Pov Maiara.
- Ele morreu... - Falo sozinha.
Terminei o livro tão rápido, que fico uns bons minutos olhando para o nada, tentando absorver todas as informações. Fico brava com Luísa, ela sabia que o final do livro era triste e mesmo assim me emprestou. Como alguém consegue ler alguma coisa assim?
- Que filha da puta - Sussuro baixinho - Eu vou matar ela.
Levanto irritada e me troco rapidamente, vestindo qualquer roupa, mas antes de sair de casa, levo a minha carta, quero deixar no correio dessa vez, mesmo que a pessoa misteriosa não me mandou nada hoje, quero contar da minha nova amizade com Luísa. Saio da minha casa rapidamente e vou até a loira.
- Maiara, oi - Alguém me chama.
Quando me viro para ver quem é, vejo Fernando, a primeira e única pessoa que eu já beijei na vida, infelizmente. Eu já fui muito apaixonada nele, mas não era recíproco e depois das cartas que eu recebia, mudei totalmente meu foco.
- Oi... - Sorrio fraco.
- Eu vim falar com você - Ele se aproxima de mim - Meus pais vão viajar esse semana e eu queria saber se... se você não quer ficar lá em casa.
- Fazer o quê na sua casa? - Pergunto por pura inocência.
- Você sabe...
Quando entendo o que ele quis dizer, me afasto do homem e nego com a cabeça. Nunca tive relações com ninguém e ele vai ser a última pessoa que eu vou perder a minha virgindade.
- Eu meio que... que não quero nada agora - Falo me afastando - Não estou interessada por ninguém.
- Não precisa ser nada sério - Ele fala segurando minha mão - Só vamos ficar lá.
- Eu realmente não quero - Puxo minha mão de volta - Provavelmente você vai ter alguém para ficar com você.
Dou uma piscadinha para o homem e volto meu caminho para a casa de Luísa, preciso falar com ela logo. Chego em poucos minutos e bato na porta e quem abre é dona Ruth, até sorri simpática para mim.
- Você veio ver a Marília?
- Não... eu vim ver a Luísa - Sorrio fraco - Ela está?
- Hoje ela não está muito bem, acho melhor você voltar outr-
- Ela vai ficar bem comigo - Falo passando pela mulher - Obrigada.
Vou para o quarto da loira e quando entro, vejo Luísa encolhida na cama, como sempre cheia de coberta.
- Ele morreu - Falo chamando a sua atenção - Você me traumatizou para o resto da minha vida.
Luísa quando se vira na cama para me olhar, ela sorri fraco e fica me observando. Vejo que a loira não parece bem, está mais pálida, sua boca quase sem cor, ela parece fraca.
Me aproximo dela e tiro um pouco da coberta do seu rosto. Passo a mão no seu rosto e coloco a minha bocheca na sua.
- Você está gelada, Lu...
- Eu só... não estou bem hoje, Mai.
- Você quer carinho?
- O que?
- Quando Maraisa está doente, eu faço carinho nela - Dou de ombros - Você quer carinho?
- Não precis-
Me aproximo da loira e levo minhas mãos para o seu cabelo, fazendo carinho ali e deito a minha cabeça no seu ombro.
- Eu quero te matar - Sussuro para ela - Mas você está doente, então eu te perdoo.
Luísa fecha os olhos pelo o carinho e sorri sem mostrar os dentes. Mas eu quero falar sobre o livro, mas não acho que a loira queira me ouvir.
- Pode continuar falando, Mai - Ela fala baixinho - Eu gosto de ouvir a sua voz.
Sorrio animada e tiro a coberta da loira, me deitando do seu lado. Luísa me olha assustada e senta na cama. Quando percebo a reação da loira, vejo que eu passei do limite da nossa intimidade.
- Mai...
- Desculpa... é porque estava desconfortável... - Falo devagar - Desculpa, eu saio e-
- Não, não, pode deitar eu só... me assustei.
- Posso mesmo?
- Pode...
Me deito na sua frente e levo minha mão até o rosto da loira, alisando a sua pele. Luísa fecha os olhos com isso e eu sorrio inconciente.
Continuo falando sobre o livro, Luísa presta atenção em tudo que eu falo, me deixando animada. Geralmente quando eu começo a falar muito, as pessoas não prestam atenção, mas a loira está absorvendo cada palavra minha.
- E ele era maravilhoso - Falo pensativa - Você não acha?
Quando viro para Luísa, ela está dormindo com a cabeça no meu ombro e eu vejo que estava falando sozinha a um bom tempo.
- Você eu perdoou - Sussuro para ela e deixo um beijo na sua cabeça - Só por ser você.
Pego a mão da loira e fico mechendo nós seus anéis, ela tem um bom gosto.
Mas meus pensamentos voam novamente, a pessoa misteriosa vai gostar de ler sobre a minha amizade com Luísa, ela é uma pessoa legal, é inteligente e incrivelmente bonita, parece ter saído diretamente de um livro.
A única coisa que me chateia é a pessoa nunca mais me mandar cartas ou fotos, talvez deve ter se esquecido de mim, ou enjoado, mas tudo bem, eu acho que consigo lidar com isso, pelo menos agora eu tenho a Luísa.
Luísa resmunga e abraça a minha cintura, quando acho que ela vai acordar, a loira dorme mais, me proibindo de sair dos seus braços. A única coisa que eu faço é deitar a minha cabeça na sua e dormir junto com ela.
///
- Ninguém deixou nenhuma carta aqui? - Pergunto no correio - Nada?
- Não... na verdade, a pessoa nunca mais apareceu por aqui - A mulher sorri para mim - Mas você pode deixar a sua se quiser.
- Tudo bem... obrigada.
Quando procuro a minha carta, não esta nas minhas coisas, começo a entrar em dessespero, ninguém além pode ler aquilo, ninguém além da pessoa que eu fiz a carta.
- Não está aqui - Falo com a voz embargada - Eu deixei aqui...
- Você pode trazer amanhã, Maiara - Ela tenta me acalmar - Não tem problema.
Concordo com a cabeca e saio do lugar, totalmente chateada, talvez a pessoa só tenha enjoado de mim e talvez eu não seja tão interessante igual eu imaginei.
No caminho as lágrimas descem pelo meu rosto, foram seis meses conversando todos os dias e agora, a pessoa simplesmente enjoou de mim, que ótimo.
Quando estou saindo, escuto alguém me chamando e eu viro para ver quem é.
- Eu li a sua carta - Fernando fala me olhando - Eu fiquei muito feliz que você me respondeu.
- O quê?
- Eu que escrevia para você - Ele sorri para mim - Era eu... o tempo inteiro.
Nunca achei que seria ele, mas faz sentindo, já que nós já tivemos algo. Fico feliz por finalmente descobrir quem é e pulo nós braços do homem.
- Eu escrevia para você todos os dias - Ele fala no meu ouvido - Sabia que você gostava.
- Eu amava... eu amo na verdade, eu amo muito.
Fernando me abraça de volta e beija a minha bocheca, sorrindo o tempo inteiro.
- Você quer dormir lá em casa?
Ele ser a pessoa que me escrevia todos os dias muda tudo, completamente, a pessoa que eu esperei por seis meses.
- Claro...
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Love letters
RomanceCartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel. Todas as cartas de amor são apaixonantes, se não, não existiria motivos para escrevê-las. Luísa se vê a...