Capítulo 50

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Capítulo 50

Depois que Raquel  se prontificou a me ajudar, entendeu o que eu queria e prometeu fazer tudo exatamente como pedi, fui para o setor nove, me sentindo um pouco instável. Arthur  estaria lá. Como seria nosso reencontro? Ele ao menos falaria comigo?

Mal saí do elevador e meu celular tocou. Era Viviane,minha melhor amiga . Aproveitei para confirmar tudo.

– Hoje à noite, Carla . Tem certeza?

– Se quiser, ainda dá tempo de desistir – alertei.

– Nada disso. Estarei pronta, mas... hã... que roupa eu uso? Eu nunca invadi nada antes.

Revirei os olhos.

– Qualquer coisa discreta e confortável, que permita subir em muros, se enfiar embaixo de móveis, pular janelas, essas coisas.

– Humm... Acho que não tenho nada pra usar. Vou dar uma passadinha no shopping antes de ir pra casa.

– Vivi! Eu aqui, louca de preocupação com o perigo de acabarmos na cadeia, e você preocupada com a roupa que vai usar? – Arthur entrou no corredor e parou quando me viu. Acho que meu coração também. – Preciso ir, Viviane . Até mais tarde.

Endireitei-me, alisando os cabelos presos, tentando me fazer de indiferente e falhando vergonhosamente. Arthur  ficou um momento ali, parado, me olhando de um jeito indecifrável, depois encarou o chão.

– Oi – murmurei, com o coração aos pulos.

Tudo bem, eu estava furiosa por ele não ter me ouvido e magoada por ele pensar tão mal de mim. Mas eu não podia evitar amá-lo. Simplesmente não dava para não reagir à sua presença. Era o mesmo que tentar capturar o ar com uma peneira. Impossível! Por isso eu me negava a acreditar que estava tudo acabado entre nós.

– Oi. Você saiu de casa – ele acusou.

Respirei fundo.

– Você sabia que eu ia fazer isso.

– É, acho que sabia – ele murmurou, olhando para alguns papéis em suas mãos. – Acabei de assinar a papelada do divórcio. A secretária do Carlos  está esperando para levar ao cartório.

– Já? – me segurei na parede fria para não cair.

– O Carlos pelo jeito  não perde tempo, não é? – ele levantou a cabeça para me encarar, algo perigoso brilhava em seus olhos.

– Arthur ... – sacudi a cabeça. – Preciso falar com você.

– Imagino que não seja importante. Se fosse, você teria ficado em casa ontem e esperado eu voltar para conversarmos.

– Você está começando a me deixar muito irritada,Arthur Louzada Picoli . Está agindo como um completo idiota!

– E não é essa a função dos ex-maridos que eu saiba ? – ele abriu um sorriso tão agonizante que comecei a tremer. – É a sua vez de assinar. Vamos acabar logo com isso – me estendeu os papéis e uma caneta e esperou.

Magoada, peguei os documentos e assinei ali mesmo, usando a parede como apoio. Devolvi tudo a ele com as mãos trêmulas.

– Pronto. Não tem mais nada a ser feito,estamos divorciados,Carla  – ele disse e me deixou ali, plantada como um coqueiro, observando-o se afastar e entrar no elevador.

Não havia mais nada a ser feito. Estávamos oficialmente separados. Acabou.

Pelo menos agora Arthur  está a salvo. Fiquei repetindo isso como um mantra, na tentativa de passar a acreditar em algum momento.

Procura-se um marido-Carthur  (Finalizada )Onde histórias criam vida. Descubra agora