Pov Maiara.
Acordo no meio da madrugada e vejo a minha cama vazia, em cinco anos que somos casadas, eu não lembro uma vez que eu dormi sozinha.
Saio da minha cama e vou atrás da minha mulher e quando entro no quarto de hóspedes, sai um sorriso bobo dos meus lábios. Luísa dormindo e Liz deitada no seu peito, com os braços abertos em cima do seu corpo.
Liz e a nossa filha teriam quase a mesma idade, deixaram ela no hospital, no mesmo dia que eu estava de plantão e eu trouxe ela para casa, não para ficar, mas para não dormir no hospital, mas Luísa se apegou nela, até demais.
Me aproximo das duas e deito no ombro da minha esposa, beijando a sua bocheca. É automático, quando Luísa me sente do seu lado, ela se vira para me abraçar e Liz vem junto, virando seu corpinho e abraçando o meu tronco, enquanto Luísa nos junta, deixando a pequena entre nós duas. Meu corpo trava, é estranho a sensação de ter uma bebê entre nós duas, principalmente uma bebê que não é a nossa.
Mas até que é bom...
Fecho meu olhos e passo meus braços pela pequena, beijando a sua cabeça, sentindo seu cheirinho.
- Boa noite, Liz...
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Termino de resolver as coisas no meu computador e desço as escadas da casa, procurando a minha esposa.
- Você não pode abraçar ela - Escuto a voz de Luísa - Ela está um pouco tristinha.
Entro na cozinha e Luísa não me vê, meu coração dói um pouco, quando vejo as duas juntas. Liz deitada com a cabeça no seu peito, com as mãozinhas no seu moletom e Luísa segurando a pequena com um braço e fazendo o café com o outro. Liz olha atentamente tudo que Luisa faz, enquanto escuta o que a loira está falando.
- E nós precisamos cuidar dela - Luísa continua - Mesmo que pareça difícil.
- A mamãe?
- É... a outra mamãe.
Liz concorda com a cabeça e fica quietinha, só observando os movimentos da mão de Luísa. Uma lágrima desce do meu rosto, era para ser a nossa filha, esse momento era para ser da nossa família, mas nunca vai ser, infelizmente.
Me aproximo das duas e Luísa sorri para mim.
- Eu fiz o seu café, amor - Ela fala me olhando.
- Achei que você estava brava...
- Eu estava, mas... eu sei que está sendo difícil - Ela dá de ombros - E eu estou aqui para você, sempre.
Concordo com a cabeça e ela se aproxima de mim, selando nossos lábios. Liz me olha com medo, assustei ela na noite passada, não era essa a intenção.
- Me desculpa, Liz - Falo pegando na sua mãozinha - Eu não queria te assustar.
Liz me olha por longos segundos e se joga nós meus braços, deitando a cabeça no meu ombro. Luísa tenta tirar ela, mas eu afasto as suas mãos.
- Deixa ela comigo - Peço baixinho.
Abraço o seu corpinho e beijo o seu ombro, vejo que Luísa colocou a roupa que era para ser da nossa filha, fazendo as lágrimas rolarem pelo meus olhos. Ela me abraça com tanta força, que é gostoso, sentir o seu cheiro, o seu amor, é gostoso, mas ainda dói e dói muito.
- Pega ela... por favor.
Minha esposa pega a pequena que começa a chorar, me chamando com as mãozinhas, fazendo as lágrimas descerem pelo meu rosto.
- Mai... não chora - Luísa fala limpando meus olhos - Ela só quer ficar com você, está tudo bem.
- Me desculpa...
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Love letters
RomanceCartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel. Todas as cartas de amor são apaixonantes, se não, não existiria motivos para escrevê-las. Luísa se vê a...