Pov Maiara.
{ Cinco anos depois...}
- Desculpa fazer a você vir me ver no natal, tia - João fala me olhando - Eu acabei passando mal, mas eu não queria.
- Esta tudo bem - Sorrio para ele - Você não controla essas coisas.
- Ele começou a passar mal depois da quimio - Sua mãe fala vestindo a blusa nele - E nos exames de ontem.
- A quimio está dando resultado - Explico tirando meu jaleco - Ele está ganhando peso, seu corpo está ficando mais quente com facilidade, isso é ótimo.
- Então eu não vou morrer, tia? - João pergunta me olhando.
- Quem te disse isso?
- Meus amigos... eles ficaram rindo porque eu estou sem cabelo.
Me abaixo na sua direção e beijo a sua cabeça, passando a mão no seu rosto.
- Você ainda tem uma vida inteira - Falo olhando nós seus olhos - Você vai melhorar.
- Como a senhora sabe?
- Eu só sei... - Dou de ombros.
Ele me abraça e beija o meu rosto, fazendo eu apertar seu corpinho com força. É cruel ver uma criança com essa doença, dói, ver seus olhinhos sem esperança. Por isso eu estudei o suficiente para poder trabalhar com isso, para levar esperanças até para as pessoas que já desistiram de viver, mostrar que a sua vida tem valor, algo que eu não consegui fazer anos atrás.
Eles saiem da sala sorridente e eu faço o mesmo, sem conseguir parar de sorrir, pelo menos meu trabalho está sendo cumprido com mestria.
Olho para o relógio, vendo que já está perto da ceia e saio correndo para chegar na casa da minha mãe a tempo.
Depois que tudo aconteceu, parece que meus familiares grudaram em mim e não me deixam sozinha por nenhum minuto, me deixando levemente irritada. Meu celular comeca a tocar e já até sei quem é.
- Oi, Lila.
- Cadê você o banana nanica? - Marília pergunta pela chamada - Já está todo mundo aqui.
- Eu gostava mais de você quando você estava no Canadá.
- Mentira que você morou comigo dois anos - Ela fala rindo - Vem logo, está todo mundo te esperando.
///
- A sobremesa está pronta, filha? - Minha mãe pergunta me olhando - Já colocou na geladeira?
- Já, mamãe - Falo entediada - Já fiz tudo que a senhora mandou.
- Maiara... tenta se animar um pouco - Ela fala me olhando - É natal, você adorava essa época do ano.
- Sim, antes de dar tudo errado na minha vida - Falo com a voz embargada - Antes de perder a maior parte de mim.
- Foi dolorido para todos nós...
- Claro... com certeza vocês sentiram a mesma coisa que eu - Falo irônica - Sentiram na pele, o que é perder uma parte de você.
- Você pode tentar novamente.
- Eu não quero tentar novamente - Nego com a cabeça - Nunca mais vai ser a mesma coisa.
Minha mãe beija a minha bocheca e se afasta de mim, indo para a sala, aonde toda a nossa família está, menos uma pessoa, a mais importante de todas, a razão de tudo que eu fiz até hoje.
Não me sinto bem, não me sinto viva, faz bastante tempo que eu não sinto nada, só continuo vivendo. O sentimento de perda é o pior de todos os sentimentos, você se acostuma a ser feliz e tiram toda sua felicidade de você sem poder pedir ela de volta. A dor é tanta que me faltam lagrimas para expressar o sentimento de perda.
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Love letters
RomanceCartas de amor são escritas não para dar notícias, não para contar nada, mas para que mãos separadas se toquem ao tocarem a mesma folha de papel. Todas as cartas de amor são apaixonantes, se não, não existiria motivos para escrevê-las. Luísa se vê a...