Pov Luísa.
- Não está fazendo mais efeito - Doutora Melissa sorri fraco - Mas vamos continuar tentando.
- Como sempre.
- Você vai continuar o tratamento, vamos continuar com a quimioterapia.
- Para não adiantar de nada - Resmungo baixinho.
- Não vai adiantar de nada se você insistir que não vai adiantar de nada, Luísa - Ela fala brava - Estamos todos tentando, mas você tem que tentar também.
- Eu estou tentando mas é difícil.
- Eu sei, mas vai dar certo - A mulher fala me olhando - Voltou o sangramento, mal estar?
- Só depois da quimio - Dou de ombros - Depois eu me sinto bem.
- Isso é bom, significa que a quimio está tendo impacto no seu organismo, nós vamos continuar com essa intensidade e agora vai ser a cada dois dias.
Concordo com a cabeça mas lembro de uma coisa: Tenho uma viagem para ir com Maiara, vamos ficar uma semana fora, não vou conseguir vir para cá.
- Eu tenho uma viagem...
- Você não pode viajar.
- Mas eu...
- Luísa, para você melhorar temos que fazer sacrifícios - Ela me interrompe - Você sabe disso.
Concordo com a cabeça e saio da sua sala, segurando o choro. Não sei como vou falar para a minha namorada, que a viagem que ela mais espera, não vai acontecer, porque eu sou uma doente e não posso fazer nada que eu gosto.
Pego meu carro e fico bons minutos dentro dele, sem dar partida. Odeio ser assim, já estraguei grande parte dos planos da minha família nesse último ano, Maiara está quase desistindo da faculdade por minha causa, Marília disse que se eu piorar, ela vai voltar para a cidade, tudo está saindo dos planos, tudo por minha causa.
As lágrimas começam a descer e eu não consigo controlar o choro, por que isso tinha que acontecer justo comigo? Por que comigo?
Eu estou piorando, isso não é novidade, mas ninguém sabe disso, não vou contar, não quero que chorem sobre meu leito, ou fiquem triste com a minha partida, só quero que vivam a sua vida e não se esqueçam de mim.
Eu sinto que podia ser muito mais, fico triste por ser só isso.
Vou para o apartamento da minha namorada e subo direto. Abro a porta devagar e vejo Maiara apenas de sutiã e calcinha andando pelo apartamento.
- Oi, amor...
- Eu arrumei a sua mala - Ela fala sem me olhar - Você tem muita roupa preta, eu guardei alguns dos seus anéis que você não usa e separei as calcinhas que eu mais gosto.
- Calcinhas que você mais gosta?
- Sim.
Abro a boca para responder mas não saí nada, minha namorada começa a rir e se aproxima de mim, segurando meu rosto e selando nossos lábios.
- A médica deixou você viajar, amor?
Ela está tão animada, seus olhos estão brilhando, não quero estragar isso.
- Deixou, amor...
Maiara sorri animada e me abraça com força, beijando a minha bocheca. Não consigo corresponder essa alegria, apenas abraço ela de volta.
- Seu abraço está solto - Ela fala sem me soltar - O que aconteceu?
- O quê?
- Seu abraço... está largo, você não me abraça assim.
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Love letters
RomanceCartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel. Todas as cartas de amor são apaixonantes, se não, não existiria motivos para escrevê-las. Luísa se vê a...