Lágrimas congeladas

495 48 20
                                    

Elisa narrando- a Duda me buscou novamente no hospital, me convenceu a voltar para casa quase implorando, falando que eu tenho que dormir em casa, pra eu pensar no bebê, fui com ela para o morro, achei estranho quando ela não me deixou ir pra casa do Kauã, me levou pra casa dela, me levou para o quarto dela, e ficou falando coisas aleatórias como se quisesse esconder alguma coisa, pensei na minha mãe e no Fábio, meu pai descobriu a verdade, será que ele fez alguma coisa? senti um aperto no peito.

Elisa- Duda para de falar coisas sem sentido, me conta o que aconteceu.

Duda- não aconteceu nada.

Elisa- minha mãe e o Fábio, o que o comando fez?

Duda- sua mãe e o Fábio fugiram.

Graças a Deus, sei que os dois me fizeram mal e não merecem consideração, mas não consigo imaginar os dois mortos, é a minha mãe, o meu irmão, minha família.

Elisa- graças a Deus.

O Lucas entrou no quarto da Duda como se já fosse de casa.

Lucas- foi mal aí não sabia que a Elisa tava aqui.

Elisa- eu tô! Mas já tô saindo.

Duda- não vai amiga, quem tá de saída é o Lucas, sai Lucas.

O Lucas olhou pra ela de um jeito meio sem entender. Meu pai entrou no quarto da Duda, outra coisa bem estranha, acho que ninguém precisa me esconder mais nada, aconteceu o pior.

Elisa- a Duda falou que minha mãe fugiu com o Fábio, acharam eles?

A Duda segurou minha mão, meu pai segurou a outra, más e o meu mundo quem segura agora?

MB- eu sinto muito Lili, eles foram pedir ajuda em um morro rival, o dono queimou os dois dentro de um carro perto da entrada do São Carlos.

Lágrimas escorreram pelo rosto do meu pai, eu senti uma dor forte no peito, más não consegui chorar, estranhamente as lágrimas se congelaram dentro de mim, não tô com raiva da minha mãe agora,nem tenho ódio do Fábio, eu tô me sentindo muito mal, más não consigo chorar.

Tem culpados demais nisso tudo minha mãe amou tanto o Fábio, que ficou obsecada, cega demais para corrigir e evitar que ele chegasse tão longe com as maldades dele, ela mentiu por vezes, foi tão cruel quanto ele. O Fábio por querer ser maior que o próprio pai sendo tão novo, foi cruel, foi sórdido, frio e perverso.

O meu pai que viu isso tudo acontecer debaixo do nariz dele e não fez nada para impedir, o Fábio batia nos meninos na escola, xingava professor, não respeitava ninguém, más para a minha mãe errado eram as pessoas e nunca ele, meu pai fingia nem ver, era indiferente quando minha mãe me tratava de um jeito errado e o Fábio sempre com privilégios, eu amo ele demais, más ele podia ter evitado muita coisa.

Eu errei por ter tido piedade de duas pessoas que nunca me quiseram bem, troquei minha liberdade para salvar os dois, podia ter contado tudo e evitado que as coisas chegassem longe demais.Me escondi atrás de uma fragilidade, de uma covardia que eu não deveria ter.

Só consigo pensar nos meus avós, no meu tio que tá longe, a minha mãe foi amada e foi importante para muita gente, ela vai fazer falta. É estranho como a situação do Kauã ainda supera o que ta acontecendo dentro de mim eu só consigo sentir muito por ele, isso não é normal, é a minha mãe o meu irmão, más meu coração tá doendo pelo Kauã de uma forma mais intensa.

Fiquei de cabeça baixa em silêncio, ouvindo o meu pai chorar, a Duda também.

Elisa- meus avós já sabem?

Liberdade Condicional (cárcere 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora