De volta ao morro dos prazeres

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Gael narrando- me faltou coragem para contar quem eu sou de verdade e o que eu faço da vida, eu nunca quis que esse dia chegasse, que eu tivesse que revelar para o meu pai, quem eu sou, eu menti durante muito tempo.

Para o meu pai eu sempre o fui o homem que seguiu o caminho diferente, o único que não fazia parte do crime, más o destino me levou a ser o pior deles.

Foi mais fácil, viver fazendo todos acreditarem que eu era o homem bom, que não tinha envolvimento com a vida bandida. A minha mãe dizia ter orgulho de mim, e eu não queria que esse orgulho, se apagasse.

Eu sai do morro, para encontrar o meu lugar, nunca me faltou amor, nem cuidado, más a Bella sempre foi a estrela, e eu apenas um vaga-lume que as vezes alguém notava que tava por ali.

Não fiquei revoltado e nem com raiva dos meu pais por amar mais ela do que eu, por preferir ela, eles não tinham cupa. Simplesmente decidi, que eu encontraria o meu lugar, e que eu não precisaria provar que sou melhor que ninguém.

A Bella apesar de ter sido cruel, foi brilhante em tudo o que fez, dona de uma inteligência incomum e de um coração adaptável, ela conseguia fazer o coração dela se adaptar às situações, amava quem queria amar e fazia ser amada por quem, ela quisesse que a  amasse, isso é raro, porquê pessoas comuns são geralmente controladas pelo coração, e ela tinha o controle do dela e ainda controlava o dos outros.

Por mais que eu tentasse, eu jamais chegaria aos pés dela, por mais que eu insistisse, ela sempre seria a única a ocupar o ranking, ela era o centro de tudo. Era como se eu apenas existisse, eu sempre senti que não pertencia aquele lugar, aquela família, é como se não fosse a minha família, então decidi sair em busca do meu lugar.

Fui para a Espanha, estudar engenharia, fiz diversas especializações, me tornei um engenheiro promissor, até o dia em que eu conheci o homem que mudou a minha vida, Xavier, meu sócio e chefe da máfia espanhola, um homem solitário que perdeu a mulher que amava e a única filha na guerra maldita pelo poder. Sem ter herdeiros para cumprir o seu legado, ele fez de mim o seu sucessor, sua morte, me fez ocupar o mais alto cargo dentro da máfia, agora conhecido como Don G, o mafiososo temido, poderoso e odiado. Acho que o DNA criminoso está no sangue, e por mais que eu tenha tentado fugir disso, eu sabia exatamente qual era o meu lugar.

Gael- pai!

Rick- porque não falou que viria meu filho? meu coração já tá velho não aguenta esse tipo de emoção.

Abraço ele, meu pai sempre foi minha referência de homem, eu amo e sinto falta de tudo o que não tivemos juntos.  Um abraço com duração de minutos, em um silêncio, falamos em silêncio, um ao outro o que palavras jamais conseguiriam dizer.

Gael- eu senti sua falta meu velho.

Rick- eu estava esperando o Don G, temos negócios a tratar, ele quer negociar a rota da fronteira e eu já tô velho meu filho, tô cansado, chegou a hora de parar, é muita guerra .

Gael- eu sou o Don G pai, eu quero negociar a rota.

Rick- você é o meu filho, que seguiu um caminho diferente, meu moleque estudioso, que eu tenho orgulho de abrir a boca para falar que você mora na Espanha e vive certinho, Don G não pode ser você Gael.

Gael- sou eu pai, o Don G, e sou seu filho que estudou, seguiu um caminho diferente, más certinho? eu não consegui ser, foi maior que eu pai.

Ele me olha e abaixa a cabeça.

Rick- eu senti sua falta filho, eu olhava o céu do alto morro e pensava se você tinha ido embora com raiva de mim por eu ser quem eu era, se sentia vergonha de mim por ser bandido, eu senti sua falta, quando juntava a família, e sempre tinha uma cadeira vazia, o quarto do meu pivete ficou vazio e o meu coração também filho, a sua mãe ficava horas olhando as fotos que você mandava, até fechava os olhos, sentindo seu cheiro.

Liberdade Condicional (cárcere 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora