cria de favela.🇧🇷 [M]

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18:40 da tarde.
Aurora🥥

Senti meu corpo pesar assim que me ligaram pra avisar que o Sucrilhos morreu, eu estava quase chegando em casa e meu coração acelerou. Meu corpo gelou. Na hora me lembrei da ligação que o mesmo me fez hoje de manhã, falando que me amava mais que tudo...
Cheguei em casa ofegante e minha ficha ainda não tinha caído.

Morgana: Oi amor como ta? -Perguntou e eu vi ela e comecei a chorar correndo no braço dela. -Ô meu amor... o que houve?

Aurora: O sucrilhos... -Falei chorando no abraço dela e a mesma apenas suspirou fundo me abraçando forte.

Morgana: Mas como? -Perguntou com delicadeza.

Aurora: Policia matou, foi confronto. -Falei chorando. -A dona Lucia vai la reconhecer o corpo daqui a pouco.

Morgana: Sucrilhos nem em arma sabia pegar oshi. -Pensou o mesmo que eu. -O que você quer fazer agora? -Perguntou e eu suspirei fundo chorando.

Aurora: Vou pro Vidigal, dar força pra vó dele e ver como vai ser o velório e essas coisas, a vó dele não tem nada além da aposentadoria que demora pra cair, eu tenho um dinheiro guardado e vou gastar com um funeral decente pro meu menino. -Falei ja saindo do abraço, enxugando minhas lágrimas e mudando a feição.

Morgana: Para com isso Aurora, eu odeio quando vc faz isso! Você não se permite sofrer, tu vai la dar força pra vó dele mas tu precisa de força também! Para de se responsabilizar por tudo, você tem o direito de sofrer também! -Falou e eu bufei fechando o olho e algumas lágrimas rolaram.

Aurora: Eu te amo. -Falei e a mesma me abraçou. Ficamos ali por um tempo e eu tomei coragem, me arrumei e arrumei mochila com uma troca de roupa pra mim e pra Morgana. Vai saber que dia eu volto.

Tomei um banho chorando e pensativa, eu não tava acreditando ainda. Sai do banho e coloquei uma legging e uma camisetona larga.
Sai do banheiro e escutei vozes.
Amarrei meu cabelo em um coque, meu cabelo ja tava implorando por uma finalização nova, não me maquiei nem nada, eu tava um caco.

Tava pronta e fui até a sala pra eu poder ir com a Morgana.
Kiara: Ae preta, nóis vai também. -Falou e eu neguei.

Aurora: Não precisam fazer isso. -Falei e a Rafa estalou a língua no céu da boca revirando o olho.

Rafa: Que não precisa o que menina se toca, a gente quer ir pra te ajudar Aurora. -Falou e eu suspirei fundo concordando.

Kiara: É mesmo, se manca em. Vamo voltar pro morro só contigo, corro risco de vida? Sim! Mas eu não to nem ai. -Falou e eu sorri, as duas me abraçaram e eu me senti acolhida como se fosse a Morgana me abraçando.

•••

Estou sentada no sofá agora esperando a vó do Sucrilhos finalizar ligações, pra funeraria, familiares e pessoas, eu tava cagando pra esse povo, enquanto ele tava vivo ninguém ligava pra saber. Mas respeito a decisão da dona Lucia.

Lucia: Consegui, o velório vai ser amanhã às 14:00 e domingo 12:00 é o enterro. -Falou tremendo e começando a chorar. Abracei a mesma de lado que chorava e eu segurei na mão dela. Pelo menos eu não trabalho fim de

Aurora: To aqui contigo dona Lucia... Só Deus sabe o tanto que nós duas lutávamos por ele, Deus sabe de tudo. -Falei baixo pra mesma que chorou.

•••
Sábado
06:23 da manhã.

Levantei do sofá onde eu passei a noite toda chorando. Morgana, Rafa e Kiara dormiam no chão sentadas, encostadas na parede e a Dona Lucia dormia no quarto... ou tentava né, assim como eu a mesma chorou a noite toda.
Sai dali porque onde eu olhava me vinha o Sucrilhos na cabeça. Peguei meu cigarro e fui até a praça do morro.

Chegando la sentei no banco e me acabei de chorar, minha ficha não tinha caído ainda, mas só de saber que meu menino não estava ali deixava minha mente muito mal. Sempre pensava nas memórias e de tudo o que eu fiz e passei com ele. Nunca por ele pq tudo o que eu fiz foi por amor. Ouvi barulho de moto parando bem na minha frente e vi o Alison ali, desviei o olhar e acendi outro cigarro.

Alison: Oi pretinha... -Falou baixo vindo até mim assim que tirou o capacete, eu estava sentada normal no banco, o mesmo sentou do meu lado colocando cada perna em cada lado do banco, ficando de frente pra mim. -Me desculpa não ter te mandado mensagem ou ligado essa semana, eu tava correndo demais, tava ajudando o Sucrilhos, cuidando da boca e do morro, tava muito corrido.

Aurora: Ta tudo bem. -Falei fumando e olhando pro meu pé.

Alison: Vou ficar com você até você melhorar neguinha, não vou te deixar nesse momento. -Falou e eu comecei a chorar mais. -Ele falou de você essa semana inteira...

O mesmo me abraçou e eu virei o corpo abraçando ele, foi o melhor abraço que eu recebi...
Ele me abraçou forte, como se quisesse tirar toda minha dor e passar pra ele.

Aurora: O que ele falou? -Perguntei saindo do abraço e limpando o rosto.

Alison: Ele tava ansioso pra abrir uma lojinha de cartinha, doce, pipa... Eu ia ajudar ele financeiramente. Ele tava pensando em você o tempo todo! "A Aurora vai amar!" "O que a Aurora vai achar?" -Falou e eu chorei.

O mesmo me deu a mão e eu segurei fechando os olhos e chorando, metade do meu cigarro que estava na mão desocupada ja era cinzas e eu apaguei jogando no lixo do meu lado.

Alison: E a mãe dele? -Perguntou e eu neguei.

Aurora: Ela deu a luz né... Apesar de não ter feito nada por ele, largado a vida dele pra viver a dela, eu tenho certeza que ela vai estar la talvez arrependida de tudo o que ela fez... -Falei imaginando a cena. -Me desculpa, meus pêsames pelo Falcão...

Olhei pros olhos dele pela primeira vez que estavam vermelhos, talvez de choro ou maconha, mas pela lucidez eu chuto que de choro.

Alison: Obrigado. Ele era meu braço direito, sem noção de ter ido pro asfalto com carro roubado, mas esse foi o primeiro vacilo dele. -Falou e eu sorri sem graça. -Acho que no fundo ele sabia que era o dia dele partir.

Aurora: Sucrilhos me ligou ontem de um orelhão, falando que me amava muito e que tinha uma surpresa pra mim. E que se um dia ele não estivesse era pra eu viver feliz. -Falei lembrando da ligação dele de manhã assim que eu cheguei na conveniência.

Alison: Falcão acordou feliz ontem, e ele tem a cara fechada sabe. -Falou e eu assenti. -Tava carinhoso na boca, ja tinha roubado o carro na quinta... Eu achei que a felicidade e o carinho dele era por causa do carro. Mas antes dele sair, ele me agradeceu por tudo e me abraçou de um jeito diferente, falou até que me amava e depois ainda zoou falando que se eu contasse pra alguém ele ia me matar.

Dei risada fraco com ele e o mesmo deixou uma lágrima escorrer.

Alison: Cresci com ele sabe? -Falou deixando outra lágrima escorrer e eu abracei o mesmo, passei os braços pelo pescoço dele e beijei o rosto dele, senti o abraço do mesmo de volta e eu suspirei fundo, sentindo as lágrimas molhar a minha camiseta. -Vou vingar a morte deles... -Falou baixo enquanto estávamos abraçados e eu assenti deixando lágrimas rolarem também.