao mesmo tempo afastar o bicho. - Assim você vai machucar a borboleta.

- Sai, sai, sai! - me contorci freneticamente.

- Pronto,Carla . Pode parar. Ela já foi - minha amiga apontou para a borboleta, que voou serelepe até repousar na janela em que estávamos grudadas havia poucos instantes - Ah, é um sinal!

- Sim. De que as borboletas resolveram me atacar. Elas estão por toda parte! - reclamei, tentando controlar meu ritmo cardíaco e os tremores involuntários.

- Vi uma igualzinha a essa na garagem da mansão um tempo atrás.

- Você vê várias porque tem medo. Mas a borboleta significa coisas boas em quase todas as religiões. Ela traz sorte. E essa aí quer que você entre lá! – ela apontou para o café.

- Era só o que me faltava! revirei os olhos. - Seguir os conselhos de uma lagarta.

- Por favor, Carla ! Só uma conversinha rápida - ela uniu as mãos em súplica, os olhos enormes e brilhantes - Você me deve uma. Eu te salvei da borboleta!

Eu gemi.

- Tá bom, eu vou falar com ele. Mas se eu desconfiar de qualquer coisa, saímos correndo.

- De acordo - ela sorriu satisfeita.

- Fica por perto, pro caso de..sei lá...Só fica por perto - alertei.

- Prometo - ela assentiu, cruzando os dedos indicadores e dando dois beijinhos.

Lentamente - e mantendo uma distância segura do inseto que ainda estava na janela, como se me
observasse - entramos na cafeteria. Viviane  correu para um dos bancos altos do balcão. Dirigi-me para os fundos. Arthur  me viu e imediatamente se enrijeceu. Por um momento, seu rosto se tornou inexpressivo, depois de um rubor cálido tomou suas feições. Ele acenou brevemente com a cabeça e olhou para os lados, como se procurasse uma rota de fuga. Pareceu em pânico ao me ver seguir em sua direção e sentar na cadeira à sua frente.

- Aproveitando o tempo livre? - perguntei tentando não parecer nervosa diante dele .

- Eu...estou esperando uma pessoa.

- Ah. Ela te deu um bolo? - disparei, subitamente animada com a possibilidade de irritá-lo. Arthur  tinha esse efeito sobre mim. Eu sempre queria provocá-lo de alguma maneira.

- Escuta, será que você poderia...

- Olha, os classificados! Posso dar uma olhada? Meu trabalho é um saco. Quem sabe tem alguma coisa mais interessante...

- É antigo. Da semana passada - ele se apressou em dizer, recolhendo o jornal da mesa. - Só tem anúncio velho.

- E por que você está com ele? - perguntei inocente - Não me diga que vai deixar a L&L? Seria uma perda irreparável!

Ele suspirou exasperado.

- Carla , por que você não vai procurar algo útil para fazer e me deixa em paz? - sugeriu com um brilho perigoso nos olhos.

Eu tinha que admitir, minha melhor amiga  estava certa sobre Arthur . Arthur era lindo. Sorrindo, furioso, cansado, tanto fazia. Nenhum
homem conseguia ser tão sexy quanto ele, mesmo quando tentava ser justamente o oposto, como era o caso. E, apesar de tudo, tive certeza de que eu não estava caindo numa armadilha. Ele não seria sangue-frio para arquitetar um plano tão menticuloso só para me pegar em flagrante. Ao menos eu achava que não. Decidi arriscar.

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Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora