Liberdade Condicional (cárcere 2)

Portas do Inferno

Kauã narrando- não tem como saber o que se passa na mente de um verme capaz de sequestrar uma criança que acabou de nascer, até onde vai a maldade de um desgraçado que pra conseguir o que quer é capaz de tudo, esse tudo  é que me aterroriza, não posso deixar que machuquem a minha carocinho, a capacidade de uma mente criminosa e perversa vai muito além do que se imagina. Não posso perder tempo, não posso ficar esperando em casa, vendo a Elisa sofrer a cada segundo que se passa, sentir o meu peito apertar a cada respiração, se o que eles querem é me matar que venham, que matem, más que não toquem em um fio de cabelo da Mel e nem da Elisa.

Tá decidido vou encarar o Barão de frente, ele ganhou, ele venceu! metade do São Carlos e a cabeça que eles querem tanto arrancar: a minha,  é hora de ver a cara dos filhos da puta que armaram pra derrubar a própria família, é o seguinte posso até cair, más levo os três comigo.

O bagulho agora é achar um jeito de ir para o outro lado, sem morrer antes de chegar no topo do lado sul, tenho que achar um jeito de ficar cara a cara com o vivo, e com os mortos, saí de casa com a mente firme e o coração cheio de raiva, é o caminho sem volta, não adiantou brigar com a morte, pra depois  se entregar de bandeja pra ela, más dessa vez é por alguém que eu amo, é pela minha filha, minha filha porra ! Ninguém vai dizer que ela não é minha filha, tá aqui dentro do meu peito, e isso ai nem um DNA contraria, amor não tem DNA, tem sentimento, eu amo minha carocinho desde que soube que ela tava lá, sendo carregada pela mulher da minha vida.

 Sai andando pela favela, o fumaça na minha cola, feito sombra, carregado e armado até os dentes, é nessas horas que a gente vê que isso tudo não vale porra nenhuma, nenhum segurança, nenhum fuzil, quando a parada acontece e o inimigo tem nas mãos  o controle  do coração do bandido, ele tem todas as armas contra, e contra isso não fizeram arma de fogo pra impedir.

Fiquei maquinando um jeito de cair pro outro lado, quebrando a cabeça, qualquer passo em falso eles podem fazer o pior com a Mel e a culpa vai ser minha, não posso agir de cabeça quente, tenho que agir com cabeça de gelo, friamente calculando, tenho que saber se ela tá no lado sul do São Carlos ou no Liberdade, é foda é tiro no escuro, uma peça encaixada errada, eles me pegam e não devolvem ela, não tô lidando com qualquer bandido, é com a mente mais demoníaca que eu já vi, a do Fábio, é hora de eu ser mais demônio que ele, usar o inferno todo contra ele.

O fumaça entrou.

Fumaça- e ai chefe! o paú no cú do barão ligou no orelhão lá do bar do seu Zé, disse que vai ligar lá e quer falar com tú.

O bar fica no meio da favela, entre o lado Sul e o lado norte. O MB entrou na boca.

MB- ai fiquei sabendo que o paú no cú do barão vai ligar, ele vai querer negociar a Mel.

Kauã- tú tá ligado o que ele que em troca.

MB- o resto do São Carlos.

Kauã- pra ter o São Carlos todo ele vai ter que te matar, e vai querer a minha cabeça junto.

MB- porquê a sua mano? sai exilado tú é lider do comando vai pra outro morro, pega a Elisa e a neném e mete o pé.

Kauã- ele quer a minha cabeça MB.

MB- nada a ver, o barão ia querer tua cabeça pra quê? 

Kauã- além da guerra de facção, tem a porra do teu filho e aquela filha da puta, você não acha que o cuzão do barão ia fazer esse estrago todo sozinho né? caiu em cima do soldado vulnerável, como ele ia saber que o Menor ia dar esse mole? quem ajudou o Barão é cria de casa, é inimigo fabricado aqui dentro.